A decisão da ex-secretária Maria Tereza Paschoal de Moraes, a Professora Maria Tereza (PP), de rejeitar o apoio da educadora Isabel Diniz (PT) no segundo turno das eleições municipais é estratégica para não afastar o eleitorado mais conservador, avaliam analistas políticos. A progressista enfrenta o deputado estadual Tiago Amaral (PSD), que possui lideranças da direita em torno da sua candidatura.

Diniz divulgou nota na terça-feira (8) defendendo voto na progressista para “derrotar o bolsonarismo representado pelo candidato Tiago Amaral”. A reação foi imediata e tanto Maria Tereza quanto o prefeito Marcelo Belinati (PP) foram às redes sociais para rechaçar qualquer apoio do PT.

A avaliação do professor e analista político Elve Cenci é que a campanha de Amaral poderia explorar o apoio da petista para tentar associar Maria Tereza à esquerda. Assim, a recusa imediata é uma forma de “não dar esse mote de ataques” à candidata do PP.

“O Tiago tentou alicerçar toda sua a campanha em cima do programa bolsonarista, até da linguagem e da estética, então é tudo o que a equipe de campanha dele gostaria, para colar um carimbo na campanha da Maria Tereza como sendo apoiada pelos esquerdistas”, afirma Cenci. “Estrategicamente, ela recusou o apoio, exatamente para reafirmar a tese de que ela também é uma candidata de direita”, acrescenta.

Em entrevista nesta quarta-feira (9), Maria Tereza ressaltou que a recusa do apoio ocorreu por conta do partido de Isabel Diniz. “O partido não estará comigo”, resumiu.

‘MENSAGEM POLARIZADA’

O advogado e cientista político Marcelos Fagundes Curti entende que, como Maria Tereza precisa mais do que dobrar seu desempenho nas urnas, os quase nove mil votos conquistados por Diniz seriam bem-vindos.

“O problema foi a forma como esse apoio se deu. A candidata do PT foi muito infeliz quando, ao noticiar em suas redes sociais seu apoio à candidata Maria Tereza, vinculou a esse apoio uma mensagem polarizada. Na referida mensagem de apoio, ela consignou que ‘para derrotar o bolsonarismo, PT deve apoiar Maria Tereza’”, afirma Curti.

“Esse comportamento polarizado não condiz com o perfil da candidata Maria Tereza, tampouco com o prefeito Marcelo Belinati, seu padrinho político”, continua o cientista político, que entende que a candidata do PP precisou se posicionar contra o apoio para não afastar o eleitorado mais conservador.

“Dessa forma, o cálculo político adotado pela candidata foi no sentido de sacrificar esse apoio que representa 3,39% do eleitorado de modo a evitar o risco de perder uma parcela ainda maior de eleitores provenientes do apoio dos demais candidatos que concorreram ao primeiro turno”, completa Curti.

PT AINDA VAI DECIDIR

O PT de Londrina vai se reunir nesta quinta-feira (10) para definir seu posicionamento no segundo turno. "A Isabel colocou publicamente sua posição e vai defender na reunião do diretório, como também outros colocarão posição divergente. Nós da direção do PT estamos muito tranquilos, pois nenhum dos candidatos representa nosso projeto. A posição do partido será tirada na reunião desta quinta-feira, sempre em consonância com orientação da direção estadual e nacional", afirma Nelson Antônio da Silva, presidente do PT de Londrina.

REJEITADA, ISABEL REAFIRMA APOIO

Procurada pela FOLHA, Isabel Diniz voltou a defender o voto em Maria Tereza, argumentando que sua posição é “a favor do que é melhor para a cidade”.

“É a melhor opção que temos, na minha opinião, para voto neste segundo turno. Nunca conversei com ela. Não sei o que ela pensa sobre mim ou sobre o Partido dos Trabalhadores. Não é isso que importa nesse momento”, ressaltou.