Com críticas à gestão Belinati, candidatos fazem primeiro debate na TV

Os sete candidatos à Prefeitura de Londrina participaram do primeiro debate na TV aberta, uma sinalização de como será a campanha eleitoral, que oficialmente começa no dia 16. Com três blocos, o debate organizado pela Tarobá/Band nesta quinta-feira (8) foi morno na maior parte do tempo, sem aprofundamento das propostas. Os prefeituráveis Tiago Amaral (PSD), Barbosa Neto (PDT), Coronel Villa (PSDB), Maria Tereza (PP), Isabel Diniz (PT), Diego Garcia (Republicanos) e Tercílio Turini (MDB) ficaram frente a frente pela primeira vez.

Apesar de ter tido poucas trocas de farpas, a gestão do prefeito Marcelo Belinati (PP) foi “saco de pancadas” da maioria dos candidatos, como era esperado. Villa questionou Maria Tereza, que foi secretária municipal de Educação, sobre os problemas enfrentados no fornecimento da merenda e uniforme escolar em 2024, ao passo que ela disse que a administração transformou o ensino na cidade e garantiu que “algumas questões pontuais sempre são resolvidas”.

Na sua vez de perguntar, Maria Tereza escolheu Turini para falar sobre quais ações pensa para a atração de turistas e desenvolvimento econômico, citando como exemplo o Natal em Londrina. O candidato do MDB avaliou ser necessário atender, além do centro, às outras regiões da cidade, assim como reabrir espaços como o Teatro Zaqueu de Melo e dar condições para os parques municipais e estaduais. Dar vida à região central é outro ponto elencado pelo emedebista.

Barbosa Neto, respondendo a uma pergunta de Turini sobre os desafios na saúde pública, criticou a terceirização no setor e a falta de médicos. A “tabela” entre os dois ainda tratou das filas para consultas especializadas e cirurgias eletivas, e a necessidade de se descentralizar o atendimento emergencial.

Desafio acentuado neste ano, a dengue foi tema de uma pergunta de Barbosa para Diego Garcia, que disse que foi criada uma “Secretaria da Dengue” em Londrina. O candidato citou a necessidade de lidar melhor com os resíduos sólidos, enquanto o pedetista defendeu as ações da sua gestão (2009-2012) no combate ao Aedes aegypti.

Outro problema levado para o debate é a fila das creches. Respondendo a uma pergunta de Diego Garcia, Tiago Amaral disse querer criar um programa para garantir “fila zero”, inclusive a partir da parceria com unidades particulares. Ele também defendeu ter guarda armado nas escolas do município.

A candidata Isabel Diniz, do PT, foi selecionada para falar sobre as obras paralisadas e equipamentos culturais fechados em Londrina. Amaral citou o Teatro Zaqueu de Melo, o Museu de Artes e o Teatro Municipal como alguns exemplos. A petista disse que muitas obras estão paralisadas por decisão política e desperdício de recursos públicos, e reforçou que a retomada é urgente.

Diniz, em pergunta endereçada a Villa, questionou quais são as ideias do candidato para a segurança pública. Ele citou seu trabalho à frente do 5° BPM (Batalhão de Polícia Militar) e prometeu eficiência na administração. A petista disse querer reforçar a GM (Guarda Municipal) e ampliar para 24 horas o atendimento da Delegacia da Mulher. Villa defendeu a valorização dos agentes da GM.

SEGUNDO BLOCO

A segunda parte do debate foi marcada pelas perguntas feitas pelos jornalistas da Tarobá/Band, com os candidatos sendo escolhidos por sorteio.

Villa foi selecionado para tratar do crescimento de moradias irregulares na periferia e fundos de vales de Londrina. Para ele, é necessário maior fiscalização e intervenção do poder público nesses casos, inclusive com ações de reintegração de posse quando necessário.

Turini falou sobre o aumento da população em situação de rua. O candidato reconheceu que esse é um “problema social gravíssimo”, e defendeu uma política pública que integre secretarias municipais, Ministério Público, Conselho Tutelar e instituições da cidade.

Outro problema conhecido dos londrinenses, os imóveis abandonados que viram mocós e lixões foram tema da pergunta direcionada a Diego Garcia. O candidato ressaltou a necessidade de viabilizar recursos e investimentos para revitalizar a cidade e suas quadras e áreas de lazer, nas áreas urbana e rural.

Falando em revitalização, Barbosa Neto, ao ser questionado sobre o centro histórico, propôs a instalação de câmeras de segurança, melhorias na iluminação pública e redução de impostos para incentivar os comércios da região. A tarifa zero do transporte coletivo é outra sugestão do pedetista.

Isabel Diniz foi sorteada para responder como resolver os desafios da coleta seletiva, que já foi exemplo em Londrina. A candidata citou a necessidade de se trabalhar a prevenção e a educação ambiental, integrando associações, condomínios, escolas e igrejas, valorizando os recicladores.

A Maria Tereza foi questionado como reduzir os impactos do trânsito da cidade. Ela defendeu a gestão Belinati, citando a construção da trincheira da avenida Leste-Oeste, o viaduto da Dez de Dezembro e outras obras. A ampliação das ciclofaixas e a melhoria do transporte coletivo são pontos que a candidata defende.

O último a responder no segundo bloco foi Tiago Amaral, que disse ser contra o aumento de impostos em Londrina. Ele criticou a elevação do IPTU, ocorrida ainda na primeira gestão de Belinati, e citou a necessidade de industrializar e desburocratizar a cidade.

TERCEIRO BLOCO

A dinâmica do último bloco foi igual à do primeiro, começando com Turini perguntando a Maria Tereza como resolver as ocupações e imóveis irregulares da cidade. A candidata afirmou ser necessário haver uma legislação que coíba irregularidades e uma fiscalização mais rigorosa por parte da Prefeitura, garantindo dignidade às pessoas. Ela lembrou ainda dos programas de reurbanização feitos pela atual administração. Segundo Turini, cabe ao município oferecer os terrenos às famílias.

Isabel Diniz e Maria Tereza debateram como avançar nas políticas públicas para os idosos, e a petista ainda “levantou a bola” para Tiago Amaral ao perguntar sobre como atender o segmento dos pequenos empreendedores.

Tiago defendeu a aplicação da Lei de Liberdade Econômica do governo de Jair Bolsonaro e lembrou dos problemas ligados aos alvarás e licenciamentos na cidade. Para Diniz, é necessário ampliar a Casa do Empreendedor e investir na economia criativa.

A população em situação de rua voltou a ser pautada por Amaral, que criticou a atuação da Secretaria de Assistência Social em pergunta a Barbosa. O pedetista sugeriu propiciar que o morador de rua possa retornar para a sua cidade, com o município pagando a passagem, e a “harmonia” entre as pastas municipais para o acolhimento a essas pessoas.

Após a réplica de Amaral, houve o único momento mais quente do debate. Barbosa disse que existem diferenças entre ele e o candidato, e afirmou que o pessedista foi responsável, junto com o governo Beto Richa, por diminuir de dez para cinco metros cúbicos a tarifa mínima de água e aumentar o IPVA.

As acusações geraram um direito de resposta no final do debate, quando Amaral disse que a história de Barbosa “põe medo nas pessoas que Londrina possa voltar a um tempo sombrio”, e que o combate à corrupção será uma de suas bandeiras. Ele também listou seus cabos eleitorais: ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador Ratinho Junior (PSD), o senador Sergio Moro (União Brasil) e o deputado federal Filipe Barros (PL).

Respondendo à pergunta de Barbosa, que tratou do aumento do IPTU e da coleta seletiva na cidade, Villa disse ser necessário “fomentar e aquecer os negócios” em vez de aumentar tributos.

Em sua última participação, Diego Garcia defendeu desburocratizar a cidade e permitir a criação de novas áreas de industrialização, como a PR-445 e os futuros contornos Norte e Leste. Já Turini, que fechou o debate, tratou das políticas de bem-estar animal, propondo a criação de um departamento específico para essa área.