Imagem ilustrativa da imagem Crianças londrinenses ‘curadas’ do câncer celebram chegada de  2021
| Foto: Divulgação - ONG Viver

Do chão que desaba à alegria de ver o filho curado. O filme que se passa na cabeça de três famílias londrinenses tem começo, meio e recomeço. Elas acabam de receber a notícia de que os filhos tiveram alta do tratamento do câncer, iniciado há cerca de cinco anos no HCL (Hospital do Câncer de Londrina).

Um presente que marca a chegada de 2021 e o início de uma nova etapa na vida de cada um. A notícia mereceu uma pequena comemoração pela equipe da ONG Viver, onde as crianças e seus familiares passaram por momentos de angústia, mas também de muitas alegrias ao longo desses anos.

“Tem um significado diferente porque eu os acompanhei desde o início. É um misto de alegria e agradecimento a Deus vê-las bem. São crianças que passaram por um processo muito doloroso e, muitas vezes, sem entender. A doença em si tira muito da família, a questão escolar das crianças, o contato de seus entes mais próximos. Elas vivem durante o processo de tratamento, o isolamento que a gente tem vivido com a pandemia”, comenta a assistente social na ONG, Tatiane Simões Maia.

Em geral, os pacientes com câncer passam pelo tratamento e nos anos seguintes seguem fazendo um acompanhamento. “A gente diz que a criança está curada após cinco anos de acompanhamento. É cada ano que a criança vai sobrevivendo a todas as sequelas e problemas que também causamos com cirurgia, quimioterapia, entre outros”, explica a oncologista pediátrica Tânia Anegawa.

APOIO EMOCIONAL E SOCIAL

Foi na ONG Viver que as três famílias se conheceram e se apoiaram. “A ONG era o apoio emocional e social para o Felipe. Lá, ele podia brincar porque as crianças estavam passando pelos mesmos cuidados, enfrentando a mesma situação. Foi lá, inclusive, que ele passou a se alimentar melhor”, conta Simone Galan Cara, mãe de Felipe, 10.

Felipe Cara, 10, passou por inúmeras consultas e cirurgias: comemoração da alta e do aniversário no mesmo mês
Felipe Cara, 10, passou por inúmeras consultas e cirurgias: comemoração da alta e do aniversário no mesmo mês | Foto: Arquivo Pessoal

A comemoração da alta do filho no dia 16 de dezembro, com colegas da ONG, também foi uma celebração de aniversário. Felipe nasceu em 21 de dezembro e desde os primeiros anos de vida passou por inúmeras consultas e cirurgias. “Ele nasceu com uma bolha no pé que o levou muitas vezes para a sala de cirurgia. A primeira foi com cinco meses de vida. Na quinta cirurgia, recebemos a notícia de que era um tumor agressivo e raro”, lembra Cara.

Emocionada, ela descreve o ano de 2020 como exaustivo, de tristezas, mas que a notícia da alta no finalzinho fez tudo valer a pena. “Ele me perguntou o que era alta e, diante da minha resposta, chorou e saiu contando para todo mundo. A mensagem que eu deixo é de que o câncer tem cura e que é preciso lutar, mesmo que não seja uma batalha fácil. Hoje, vivemos essa vitória”, diz.

MUITO ESPERADA

Para Lucia Pereira Silva, mãe de Fernanda, 7, a chegada de 2021 também tem um gostinho de vitória. “No dia que meu primeiro filho comemorou 16 anos, tivemos a alta da Fernanda. Vivemos muitos momentos difíceis na ONG, no hospital e em casa. Essa notícia sempre foi muito esperada. A gente deseja que este novo ano seja de muita saúde, paz e que todos possam retornar à rotina de antes”, ressalta.

Lucia Pereira Silva e a filha Fernanda, 7: “A gente deseja que este novo ano seja de muita saúde, paz e que todos possam retornar à rotina de antes”
Lucia Pereira Silva e a filha Fernanda, 7: “A gente deseja que este novo ano seja de muita saúde, paz e que todos possam retornar à rotina de antes” | Foto: Arquivo Pessoal

Fernanda passou por tratamentos invasivos nos primeiros anos de vida. Com 1 ano e três meses, a família foi surpreendida com o resultado do exame, apontando a presença de um tumor no rim direito. “Foi assustador. Ninguém espera receber uma notícia dessa, ainda mais sendo uma criança”, desabafa.

MISTO DE SENTIMENTOS

A data de 16 de dezembro também ficará marcada para sempre em sua memória e na história do pequeno Arthur, 8. Ele foi diagnosticado com um tumor raro na região da mandíbula, que o privou de muitas brincadeiras no final de 2013 e praticamente o ano inteiro de 2014.

 Arthur Machado, 8 anos, enfrentou quimioterapia e cirurgia para enxerto ósseo: início de uma nova etapa na vida
Arthur Machado, 8 anos, enfrentou quimioterapia e cirurgia para enxerto ósseo: início de uma nova etapa na vida | Foto: Arquivo Pessoal

Foram cerca de dois meses até a confirmação do diagnóstico. Arthur enfrentou 56 sessões de quimioterapia e fez uma cirurgia para enxerto ósseo dois anos depois. Entre idas e vindas ao HCL, a família estava à espera de uma nova integrante. “Era um misto de sentimentos porque muitas vezes eu não pude acompanhá-lo na quimioterapia porque estava grávida. Além disso, tem essa pandemia que nos entristeceu muito. Mas, por outro lado, vimos muitas famílias unidas também. O importante é celebrar essas coisas que deixam a gente feliz”, diz a mãe Keli Simone Macedo Machado.