Londrinense lembra de contaminação pela Covid-19: ‘dias terríveis’
Elaine Garcia Gradi faz parte dos 90% de pacientes que conseguiram se recuperar da doença na cidade
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
Elaine Garcia Gradi faz parte dos 90% de pacientes que conseguiram se recuperar da doença na cidade
Pedro Marconi - Grupo Folha
Cerca de 90% dos pacientes diagnosticados em Londrina com a Covid-19 conseguiram se recuperar. A autônoma Elaine Garcia Gradi, 34, faz parte deste percentual. Mas até ser considerada recuperada da doença, foram dias de angústia, dor e incertezas. Os sinais começaram a aparecer em 17 de maio, com febre chegando a 39º. Procurou a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do jardim Sabará, onde colheu exame para o coronavírus.
Os sintomas foram se agravando, com tosse e dificuldade para respirar. “O resultado só iria sair uma semana depois. Temia pelas minhas filhas, que continuavam em casa e não tinha como me isolar totalmente, não tem um quarto separado. O que fiz foi me isolar na sala”, relembrou Gradi, que é mãe de Isabely, 10, e Lara, 4. “Inicialmente me indicaram Tamiflu, pois, poderia ser H1N1”, acrescentou a moradora da zona norte da cidade.
Mesmo em isolamento e tomando remédios, a situação foi piorando ainda mais ao longo dos dias, sendo necessário internamento na própria UPA e, posteriormente, na enfermaria do HU (Hospital Universitário). “Não conseguia dormir, comer. Quando veio o resultado positivo (para coronavírus) o ‘chão abriu’. Enquanto não se tem certeza, imaginamos que pode ser outra doença. Pensava que iria morrer e temia pelas minhas filhas, delas terem tido contato”, relatou.
FÉ
Os pulmões acabaram tomados pela infecção. Foram cinco dias hospitalizada e pouco tempo depois de atravessar uma dengue severa. “O medo tem a mesma proporção da doença. A médica falou que a situação era grave, que caso não melhorasse teriam que me colocar no respirador”, lembrou. Diante de toda essa tribulação, outro baque, o marido, Rodrigo Carvalho Gradi, 42, também foi confirmado com a Covid-19. “Tinha medo do meu esposo ficar ruim e não ter como cuidar das nossas filhas.”
O financeiro foi outra aflição, já que o casal é autônomo e depende do próprio trabalho para sustentar a casa. Religiosa, Elaine Gradi se apegou na fé para superar todos os desafios. “Foi Deus na nossa vida e muita providência. Meu marido conseguiu ficar com as meninas, meu organismo reagiu bem a uma das medicações. Sirvo a Deus e Ele é maior na minha vida, tinha que acreditar nisso. Amigos rezaram por nós”, agradeceu.
ISOLAMENTO
Ao todo, o isolamento durou 35 dias, entre permanência no hospital e em casa. As filhas não foram testadas, entretanto, também não apresentaram sintomas. Curada, conviveu e ainda continua vendo uma outra vertente de quem é infectado com o novo coronavírus, o preconceito. “Falta informação. As pessoas sabem o que é a Covid-19 e pronto. Não sabem como é se contrair, os cuidados”, comenta.