FOLHA DE LONDRINA
2| OPINIÃO
FOLHA EM FESTA
Do linotipo aos caracteres da impressão digital, a Folha de Londrina vem há 70 anos contribuindo para a história do jornalismo ético, imparcial e de qualidade. Nesta caminhada teve a colaboração de muitas pessoas e ajudou a transformar a realidade de muita gente. É este o resumo que o Especial Transmídia traz nesta edição comemorativa
(BETA: Este é um projeto da FOLHA DE LONDRINA com novos formatos e experiências em jornalismo imersivo. Uma melhor performance foi verificada em desktop e recomenda-se o acesso com conexões de alta velocidade. Algumas mídias podem ter o funcionamento comprometido em aparelhos móveis. Se encontrar algum erro durante sua experiência, deixe-nos saber multimidia@folhadelondrina.com.br e BOA LEITURA!)
3| MUNDO
Empreendedorismo em dose dupla
Marcos Roman
Folha de Londrina completa 70 anos de uma trajetória marcada pela ousadia e inovação
Ousadia, inovação e empreendedorismo são características marcantes na trajetória da Folha de Londrina. Ainda na segunda metade dos ano 1940, o jovem João Milanez (1923-2009) viajou a São Paulo com pouco dinheiro no bolso e uma grande meta pela frente. A visita à capital paulista tinha um motivo especial: comprar, a prazo, as fontes tipográficas (conjuntos de letras para impressão em papel) que seriam usadas na produção do jornal do qual havia sido convidado para ser sócio-fundador.
A cidade tinha apenas 14 anos de fundação e 17 mil habitantes quando circulou a primeira edição da Folha de Londrina. Nascia no dia 13 de novembro de 1948 o jornal que desde então tem registrado as principais lutas, aspirações e conquistas não apenas da cidade, mas também do Estado, do Brasil e do mundo.
Para colocar o periódico londrinense entre os maiores veículos de comunicação do País, Milanez não mediu esforços. Em busca de leitores, passava a semana toda viajando de ônibus pelo interior do Estado, onde vendia assinaturas de porta em porta. A cada nova viagem ouvia muitas das reivindicações que se tornaram manchetes do jornal e que acabaram resultando em grandes conquistas para todos os paranaenses.
A credibilidade que se tornou uma das marcas registradas da FOLHA ganhou proporções ainda maiores quando o jornal passou a ser liderado por José Eduardo de Andrade Vieira (1938-2015). Ao assumir o comando da empresa em 1999, o novo proprietário colocou em prática toda a experiência acumulada em sua trajetória profissional como empresário, pecuarista, banqueiro e político.
À frente da Folha de Londrina - empresa da qual se tornou sócio em 1992 - imprimiu uma gestão voltada à inovação tecnológica, incluindo atualização do parque gráfico e a informatização da redação. Defendeu a produção de textos de fácil leitura e a cobrança de preços acessíveis nas bancas. José Eduardo ganhou o respeito de repórteres, editores e lideranças políticas e empresariais por garantir uma linha editorial marcada pela imparcialidade e pela liberdade de expressão.
ESPORTES
Da impressão manual ao processo digital
Não se pode contar a história da Folha de Londrina sem citar os seus avanços na parte gráfica. A tecnologia tem sua importância, mas o coração do maior jornal impresso do Paraná continua saindo de mãos preocupadas em levar informação ao leitor
Na década de 1950, mais precisamente em 1954, a FOLHA precisava “de um menino para derreter chumbo”, foi aí que Antonio Gomes Sobrinho, popular “Leitão”, dava os seus primeiros passos na empresa. Aos 14 anos, o hoje senhor de 78 anos conta que, além do linotipo, considerado um marco na história do design do jornal, o composer ainda era muito utilizado. “Tinha quatro máquinas de linotipo, mas ninguém para manuseá-las. Com isso, contrataram alguém de fora”, contou.
Responsável por montar as primeiras páginas, o linotipista revela que por não haver diagramação, as páginas que vinham da Redação eram compostas no linotipo ou criadas à mão, caractere por caractere. Isso gerava estilos diferentes de fontes e tamanhos, não por gosto de quem fazia, mas sim pela necessidade. As capas, por exemplo, demoravam de duas a três horas para serem criadas. Se hoje elas são as últimas a serem fechadas, há 40 anos era o contrário. “Muitas vezes começávamos logo cedo. Se o jornal saísse às 8 da manhã do outro dia, era uma festa”, acrescentou
Em 1978, após 24 anos de casa, Leitão se despediu da Folha de Londrina com a impressão de que o uso das impressoras rotativas - onde a chapa de chumbo era colocada na prensa e por lá nascia o jornal -, e a linotipia, que gerou uma economia de tempo, foram as grandes transformações da sua época. “Se você falar para uma pessoa jovem como funcionava antigamente, capaz dela não acreditar. Quando é que a gente pensou que não ia ter ninguém atrás de uma máquina de escrever?”
A ERA DA DIAGRAMAÇÃO
Ainda nos anos 1970, a FOLHA passou por outra mudança. Findava-se o período de misturas de fontes e tamanhos: era hora da diagramação. E tudo começou por meio de um convite inesperado. Em 1973, trabalhando em uma agência de propaganda e com experiência de ter sido diagramador do Diário do Paraná, em Curitiba, numa manhã de segunda-feira Osires Mathoso foi conversar com João Milanez, incomodado pelo jornal ter arrancado metade de seu editorial para colocar o anúncio de sua agência. “É a opinião do veículo. Achei aquilo um absurdo e fui falar com ele.” Na conversa, a sugestão de que implantassem a diagramação para agilizar o trabalho e não prejudicar o material jornalístico. E a resposta veio com uma oferta de emprego. “Ele (João) me disse: ‘Você sabe fazer isso?’ Respondi que sim. ‘Então comece a fazer’. Fui contratado no mesmo dia”, revelou Mathoso, que sustenta o título de primeiro diagramador da Folha de Londrina.
Mathoso começou então a desenhar os diagramas dos anúncios, as laudas para a Redação, delimitando os espaços para as matérias. Recebia do departamento comercial as dimensões das propagandas. Segundo ele, Walmor Macarini, chefe de redação na época, ficou encantado com a organização das páginas diagramadas, com todas as medidas e cálculos que o serviço pedia. Antes, a oficina não sabia o jeito que o texto iria sair. Agora seria diferente. As suas referências vinham do Jornal da Tarde, em São Paulo, que seria “o mais bonito graficamente”.
O pioneiro na diagramação da FOLHA afirma que praticamente todos os profissionais da área, até o início dos anos 1990, passaram por suas mãos. Muitos deles começavam como office boys e nas horas vagas aprendiam a contar linhas, calcular os espaços e organizar os textos. Entre os profissionais que se lembra, estão Roberto Lisboa (considerado o primeiro “formado” por Mathoso), Artur Boligian e Gilberto Testa.
No final dos anos 1980, a chegada dos primeiros computadores representou uma nova mudança tecnológica. Máquinas com folhas perfuradas, que se traduziam em textos gráficos, eram parte da lauda montada. Até mesmo uma pessoa foi contratada para realizar um projeto gráfico. Só que aquilo não encaixava com o padrão FOLHA de fazer jornalismo. As manchetes e as fotos tinham tamanhos definidos e isso acabou não caindo no gosto da Redação. Voltemos à moda antiga.
Mais forte no início da década de 1990, Mathoso sentiu o mesmo que o linotipista Leitão: medo da máquina substituir o homem e perder a sua importância. Não acompanhou da Redação a transformação gráfica de hoje. Foi aprender só depois, em casa, por seu computador como funcionava. Mesmo assim, 25 anos depois de sua saída, ele ainda consegue encontrar referências suas nas publicações. “Não fugiu totalmente do que fazia. Eu me sinto lá (na FOLHA). O sentimento é de dever cumprido. Eu amo a FOLHA”, resumiu.
FORMATO DIGITAL
Assim como na parte de pré-impressão, o processo de impressão do jornal também passou por sua metamorfose. No passado, os tipos eram tintados e depois colocados na prensa, em uma linha de produção. Os processos de impressão vertical dificultavam a impressão das fotografias, que perdiam qualidade. Nos dias de hoje, o processo manual ainda existe, mas acompanhado por máquinas mais modernas. Recebendo os arquivos em formato digital, a chapa de impressão hoje é gravada digitalmente, em processo CTP (“Computer to Plate”, no inglês). São montadas as torres de impressão, as páginas vão sendo confeccionadas e a “magia” da notícia impressa logo acontece.
Atual gestor da Grafipress, Enizivaldo Onório Pinto, “Brown” como é chamado, lembrou da importância dos computadores e do processo de colorização, em 1992. “Foi um marco da Folha de Londrina. Tivemos acesso a computadores de alta tecnologia logo do início e o processo de colorização foi um marco da Folha de Londrina. Fomos um dos primeiros jornais do País a imprimir em página inteira no fotolito (similar ao papel de foto) digital”.
“Encantado com as máquinas” desde a primeira vez que as viu, o supervisor de artes gráficas Claudinei Forim da Silva já passou por todas as etapas da gráfica. Começando nas páginas pretas, depois com as páginas duas cores, capas coloridas, e frente e verso. A qualidade da impressão é o que ele destaca. “Trabalhar com o fotolito era difícil, porque a qualidade da impressão nem sempre saía como a gente esperava. Com a CTP, a gente vê pelo monitor como vai ficar a página depois da impressão. Então não tem surpresas. Só é importante vermos como está o andamento do processo para não aparecer nada de errado”, garantiu Silva.
Depois da impressão, falta o toque final. É para isso que a expedição continua sendo basicamente um serviço braçal, indo quase que na contramão da evolução.
Em torno de 40 funcionários são responsáveis pela montagem, empacotamento e transporte dos 35 mil exemplares diários, que são entregues em 253 cidades paranaenses. Os novos maquinários, sim, ajudaram no processo, como na rodagem de cadernos intercalados, como o Folha 2, Gente e Classificados. “Essa agilidade exige que a atenção e coordenação do funcionário sejam redobradas. A pontualidade é indispensável. Se não chega no horário determinado, perde a sua função”, observou o supervisor de expedição, Everson Almeida. Realmente, não é fácil produzir um jornal.
5| ECONOMIA & NEGÓCIOS
História de 70 anos construída tipo a tipo
Mie Francine Chiba
De um simples barracão na avenida Duque de Caixas, Folha de Londrina se tornou empresa pioneira no ramo e evoluiu para vender mais do que jornais
Para chegar a cerca de 250 municípios do Estado, com uma atuação de 70 anos, a Folha de Londrina conta com uma estrutura robusta, formada hoje por 350 funcionários diretos e 150 indiretos. Dentro da estrutura física, seus diversos departamentos operam em sinergia com uma missão: fornecer informações com credibilidade e prestar serviços de qualidade.
A matriz da Folha de Londrina nem sempre esteve onde está hoje, no coração da cidade, na conhecida esquina da rua Piauí com a avenida Rio de Janeiro, próximo à Concha Acústica. Ela já esteve na avenida Duque de Caxias, em um prédio de apenas um andar, lembra o jornalista Walmor Macarini, que foi chefe de redação do jornal por 27 anos. “Até hoje o prédio está lá. Um barracão pequeno onde cabia a máquina impressora. Eram 600 exemplares de um jornal de formato pequeno. Lá havia a redação e a sala gráfica, com a impressora rotoplana.”
Depois, o jornal se mudou para uma casa de madeira na Av. Rio de Janeiro. No local também havia um barracão onde funcionava uma impressora rotativa e a redação. Com a construção dos prédios do Conjunto Folha de Londrina e do Edifício Bosque, Milanez alugou parte do primeiro andar dos edifícios em 1957. Conforme outras salas foram sendo locadas, o espaço do jornal foi crescendo até chegar à sua configuração atual.
Como no começo o jornal possuía departamentos no Conjunto Folha de Londrina e no Edifício Bosque, o trânsito entre os prédios era feito pelo lado de fora. Ao levar as matérias da redação, que ficava em um prédio, para a gráfica, que ficava no outro, muitas páginas eram perdidas, conta Macarini. Para evitar mais prejuízo, o jornalista empreendeu uma obra ousada na estrutura do prédio: um “buraco” que levava de um edifício a outro, hoje uma escada que leva do térreo ao subsolo, onde está a MultiTV e departamentos como o Marketing, a TI (Tecnologia da Informação), o Suprimentos e o Recursos Humanos.
Foi no subsolo da FOLHA que Armando Duarte passou dez anos de sua vida. Sua trajetória na empresa teve início em 1961 e seguiu até 1999 quando se aposentou. A primeira função foi unir letras e palavras na máquina de linotipo para dar origem às linhas das matérias do jornal impresso - ele era linotipista. “Eu trabalhava várias horas porque o linotipo trabalhava com chumbo derretido, e em Londrina a energia caía. Então até derreter o chumbo para começar novamente o trabalho no jornal demorava.”
Como recordação, Duarte guarda as matrizes do linotipo e matérias da FOLHA. Algumas continham fotos das antigas máquinas de linotipo, companheiras de trabalho do ex-funcionário. O linotipista se aposentou como programador de anúncios no departamento comercial, onde ficou por 25 anos. “Era eu que determinava o número de páginas do jornal, o tanto de anúncios que saía nas páginas.” Ao se aposentar, Duarte deixou a FOLHA com direito a nota na coluna do Militão, uma placa de prata em homenagem ao funcionário pelos 37 anos de serviços prestados e um relógio de pulso de presente do patrão, João Milanez, itens que guarda com muito carinho.
OFFSET
O jornal foi a terceira empresa do País a adquirir a impressora offset, em 1969, antes mesmo de outros veículos tradicionais de São Paulo e Rio de Janeiro. Na época, Walmor Macarini foi para os EUA para conhecer a máquina e trazer amostras para João Milanez. A impressão feita pela máquina antiga era ruim - mal se podia identificar as pessoas em uma fotografia, afirma o jornalista. “O offset é o sistema de todos os jornais do mundo. A FOLHA foi o terceiro jornal do Brasil a adotar. Primeiro foi o Correio Braziliense, depois o Correio Paulistano. Nem o New York Times tinha ainda. Lembro que o grupo do Zero Hora veio ver como era sistema, porque era novidade mesmo.”
Macarini conta que quando chegaram as máquinas offset da Folha de Londrina a cidade entrou em festa. “Milanez desfilou com as máquinas na cidade, buzinando, com faixas. Eram dois caminhões. Foi uma festa.”
A empresa sempre foi inovadora, observa o jornalista. Cinquenta anos atrás, o jornal já recebia fotografias de Nova York em três minutos. “Já tínhamos Telex. Quando a FOLHA instalou equipamentos de Telex foi uma revolução, porque recebíamos notícias do exterior e também nacionais via Telex e internacionais via teletipo. Era uma máquina de ferro. Era essa máquina danada de grande que ia recebendo as fotos.”
Assim, começava o processo de expansão do jornal por todo o Estado, que abriria sucursais em várias regiões. “Depois que subiu para a (avenida) Rio de Janeiro, a FOLHA tinha sucursais em todas as cidades de importância do Paraná e em São Paulo também. Tinha em Paranavaí, Maringá, Guarapuava, no litoral...”, diz Macarini.
Com a evolução dos sistemas de impressão, foi preciso buscar um espaço maior para comportar as máquinas de offset. Em 1990, foi inaugurado o Parque Gráfico, em um terreno de pouco mais de mil metros quadrados na Av. Dez de Dezembro.
CRESCIMENTO DESAFIOU ROTINA DE COLABORADORES E DEPARTAMENTOS
Com tantas sucursais espalhadas pelo Estado, era agitada a rotina dos motoristas da FOLHA. Nas localidades onde o jornal estava presente, eles buscavam matérias e levavam as edições dos jornais. Laerti Vitorelli, o “Peninha da Folha”, fazia os trajetos em um Fusca ano 1961, e depois em um do ano 1969. Na época, o modelo da Volkswagen era o único que aguentava o “tranco”, conta Peninha. O motorista também acompanhava os repórteres nas suas viagens, como uma feita por Widson Schwartz para cobrir uma chacina em Pitanga. O carro atolava no barro, e até repórteres tinham que ajudar a desatolar o veículo das estradas de chão batido. Para carregar jornais, era preciso tirar os bancos de trás e do lado do carona. Mas quando entrou na FOLHA, Vitorelli fazia os trajetos de bicicleta - ele fazia parte da circulação. Debaixo de sol ou chuva, deixava os exemplares na porta dos assinantes dos jardins Petrópolis e Londrilar.
A evolução dos sistemas de impressão também representou um grande desafio para o setor de suprimentos. Todas as matérias-primas utilizadas na produção dos jornais eram importados. Foi nos anos 1990 que Rosângela Amaral Crosati, gerente de Suprimentos, começou a trabalhar na FOLHA. “A empresa importava toda a parte de matéria-prima, papel, chapas, tintas, peças de maquinários”, diz a gerente, que conta que assumiu o posto de gestora ainda bem jovem e sem nenhum conhecimento sobre importações. “Toda a matéria-prima para a produção do jornal depende da nossa compra em dia. Ou seja, preciso que o produto esteja aqui com o menor custo possível no dia e com qualidade. Você tem que estar muito atenta, é um desafio.
E A INFORMATIZAÇÃO CHEGA AO JORNAL
Ainda nos anos 1990, a FOLHA entrou para uma nova fase, a da informatização. Quando o analista de sistemas Wilmer Muller começou a trabalhar na empresa, em 1990, o departamento de Tecnologia da Informação ainda era o “bom e velho” CPD, o Centro de Processamento de Dados. O CPD se resumia a uma pequena sala dentro do departamento financeiro, que dava suporte aos sistemas da redação e do classificados, os dois primeiros setores a serem informatizados no jornal.
Antes da chegada da informatização, a redação era “visceral”, conta Muller, com todas as suas máquinas de escrever funcionando como em uma orquestra. Nos anos 1990, foram adquiridos os servidores com processador 386 e estações de trabalho 286 equipados com o sistema operacional DOS, tudo top de linha para a época e trazido de fora do País. “O sistema da redação era o XWriter e o do classificados era o CText. Tudo baseado em caractere, nada gráfico. O Windows estava engatinhando ainda.” Segundo ele, a Folha de Londrina foi o primeiro jornal do País a usar o Ctext.
Com o tempo, o CPD passou a se designar Informática, e depois Tecnologia e Inovação. “O papel do setor de TI hoje é inovação”, explica Muller.
As mudanças na Folha de Londrina também aconteceram no setor de Marketing. O arte-finalista Jorge Denis lembra que quando entrou na empresa, em 1988, os anúncios eram feitos à mão. “Era ‘past up’. Era colando papel, recortando com estilete e com caneta de pena mesmo que fazíamos nosso trabalho.” Hoje os processos são todos digitais e os anúncios vão por fibra ótica até a impressão.
FOLHA VENDE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO
“Não vendemos jornal, o que vendemos é conhecimento, serviço, informação”, frisa a gerente de Mercado Leitor do Grupo Folha, Luciana Fontes. O trabalho do setor transcende o serviço de vender assinaturas e levar o jornal a 250 municípios do Paraná. Também envolve engajar o leitor para a importância da leitura e da busca de informações em veículos de credibilidade como a FOLHA. “Temos também outras áreas de apoio, que é a Central de Relacionamento. Ali damos as boas-vindas aos nossos assinantes e explicamos a multiplataforma do jornal. Hoje, temos o assinante com mais acesso ao impresso e aquele que tem mais sinergia com o digital.”
Além de ser multiplataforma, a Folha de Londrina oferece credibilidade diante da onda de fake news. “A importância da credibilidade da informação é muito relevante. Fake news existe, ela está aí, e mais do que formar o leitor em uma leitura crítica, penso que precisamos mostrar as várias vertentes para entender o que é e o que não é fato. Esse é o grande desafio dos jornais hoje.”
DEPARTAMENTOS ACOMPANHAM MUDANÇAS DE PRODUTOS E PROCESSOS
Os sinais dos tempos também puderam ser percebidos em vários setores da Folha de Londrina, inclusive no Financeiro. “Era um processo muito manual na época. Lembro que trabalhava muito com cheques pré-datados”, recorda Rosinei Regina Leite, gerente do setor Financeiro, há 24 anos na Folha de Londrina.
Mesmo o setor de contabilidade da empresa precisou se adaptar à nova realidade do mercado. O que antes se designava apenas como o setor de Contabilidade do Grupo Folha, hoje inclui o controle de todos os processos da empresa em busca da eficiência operacional, conta Paulo Sérgio da Silva, do setor de controladoria. “Com a visão de controladoria conseguimos criar e controlar processos, medir payback, retorno de investimento. Qualquer retração, evolução ou ampliação da empresa conseguimos ter um cenário de forma rápida e saber dentro do timing que ação tomar. No mundo dos negócios, a questão tempo é primordial.”
O principal desafio do setor comercial, que é oferecer ao cliente algo de valor para que ele tenha o retorno desejado por meio de anúncios, é hoje amparado pelas diversas possibilidades oferecidas pelo jornal, na versão multiplataforma. “A FOLHA está sempre investindo em tecnologia, produtos novos para poder servir o cliente da melhor maneira possível. Hoje temos multimídia, transmídia, on-line, produtos diferenciados para oferecer para ele junto com o papel”, observa Valdir Cardoso, executivo de vendas, há 28 anos trabalhando no setor.
CLASSIFICADOS
Mas uma coisa que não mudou é a fidelidade de determinados tipos de clientes aos classificados.
Mesmo com o surgimento da internet, a Folha Classificados sempre teve importância na vida dos londrinenses. Hoje, o serviço também está na web. “O caderno tem um papel importante. É onde os clientes procuram para fazer vendas, locações, contratações, anúncios de governo e até hoje é bem solicitado”, conta Lucimara Fracaro, atendente de vendas. “O classificados ainda é um veículo que dá resultado tanto para quem quer vender, contratar, alugar. Temos clientes fiéis que declaram isso.”
Abrindo caminhos para a mulher no jornalismo
Rafael Costa
Uma das primeiras mulheres do jornal, Rose Arruda diz que precisou dar algumas “cotoveladas” para ser ouvida por autoridades e colegas de profissão
Rose Arruda não economiza elogios ao falar da FOLHA, onde trabalhou entre 1973 e 1985. A ex-repórter, editora e chefe de reportagem se enche de brios ao falar sobre o tipo de jornalismo que teve a chance de fazer naqueles tempos de “distensão lenta, gradual e segura” do regime, mas em que também não se podia fazer perguntas ao presidente. Rose descreve um jornal responsável e corajoso - papel que ela mesma procurava cumprir ao colocar autoridades desprevenidas em saias-justas. Um ministro, indignado diante de uma de suas perguntas atrevidas, teria ido se queixar com João Milanez: “Está parecendo repórter do Rio e de São Paulo!”.
Mas havia outros motivos para briga. Rose, pelas suas contas, foi a quarta jornalista mulher contratada pela Folha de Londrina - antes dela, havia Linda Bulik e Joana Lopes, da página cultural, e Cristiane Lourenço, de quem herdaria a página feminina. Os tempos não eram só de ditadura, mas também de machismo “geral, dominante e absoluto”, nas suas palavras. “Os grandes xingamentos da época eram feminista e comunista”, disse Rose, em uma entrevista à FOLHA em Curitiba.
Nem autoridades nem colegas de profissão pareciam saber lidar com aquela jovem repórter fazendo perguntas como qualquer outro. Rose perdeu as contas dos assédios e desaforos que teve de responder.
“Estamos falando de 44 anos atrás”, diz. “Era uma mulher num mundo masculino - o mundo do poder. Eu conversava e convivia praticamente só com homens. Devo dizer que, para me impor, dei muita canelada, chute e cotovelada.”
A vocação vinha de cedo. Rose gosta de contar que, quando tinha dez anos de idade, já era responsável por puxar muitos baldes de água do poço de sua casa em Jaguapitã - onde cresceu e de onde saiu, sozinha, aos 14 anos. “Para fazer isso, é preciso ter foco, concentração, força e disposição”, diz.
Rose contou ter ficado com fama de durona - de mal-educada, até. “Quando eu comecei a perceber que não seria respeitada e que alguém sempre faria uma gracinha antes de discutir coisas sérias, assumi uma postura rígida”, lembrou. “Nunca pude mostrar fragilidade. Achava que, se mostrasse, estaria abrindo as comportas para mais constrangimentos ainda.”
Para ela, as primeiras mulheres do jornal precisaram abrir caminhos. “Joana, inclusive, era um animal político, uma mulher extremamente comprometida em contestar a repressão. Montou um jornal feminista chamado ‘Brasil Mulher’ em 1975 que já discutia divórcio, sexualidade, direitos femininos - imagine!”, lembra. “Ela discutia política de igual para igual com quem entendia disso. Ao mesmo tempo, tenho certeza de que ela deve ter sofrido preconceito também.”
FUNÇÃO SOCIAL
Depois de começar na página feminina, Rose virou uma repórter faz-tudo. “Fiz enchente, buraco de rua, coleta de lixo, favela”, contou, enquanto percorria uma pilha de fotos amareladas em busca de um retrato seu com a água até as canelas. “Era a brava repórter que ia para tudo quanto é canto”, diz.
Uma história, no entanto, a impressionou em especial. Por volta de 1978, ela viu uma aglomeração no calçadão da Avenida Paraná. À frente do grupo, caminhava um senhor de chinelos, vestindo um pijama de hospital que segurava pelos cordões. Ele perguntava onde ficava a Folha de Londrina, e ela se dispôs a levá-lo. O homem queria fazer uma denúncia contra a polícia no jornal. Procurava por uma tal de Rose Arruda.
“Foi aí que eu me dei conta do que era um jornal”, disse. “Era o que eu entendia como o mais importante de tudo o que eu havia aprendido, desde foca até passar por diversas áreas da redação: a função social do jornal”, contou. “A FOLHA exercitou isso com a maior maestria.”
Rose se sentou e bateu toda a história do homem à máquina, como fazia com tantos que passaram pela redação. Um carro do jornal levou o denunciante de volta para o hospital. “Tudo era matéria”, lembrou. “Era assim que agente vivia.”
Em 1979, ela se tornou editora de Local e, em 1984, foi promovida a chefe de reportagem. Deixou o jornal no ano seguinte e foi trabalhar no governo de José Richa. Seus três irmãos também passaram pela FOLHA - Roldão, Carlão e João Arruda, que foi diretor de redação.
A jornalista, hoje com 67 anos, narra que entrou no jornal como Rose Arruda e saiu “Rose, da Folha” (há ainda o nome de batismo, Rosalina). Entre os assuntos que cobriu, diz que a geada de 1975 a comove até hoje.
6| GERAL
A aventura de correr atrás da notícia
Érika Gonçalves
Dos primórdios à tecnologia, jornalistas veteranos e jovens falam das formas de se produzir o jornal em diferentes épocas. Nos bastidores, motoristas relembram sustos e surpresas
Internet, celular, aplicativos de mensagens, fotos digitais. É inegável quanto o jornalista e o jornalismo se beneficiam da tecnologia, mas nos primórdios da FOLHA isso era bem diferente. O mais antigo jornalista da redação atualmente, Oswaldo Militão, conta que quando chegou ao jornal, em 1956, havia apenas o telefone e um telégrafo. Os repórteres literalmente saíam atrás das notícias, andando pela jovem Londrina, descobrindo fatos e acontecimentos que seriam noticiados. “Eu ia na polícia, no Lions, no Rotary Club, na Santa Casa, prefeitura, na igreja, via se tinha buracos pela cidade.”
Jornalista veterano, Widson Schwartz se recorda que fazer jornalismo ainda era algo bastante complicado nos anos 1970, quando trabalhou na recém-fundada Editoria Regional da Folha de Londrina. “Eram 11 sucursais, o jornal circulava até no Mato Grosso.
O Estado estava em fase de mudança da agricultura. Nos anos 1970 começou a fase de transição do café para as culturas mecanizadas de soja, trigo e fazíamos cobertura de agricultura, de pesquisa de petróleo, (de pesquisa de) urânio, (das) hidrelétricas. Nos anos 1970 éramos desbravadores, havia muitas regiões do Paraná que estavam esquecidas, sem estrutura. Havia pouca estrada pavimentada. Me lembro que para chegar em Pitanga eram seis, sete horas. Itaguajé se gastava três horas. O jornal revelou as necessidades regionais e foi um desbravador nesse sentido, de conseguir realizações. Antes, para se mandar uma matéria por telefone se esperava quatro horas, era precaríssima a telefonia no Paraná. Com a construção de Itaipu isso melhorou. Me lembro que chegou o momento que estávamos em Segredo (Mangueirinha, região Centro-Sul), na beira do rio onde estava sendo construída a hidrelétrica e já tinha um orelhão.”
Ex-editor da Folha Rural, Jota Oliveira brinca que já perdeu as contas de quando começou a trabalhar na redação da FOLHA, ainda na década de 1960, e diz que não saía da estrada. Assim como Schwartz, ele também fazia reportagens para a Editoria Regional antes de ir para a Folha Rural, criada a partir do pedido de vários especialistas na área. Ele era o editor do caderno regional quando ocorreu a Geada Negra, que em 18 de julho de 1975 dizimou os cafezais. Oliveira conta que se lembra de trocar informações com os correspondentes por telefone e que muitos jornalistas de outros veículos chegaram de avião na cidade. “Era muito bom fazer jornalismo naquele tempo. Nós viajávamos muito, dinheiro não era problema. A partir de 1975 o jornalismo mudou, quando aumentou o preço do petróleo. Diminuíram as viagens, as grandes reportagens fora de Londrina”, pontua.
Mesmo com toda a limitação da época, o jornalista Nelson Capucho concorda que fazer jornalismo antigamente, mesmo com mais dificuldade de comunicação e menos fontes de informação e pesquisa, era mais divertido. “Peguei a época do jornalismo romântico, fazia parte da redação os bares aqui perto, íamos para discutir pautas. Também não tínhamos hora, viajávamos muito. Não tinha internet e para apurar as pautas partíamos do arquivo do jornal: livrões e envelopes de imagens. A gente falava com os mais antigos da redação e a partir daí era apurar, ir in loco, usar o telefone, cruzar fontes.”
Tendo ingressado na FOLHA em janeiro de 1966 para ser repórter policial quando ainda era foca - como são chamados os jornalistas novatos -, o ex-chefe de redação João Arruda conta que vivenciou diversas transformações na empresa como a chegada da impressora offset, a substituição das máquinas de escrever pelos computadores e a chegada da internet, que culminou com a criação do Portal Bonde. “Foi um susto a chegada da internet, no sentido de desafio. Como trabalhar com essa celeridade da informação sem perder a credibilidade? Venho de uma época em que essa relação era muito intensa. A FOLHA era uma referência em todos os setores, como é hoje. O desafio era como ampliar isso mantendo a credibilidade e a postura ética. Como todo período de transição histórica você apanha, aprende, não vem fórmulas prontas”, destaca.
Integrante do time atual de jornalistas da FOLHA, o editor Celso Felizardo avalia que o jornalismo hoje é mais focado no dia a dia. Responsável por grandes reportagens, como sobre o desmatamento no Estado e o Rio Tibagi, ele conta que muitos dos dados são apurados previamente pelo telefone, já que não é possível passar muitos dias fora da redação. Entretanto, alguns aspectos humanos da matéria só são possíveis quando se está presente no local.
FUTURO
Editor on-line, Rafael Fantin afirma que a principal diferença entre o jornalismo on-line e o impresso é a instantaneidade da notícia. “Os princípios do jornalismo não mudam, independentemente da plataforma. Tem de ser sempre os mesmos: credibilidade, apuração, ouvir fontes, o contraditório.
Apurar sempre, mesmo que seja rápido.” Para ele, as redes sociais também mudaram a forma como as pessoas consomem as notícias, o que exige que o jornalismo também se adapte. “A forma como entregamos a notícia mudou, mas sempre respeitando os pilares do jornalismo”, destaca.
A repórter do Portal Bonde Fernanda Circhia diz que a rapidez da internet exige que os assuntos sejam apurados rapidamente, mas sempre com cuidado e cautela. “Não precisamos noticiar primeiro, temos que fazer isso quando tudo foi apurado com muito cuidado”, reforça. Outra diferença em relação ao jornal impresso é que a produção geralmente é feita toda pela mesma pessoa, da pauta ao texto, fotos e vídeos.
A chefe de redação Adriana De Cunto acredita que mais do que nunca o papel do jornal será fundamental para a sociedade, levando informação correta e com credibilidade, combatendo as informações falsas. A Folha de Londrina está ciente disso e está se modernizando para acompanhar a evolução tecnológica e social. “Estamos na rua, estamos compartilhando a informação na hora que acontece. A transição vai levar tempo e acho que não vai terminar, sempre tem algo que surge e que os jornais precisam aprender a utilizar.”
NOTÍCIAS QUE MARCARAM
O jornalista existe para servir à comunidade e não há prazer maior do que saber que uma matéria produziu mudanças na vida de alguém. Para a repórter Fernanda Circhia, por exemplo, foi uma matéria sobre trabalhadores que estavam sem receber salário há algum tempo que trouxe este tipo de retorno, quando as pessoas começaram a doar cestas básicas.
Rafael Fantin cita a matéria feita pelo Portal Bonde, que fazia comparação entre uma licitação em Londrina e outra em Maringá como algo marcante. Foi a partir dela que o Ministério Público passou a verificar os valores. “Isso mostra um papel muito importante que a imprensa tem, de fiscalizar a administração pública, os cofres públicos, o que está acontecendo na cidade. A partir daí surgiu uma investigação e o cancelamento da licitação.”
A editora da Folha Rural, Célia Guerra, teve uma experiência marcante quando ainda era repórter do caderno. Foi a pedido de um produtor que a FOLHA foi até a região de Sapopema, onde diversos sítios sofriam com a falta de energia elétrica. Graças a matéria feita por ela, um ano depois o cenário era totalmente outro.
BASTIDORES
Não importa o tipo de matéria, um jornalista nunca vai medir esforços para levar informação de qualidade para os leitores. Mesmo que as fontes não sejam acessíveis, mesmo que seja preciso viajar quilômetros em um mesmo dia, mesmo que seja preciso redefinir a pauta depois de tudo apurado. Os bastidores de uma notícia nunca são conhecidos pelo grande público, mas com certeza rendem muitas histórias nas redações.
Embora sem os nomes nos créditos das matérias, os motoristas são peça muito importante nas redações, já que são eles que muitas vezes, graças à experiência, conseguem achar endereços escondidos e dirigir com rapidez e segurança quando necessário.
Há 16 anos na Folha de Londrina, Jenes de Almeida diz que já passou por momentos tensos durante as matérias, como a vez em que teve de se esconder embaixo do carro durante um tiroteio em um cerco policial.
Zenil Gomes, há 12 anos dirigindo para as equipes de reportagem, também já foi abordado durante uma reportagem sobre um homicídio e teve que sair rapidamente do local, para preservar a integridade sua e da equipe. Em outra ocasião, voltando de Ibaiti, conseguiu minimizar os danos em um grave acidente quando um motorista fez uma ultrapassagem em local proibido. Apesar dos danos no veículo, a equipe saiu praticamente ilesa.
Vander de Silvio Martins é motorista do jornal há dez anos e conta que uma das pautas que mais gostou de fazer foi sobre a Rodovia Transbrasiliana, com seus 280 quilômetros de terra e curvas perigosas. Foi em uma reportagem da FOLHA também que ele teve a oportunidade de conhecer os bastidores do Porto de Paranaguá.
Já o fotógrafo Marcos Zanutto se lembra de uma matéria que foi fazer na Argentina, sobre um jogo de Copa do Mundo entre Argentina e Alemanha. Por causa do resultado da partida, segundo ele, os agentes de imigração tentaram segurar a equipe no outro país e foram momentos tensos.
Muitas vezes o jornalista vira notícia. Isso aconteceu com a FOLHA em 25 de abril de 2000, quando um incêndio no prédio do jornal não foi empecilho para que a edição do dia seguinte estivesse nas ruas, como lembra Jota Oliveira.
Pedro Marconi
O jovem repórter Pedro Marconi também faz parte da história dos bastidores da notícia. Há sete anos ele ingressou na Folha de Londrina como estagiário para auxiliar o office boy da redação. Foi efetivado e, posteriormente, convidado para trabalhar no departamento de imagem na redação. Pela convivência com os jornalistas, ele decidiu cursar comunicação e, recentemente, assumiu uma vaga na equipe de reportagem. “Era o que eu almejava, lutei para isso. Só não imaginava que iria ser tão rápido!”
7| CIDADES
Bons e velhos amigos
Pedro Marconi
É com horário marcado, às 9 horas, quando o contabilista aposentado Sizenando de Almeida, 90, pega o jornal para ler. Morador de Rolândia (Região Metropolitano de Londrina), ele tem um espaço especial para leitura, que é diária e sempre após tomar seu café da manhã. Apaixonado pela família, tem em seu apartamento no centro da cidade retratos espalhados. É no meio desta sala, iluminada pelos raios do sol que passam pela cortina de uma grande janela, que ele recebe a Folha de Londrina diariamente como se fosse um velho amigo.
Almeida é assinante da FOLHA desde 1950. Natural do litoral paulista, mudou-se para Rolândia após o convite de um primo. Encantou-se com o vasto café da região durante férias no período do Carnaval. No Norte do Paraná montou um escritório de contabilidade, a Organização Record. Sua empresa foi a primeira de Rolândia a assinar a ainda jovem Folha de Londrina. “O João Milanez, apesar de ser o proprietário, era dinâmico e ia para os lugares onde tivessem possíveis assinantes. Cidadão simpático, ele veio me oferecer a assinatura quando estava com o escritório aberto. Mantenho até hoje (a assinatura), graças ao bom Deus”, relembra.
Organizado, ele, que tem quatro filhos e sete netos, guarda o comprovante de sua primeira assinatura, rubricada pelo fundador do jornal. “Precisava saber das notícias e na região o único jornal que tinha era a Folha de Londrina”, afirma ele, que gosta de separar, guardar e grifar as matérias que mais lhe chamam atenção. Atuante na sociedade rolandense, conserva com carinho publicações que citam seu nome.
Viúvo há cerca de um ano e meio, Sizenando Almeida faz da FOLHA sua companhia. Com o avanço da idade, a leitura tem sido mais geral, porém sem perder o carinho que tem pelo maior jornal impresso do Paraná. “A Folha de Londrina é um amigo permanente. Sinto falta quando, por um acaso, acontece algum problema de não chegar, o que é muito difícil”, valoriza. O gosto por folhear um jornal é tanto que no passado fundou uma publicação em Rolândia, que por muitos anos levou informações da cidade a seus habitantes. “Não é fácil manter um jornal. A Folha de Londrina é um milagre, porque muitos jornais em todo o Brasil estão acabando”, pontua.
‘OBRIGAÇÃO’
A rotina de leitura da FOLHA se repete em outros milhares de lares de assinantes de diversas cidades do Paraná, seja na versão impressa ou digital. Na casa de Taketoshi Miyamura, 81, londrinense de nascimento e um dos pioneiros de Londrina, a preferência é pelo jornal impresso. No início da Folha de Londrina ele foi colaborador da seção de palavras cruzadas por 24 meses no Caderno 2, que depois tornpu-se Folha 2.
Segundo ele, o convite para participar dessa parte do jornal veio de Nilson Rimoli, então diretor de redação, quando estudavam juntos no curso de direito, umas das únicas graduações que eram ofertadas no período pelo então Grupo Escolar Hugo Simas. “Via o sol nascendo xadrez de tanto quadriculado de cruzada que fazia”, brinca. Miyamura tem um álbum com todas as palavras cruzadas que produziu e foram publicadas na FOLHA. “Datilografava as cruzadas e levava diariamente pela manhã na sede do jornal”, conta.
A relação de amizade dele com a Folha de Londrina também é longeva na assinatura. São 63 anos recebendo o impresso na residência. Primeiro nissei a trabalhar no Banco do Brasil da cidade, fez carreira na instituição, onde se aposentou. Pai de cinco filhos, é fã incondicional de golfe, que pratica com frequência e tem dezenas de troféus ornando seu escritório. Por 15 anos jogou tênis. Para manter a mente ativa, gosta de preencher sudoku. Uma vez por semana tem aula de computação.
Em meio ao avanço da tecnologia, Miyamura não abre mão de sua primeira ‘obrigação’ do dia, como ele mesmo gosta de dizer. “A FOLHA, para mim, é indispensável. Toda manhã acordo, pego o jornal, preparo meu café e vou ler a Folha de Londrina. É necessário a pessoa acompanhar o noticiário. A televisão é boa também, mas tem que ver aquela hora pois ao contrário perde. O jornal pode programar para ver quando mais conveniente. Fiz e faço questão de continuar assinante todo esse tempo.”
HÁBITO DE FAMÍLIA
Na residência de Masaji Numata, 90, o interesse pela leitura da Folha de Londrina já trocou gerações. Nascido no Japão, mudou-se para São Paulo e posteriormente para Londrina por convite da Companhia de Terras. Foi a empresa de capital britânico, colonizadora do município, que subsidiou o deslocamento, oferecendo a terra vermelha do Norte paranaense para diversos nipônicos que queriam uma nova vida na América Latina.
Sua primeira moradia na cidade foi na região do jardim Shangri-lá, onde se acomodaram aproximadamente 20 famílias, formando uma colônia japonesa. Foi pela FOLHA que encontrou uma maneira de desenvolver melhor a comunicação pela língua portuguesa, já que ele e a esposa, Elza Mioko, dominavam apenas o japonês. “E ajudou bastante ler a Folha de Londrina. Chama minha atenção a parte de coluna social e economia. Também gosto dos falecimentos, pois sai os nomes dos conhecidos”, elenca. “Pessoa de idade tem que saber quem faleceu”, acrescenta. A leitura é sempre acompanhada de uma xícara de café feito pela esposa.
Com o jornal presente em seu dia a dia há décadas, uma das duas filhas, Marcia Numata Ueda, também cultivou o hábito de ler e assinar a FOLHA. “Quando era criança a professora fazia uma caixa de papelão e tínhamos que levar recortes para leitura. Como tinha a Folha de Londrina em casa, levava para mim e meus colegas”, recorda. “Tenho que ter o jornal em casa e ser a primeira a ler, de ponta a ponta, antes mesmo do meu marido. É preciso estar atualizado e acho a FOLHA completa”, ressalta a dona de casa.
Agora, ela também incentiva a filha, de 15 anos, a usar a Folha de Londrina como material de apoio na escola quando necessário. As gerações que fizeram e fazem parte da história do jornal continuam escrevendo novos capítulos desta duradoura e afetiva relação de amizade da FOLHA com seu leitor.
COM A PALAVRA, LIDERANÇAS
“Cresci lendo a FOLHA e isso, com certeza, teve uma grande influência no desejo que tive de participar mais ativamente da vida da cidade. A Folha de Londrina não é apenas um jornal, mas também sonha com uma cidade melhor”
Marcelo Belinati (prefeito de Londrina)
“A Folha de Londrina faz parte do patrimônio da comunicação. Um jornalismo livre e sério do Paraná. Teve e tem tido a função de ser o olho clínico da sociedade paranaense. Que possa continuar cada dia mais se fortalecendo”
atinho Junior (governador eleito do Paraná)
“Tantos profissionais competentes passaram e estão na Folha de Londrina, levando as notícias com textos impecáveis. Um jornal que contribui para que a população tenho acesso à informação”
Cida Borghetti (governadora do Paraná)
“Poucas empresas conseguem chegar aos 70 anos, ainda mais com a credibilidade e o reconhecimento que tem a Folha de Londrina. Acompanho desde que nasci. Ainda criança liamos todos os dias a FOLHA, prática que ainda temos”
Alex Canziani (deputado federal)
“Desejo muito sucesso e que continue levando à frente este trabalho maravilhoso que foi feito nos últimos 70 anos. Que o trabalho prossiga com muito amor à nossa terra, que é uma marca registrada da Folha de Londrina”
Ary Sudan (vice-presidente da Fiep - Federação das Indústrias do Estado do Paraná)
“A Folha de Londrina é um dos principais meios de comunicação que temos em nosso País. É o maior jornal produzido com sede no interior do Estado em todo o Brasil. Todos nós, cidadãos paranaenses, temos uma gratidão com a FOLHA”
Tiago Amaral (deputado estadual)
“Falar da Folha de Londrina é falar da história do Norte do Paraná. Londrina cresceu junto com a FOLHA. Minha família chegou na cidade na década de 1930 e desde que começou a Folha de Londrina lemos todos os dias”
Luiz Carlos Hauly (deputado federal)
“A história de Londrina e da Acil se confunde com a história da FOLHA. Não só como veículo de informação, mas participante de todos os movimentos da cidade desde que surgiu. Um dos grandes ícones da cidade” -
Cláudio Tedeschi (presidente da Acil - Associação Comercial e Industrial de Londrina)
8| FOLHA 2
Vidas transformadas pela notícia
Lais Taine
Em 70 anos, muitas histórias foram contadas pela FOLHA, mas algumas tiveram continuação surpreendente
Quanta história é possível contar em 70 anos? Diariamente, a FOLHA permite que os leitores se conectem à realidade os levando a conhecer vidas muito distintas. Algumas delas sentiram o impacto que uma publicação pode exercer quando o leitor permite se deixar levar pela sua característica mais intrínseca: humanidade. Das histórias que não finalizaram no ponto final da matéria e dos leitores que ultrapassaram o passar de olhos, conheça alguns personagens que tiveram a vida modificada após uma divulgação na FOLHA.
NOTÍCIA BOA
O telefone tocou na casa da família Melo da Silva dias depois da publicação da matéria, em janeiro de 2015. Do outro lado da linha, um médico interessado em saber sobre o rapaz que, apesar das dificuldades, conquistou a aprovação no concorrido vestibular de Medicina da UEL (Universidade Estadual de Londrina).
Sávio Aparecido Melo da Silva, 22, foi personagem da FOLHA ao falar sobre foco nos estudos. De escola pública e pouca oportunidade, os pais largaram tudo em Florestópolis (80 km de Londrina) e vieram a Londrina apostando no futuro do filho. A mãe, auxiliar de limpeza, o pai, pedreiro, fizeram o que podiam para pagar o curso pré-vestibular. Toda essa estratégia deu certo. Com essa história, Sávio saiu no jornal.
Do outro lado, um médico anatomocitopatologista, Antônio Camata, 72, seguia sua rotina. Pegou o jornal como fazia todo dia e deparou-se com a história de Sávio. A leitura foi arrebatadora. “Foi em um sábado pela manhã que eu li essa matéria e achei muito interessante. Na segunda-feira, liguei para a redação procurando algum contato da família, quando disseram que ele era filho de uma funcionária”, lembra o médico com voz embargada.
O motivo do contato: propôr a doação de um valor mensal durante todo o curso de Sávio. “Se alguém me toca, eu procuro ajudar. E me tocou a matéria”, sensibiliza-se. Ele e a filha, Ariana Camata, 45, contribuem juntos há quatro anos com a promessa de seguir até o final. “Nunca na vida esperava que alguém me ligasse. Eu falo que Deus me abençoou muito na vida, e eu quero retribuir de alguma forma”, diz o estudante, que vislumbra repetir o ato no futuro.
Sávio vai iniciar o quinto ano de medicina com bom desempenho e finalizando o curso de inglês, uma das poucas exigências dos doadores. A iniciativa vem de quem teve que trabalhar enquanto estudava. “Pela minha dificuldade de formar, me sinto no dever de ajudar alguém”, comenta o médico, desculpando-se pela emoção. Hoje, deseja apenas que o rapaz viva a faculdade com a intensidade que ele não pode.
Camata é modesto, foi a primeira vez que aceitou contar essa história ao jornal. Acredita que não é nada de mais e que muitos empresários poderiam repetir o gesto. “Não faz diferença no nosso ganho, mas, com certeza, faz para ele.” Em contrapartida, Sávio, menino de sorriso largo, presta contas mensalmente sem ser exigido.
Da relação que começou com uma matéria de jornal, sai uma amizade autêntica, que cobra, aconselha, protege e ensina. Aprendizado para a vida toda que não tem universidade, nem diploma.
NASCEM TRÊS
A criança segura a FOLHA de 24 de julho de 2007 nas mãos e lê: “Casal comemora nascimento de trigêmeos”. Gabriel, Giovana e Rafael completaram 11 anos e pela primeira vez leram a matéria em que foram personagens. “Eu achei legal”, comenta Rafael. “Acho que somos famosos”, brinca Gabriel. Giovana ri, tímida pela situação.
A chance de trigêmeos serem fecundados naturalmente era de uma a cada 10 mil. “Era um fato raro de acontecer, sem tratamento algum e também por eu ter levado a gravidez até quase o final e ter dado tudo certo”, justifica a mãe, Roseli Nascimento Pereira, 40.
Com uma filha mais velha, Larissa Nascimento Pereira, 20 (de 9 anos na época), o casal esperava ter mais um filho. “Mas vieram três. A gente não tinha condição, a vida era difícil, eu era empregada doméstica, a gente não estava muito bem no emprego, pagava aluguel”, conta Roseli.
Essa situação também foi destacada pelo pai, Edson Pereira dos Santos, 40, naquela reportagem. Disse que estava preocupado e que a esposa não poderia mais trabalhar. “Foi uma surpresa, foi um susto enorme”, relembra o caso que o deixa emocionado.
Isso porque o casal não esperava que a matéria tivesse retorno. No rodapé do texto, um telefone de contato para quem pudesse ajudar a família. “Apareceu gente de várias cidades que até hoje a gente não conhece. Praticamente os três primeiros anos das crianças foram de doação”, relembra a mãe.
As doações foram além das fraldas e custos com alimentação. A casa em que vivem hoje, em Ibiporã, cidade de origem, também foi um presente recebido no primeiro ano dos trigêmeos. Nela, contam a alegria de ter uma família grande, apesar das dificuldades. “Até hoje a gente não pode dar tudo o que gostaria, mas tivemos muita ajuda, não podemos reclamar”, conta o auxiliar de manutenção.
Roseli também já voltou a trabalhar. A empregada doméstica é só sorrisos e agradecimentos por tanta ajuda que receberam. “Se não fosse por isso, a gente não estaria hoje assim, caminhando, com eles todos bem”, finaliza.
Rafael, Gabriel e Giovana ouvem em silêncio a história dos trigêmeos que saiu no jornal. Parecendo agora entender sobre o que se trata, abraçam os pais no fim da entrevista como quem diz: “está tudo bem”. Onze anos separam fato e lembrança e, se o tempo não para, a história continua. Fica o desejo infantil de trazer um dia uma nova manchete na FOLHA, completando o ciclo dos bons motivos.
UMA NOTA DOMINICAL
Em 1983, uma nota na coluna do Oswaldo Militão dizia “Amanhã terminam as inscrições para bolsa de estudos no Japão”. Com essa informação, o sonho de Edson Kenji Takaki, 61, voltou à tona. “Durante a faculdade de Medicina, eu li sobre um médico no Japão que começou a fazer microcirurgias e conseguia reimplantar membros. Esse sempre foi o meu sonho. Com meus pais totalmente descapitalizados, eu fiz a residência em cirurgia vascular, mas não era isso que eu queria”, conta.
A nota no jornal mostrava uma chance. No mesmo dia entrou em contato com a Universidade de Tóquio, falou com o médico especialista na área e disparou até Curitiba para fazer a inscrição. Foram oito viagens à capital até a resposta final. “Eu ganhei essa vaga através de uma nota no jornal. Ninguém sabia, nem no hospital, nem na universidade”, conta.
Não era o seu primeiro contato com a FOLHA. Em 1975, a fazenda em que morava tinha o jornal como única fonte de informação. “Foi pela FOLHA que eu tomei conhecimento que havia passado no vestibular. Foi a primeira notícia boa que eu tive por meio da FOLHA e foi muito boa, porque meus pais plantavam café e tinham perdido tudo na geada”, recorda.
Onze anos depois dessa primeira notícia, voltava do Japão especialista em cirurgia de mão, cirurgia plástica e microcirurgia reconstrutiva. Operações inéditas na região permitiram que muitos pacientes mutilados pudessem ter os membros reimplantados. “A FOLHA publicou alguns casos. Além da notícia em si, era mostrado como devia ser feito. Eu lembro que tinham ilustrações explicando e isso possibilitou que médicos tivessem acesso a informações e que também mandassem o paciente e membros em condições que pudessem ser operados”, afirma.
Na redação, muitas cartas elogiando a atuação do médico. Pelo trabalho inovador na região e por trazer de volta a dignidade de muitos trabalhadores que perdiam as mãos em acidentes de trabalho, Takaki recebeu, em 2009, o título de Cidadão Honorário de Londrina. Na ocasião, enviou um convite para o Militão com uma carta agradecendo aquela nota de 1983.
Takaki recebeu, em 2009, o título de Cidadão Honorário de Londrina
Trabalho destacado desde os estudos no Japão. Em três anos de especialização, trabalhando 16 horas por dia, Takaki foi convidado a continuar em uma das maiores universidades do mundo. A lembrança o emociona, pois apesar do reconhecimento e toda oportunidade que teria no Oriente, teve que negar o convite para cumprir seu compromisso aqui. “Isso me emociona, porque eu tinha uma missão aqui”, fala entre pausas.
Ao jornal, agradece por ter lhe dado a oportunidade de fazer boas escolhas. “Hoje eu acho que fiz a coisa certa. Eu vivo cada momento da minha vida pensando que se eu morrer neste instante, está tudo certo. Eu fiz o melhor que eu pude”, finaliza com um sorriso honesto e coração aberto.
MAURÍCIO DE SOUSA E SUA RELAÇÃO COM A FOLHA
“Londrina estava na segunda rota de prospecção para negociação das tiras. A primeira rota era o interior de São Paulo que eu mesmo fazia. De ônibus. Nos dias que sobravam depois de desenhar as tiras para uma semana. Na segunda rota ia meu pai mantendo contato, nas redações, com os proprietários ou redatores chefes dos jornais. Deixava clichês (material fundido para impressão das tiras) para o mês e voltava para substituí-los 30 dias depois. Os pagamentos eram feitos no mês vencido. A publicação das nossas tiras e tabloides (páginas semanais) foi vital para a história do nosso estúdio. Começando por São Paulo, passando pelo Paraná (Londrina) e se estendo para o sul, nordeste, norte, até chegarmos a cerca de 400 jornais em um período de 4 anos. Foi o impulso para podermos chegar à revistas, aos desenhos animados, aos parques temáticos, à nossa realidade de hoje. Obrigado, Folha de Londrina, que acreditou em mim perto do início de carreira”
9| POLÍTICA
FOLHA, pronta para o futuro
Vitor Struck
Combate ao analfabetismo funcional na promoção e no exercício da cidadania deve empregar ainda mais tecnologia na prática do jornalismo do Grupo Folha
Se até o mais pessimista dentre os pessimistas fosse consultado para prever quais seriam os desafios de se exercer o bom jornalismo em 2018 provavelmente não chegaria perto da realidade. Dificilmente alguém poderia dizer que o casamento entre o jornalismo e redes sociais como o WhatsApp, que ainda nem completou cinco anos, seria estremecido por quem pretende não apenas difundir a mentira, mas trazer sobre quem defende a informação bem apurada o ônus da dúvida. Um golpe sobre sua credibilidade.
É em meio a este cenário que a Folha de Londrina atravessa o seu septuagésimo aniversário, contrabalançando a felicidade que muitos jornais não tiveram - e hoje só existe nas memórias de seus jornalistas e leitores - com a missão de fazer este contador de histórias reais não desanimar de suas sólidas convicções.
Seguindo na contramão das notícias negativas sobre quem faz notícias, uma das principais bandeiras destacadas por Alessandra Andrade Viera, diretora do Grupo Folha de Comunicação, é o combate ao analfabetismo funcional.
“O jornal é uma ferramenta indispensável para conseguir esse entendimento porque ali você tem uma leitura dinâmica atual e que não é cansativa, várias opiniões e interpretações às vezes de um mesmo assunto”, avalia.
Nesse sentido, a diretora pensa que, em um mundo cada vez mais complexo, apenas saber o que está acontecendo não é o suficiente. “Não basta ler, é preciso conseguir interpretar, analisar, e eventualmente até conseguir formar uma crítica ou questionamento sobre um fato”, afirma.
Eis que os leitores da Folha de Londrina se deparam com outra bandeira do jornal, presente no programa Folha Cidadania, destinado às crianças que estudam nos últimos anos do ensino fundamental.
“É para que justamente eles consigam desenvolver o senso crítico de leitura. Já passamos para eles que, mesmo sendo ainda crianças, precisam se habituar a querer saber o que está acontecendo e procurar uma forma de se envolver. Inclusive nesse programa tivemos vários concursos de redação e você fica impressionado com a vontade dessas crianças de realmente participar e entender a importância deles na comunidade”, comemora.
Já nos EncontrosFolha, lembra o superintendente do Grupo, José Nicolás Mejía, a missão da empresa é colocada em prática com os adultos.
“Temos impulsionado muito o debate sobre questões relevantes para o desenvolvimento do nosso Estado e da região e isso tem trazido de bom ao cenário a necessidade do envolvimento entre as lideranças públicas e privadas de trabalharem em conjunto com a sociedade civil organizada e o Poder Público para buscar esse desenvolvimento”, afirma.
Mejía lembra que foi assim com a criação do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), da própria UEL (Universidade Estadual de Londrina) e no apoio ao Londrina Esporte Clube. Situações históricas em que a FOLHA se envolveu diretamente não faltam.
Além disso foi necessária uma simbiose ainda mais intensa entre diretores, editores, jornalistas e demais funcionários no combate ao ambiente de desinformação virtual instalado com ainda mais força em 2018. O superintendente considera as consequências das notícias falsas algo muito sério. Entretanto, já que elas existem é preciso criar todos os mecanismos necessários para se combatê-las.
“É algo que vai existir lamentavelmente e faz parte da democratização que a internet veio trazer na comunicação. O mais importante é que a população saiba onde buscar as informações. Isso é também fazer a conscientização sobre o que compartilhar nas suas redes porque sempre existirão fontes de informação fidedignas com a verdade”, avalia.
SEGUIR COM AS BANDEIRAS HASTEADAS
Questionados sobre o que os próximos anos de jornalismo diário guardam, a conclusão é de que não é possível separar os leitores de suas mídias preferidas das narrativas que os agradam mais. Menos ainda o futuro da FOLHA deve deixar de seguir a fórmula já colocada em prática do ponto de vista editorial.
“Hoje nós temos um desafio muito grande que é a separação entre um público que é totalmente fiel ao jornal impresso e outro já totalmente fiel aos transmídias e as outras formas de consumir esse conteúdo. Então eu não tenho a menor dúvida de que nós teremos uma presença muito grande. De que forma exatamente eu não sei dizer porque quando eu mesma, há 20 anos, começava a ouvir falar em internet, nunca imaginei que iríamos chegar onde estamos hoje”, confessa Alessandra.
Para o superintendente esta é uma maneira formidável de se trabalhar. “Hoje a tecnologia está a serviço do jornalismo. O nosso compromisso é com o bom jornalismo, com qualidade e responsabilidade. E acho que este é o nosso diferencial. Buscamos sempre o interesse do nosso leitor ao conectar questões de influência regional e temas até internacionais buscando sempre o que isso tem de interesse para a nossa região”, afirma Mejía.
Mas mesmo com os necessários investimentos em tecnologia, os leitores mais antigos, fãs do papel, não precisam temer o fim da edição impressa.
“Visualizamos um jornalismo mais factual durante o dia, por meio de mídias digitais principalmente o mobile, e um jornalismo um pouco mais analítico, mais opiniativo com a mídia impressa, que demanda um pouco mais de leitura e análise”, avalia Mejía.
Nas pautas de um futuro ainda incerto sobre a prática do jornalismo, o pessimismo é que não deve se aproximar desta redação.
“O que eu tenho certeza é isso, que a simbiose vai crescendo e a energia vem junto”, conclui Alessandra.
EXPEDIENTE
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- FOLHA DE LONDRINA - NAS BANCAS DESDE 13 DE NOVEMBRO DE 1948
- DATA DE PUBLICAÇÃO
- 17 de Novembro de 2018
- TEXTOS E PESQUISA
- Edson Neves, Érika Gonçalves, Laís Taine, Lucio Flávio Cruz, Marcos Roman, Mie Francine Chiba, Pedro Marconi, Rafael Costa, Vitor Struck, Celso Felizardo, Fabio Galão, Fernando Buchhorn Jr., Isaac Sitta Fontana, Patricia Maria Alves
- FOTOGRAFIA
- Anderson Coelho, Fábio Alcover, Gustavo Carneiro, Marcos Zanutto, Patrícia Maria Alves, Ricardo Chicarelli
- VÍDEOS
- Anderson Coelho, Gustavo Carneiro, Marcos Assi, Marcos Zanutto, Mariana Tocci, Patrícia Maria Alves, Ricardo Chicarelli, Wilson Schimidt
- ANTES E DEPOIS
- Anderson Coelho
- TIMELINE INTERATIVA
- Fernando Buchhorn Jr.
- IMAGENS HISTÓRICAS:
- Arquivo FOLHA, Museu Histórico de Londrina
- ARTE E TRATAMENTO DE IMAGENS
- Patrícia Sagai, Jose Marcos, Folha Arte
- DIAGRAMAÇÃO (IMPRESSO)
- Anderson Mazzeo, Gustavo Andrade, Junior Zamuner
- DESIGN (WEB)
- Patrícia Maria Alves
- EDIÇÃO DE TEXTOS
- Célia Guerra , Gisele Mendonça
- EDIÇÃO SITE:
- Erick Rodrigues
- PRODUÇÃO/EDIÇÃO MULTIMÍDIA
- Patrícia Maria Alves
- APOIO LOGÍSTICO
- Sérgio Fávaro, Zenil Costa, Vander de Silvio Martins, Jenes de Almeida
- SUPERVISÃO DE PROJETO
- Adriana De Cunto (Chefe de Redação)
- AGRADECIMENTOS
- MultiTv Cidades, Banda Londrina Hot Club pela cessão da música, e a todos os entrevistados que receberam com carinho as equipes de reportagem, aos ex-funcionários e a toda equipe da redação da Folha de Londrina
- 17 de Novembro de 2018