Com desfile cancelado, feriado em Londrina é marcado por ato político

O cruzamento das avenidas Higienópolis e Juscelino Kubitschek, na região central de Londrina, foi tomado por manifestantes na tarde desta quarta-feira (7). Oficialmente, os organizadores do evento convocaram a população para celebrar o bicentenário da Independência do Brasil, mas o que se viu foi um ato político em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e de candidatos que o apoiam.

A manifestação reuniu milhares de pessoas vestidas com as cores do Brasil, carregando a bandeira nacional e faixas que, entre muitos dizeres, pregavam contra o comunismo, o aborto e pediam o impeachment do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes. Várias faixas e cartazes utilizados no evento estavam escritos em inglês.

Ao lado de Michelle, Bolsonaro fala a milhares na Esplanada

Membro do Movimento Nas Ruas e um dos organizadores do evento, Ricardo Corrêa ressaltou que o ato não era uma manifestação, mas uma “celebração dos 200 anos da Independência, que trouxe a liberdade” aos brasileiros. Ele reconheceu, no entanto, que o clima de campanha “acaba invadindo a celebração” em razão da polarização das eleições. “Os candidatos que apoiam o Bolsonaro, geralmente procuram uma celebração para fazer um apoio ao presidente que convocou todos a estarem nas ruas hoje.”

Antes do início do ato, em meio ao Hino da Independência do Brasil, o que se ouvia eram músicas enaltecendo Bolsonaro e criticando o PT. Durante o movimento, o tom não foi diferente. Do alto de um caminhão de som, um candidato aliado de Bolsonaro, com o apoio de pastores evangélicos, comandava a manifestação política, pedindo votos a ele mesmo e ao presidente e puxando o coro contra o seu principal opositor, Luís Inácio Lula da Silva (PT).

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A aposentada Vera Lúcia Martins participou da manifestação junto com as filhas, genros e netos. O que a fez sair de casa no feriado, contou, foi a esperança de ver o Brasil “andar novamente nos trilhos”. “A gente não pode deixar o comunismo e a ideologia de gênero invadirem o nosso país. Nós temos valores que são pautados em Deus e na família e isso tem que prevalecer”, comentou. “E nós, que já temos uma certa idade, também temos que ensinar aos nossos netos o que é o patriotismo.”

“Eu me emociono quando vejo que tantos brasileiros estão olhando na mesma direção. É uma coisa linda de se ver, tanta gente reunida aqui com um único objetivo que é libertar o Brasil de todo o mal”, disse o representante comercial Mauro Assad.

Já no final da mobilização, o violinista Roney Marczak executou o hino nacional, acompanhado dos manifestantes. Após deixarem o cruzamento das avenidas Higienópolis e JK, eles seguiram a pé até a Praça da Bandeira, ao lado da Catedral, onde rezaram o Pai Nosso e cantaram o hino nacional.

DESFILE CANCELADO

Devido às fortes chuvas que caíram pela manhã desta quarta-feira, em Londrina, o desfile de Sete de Setembro acabou cancelado. Mesmo assim, autoridades da cidade se reuniram às 9 horas, na estrutura montada na avenida Leste Oeste, para hastear as bandeiras de Londrina, do Paraná e do Brasil e cantar o Hino Nacional como forma de celebrar o Dia da Independência do Brasil.

Durante a solenidade, a secretária municipal de Educação comentou sobre o cancelamento do desfile. “A gente tomou a decisão acertada, pois exatamente no momento em que ia começar o desfile caiu uma chuva muito forte. Mesmo assim foi bem bonita a nossa homenagem do jeito que deu pra fazer. Todas as escolas, centro comunitários estavam inscritas pra desfilar e algumas vieram porque a expectativa dos alunos era muito grande. Foi muito bacana, foi espontâneo e genuíno”, destacou Maria Tereza Paschoal de Moraes.

O desfile começaria às 9h e contaria com a participação de cerca de cinco mil pessoas, representando 40 entidades. Entre participantes e espectadores, eram esperadas cerca de 15 mil pessoas.

Com o cancelamento do evento, a Leste-Oeste foi liberada pra o tráfego de veículos, com exceção da quadra onde foi montado o palanque das autoridades.

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