Apesar de rejeição, Câmara vai debater aumento de cadeiras
Para presidente da Casa, medida não é "especificamente projeto para aumentar"; ele defende mudanças na comunicação com a população
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 10 de agosto de 2023
Para presidente da Casa, medida não é "especificamente projeto para aumentar"; ele defende mudanças na comunicação com a população
Lucas Marcondes
Apesar de considerar “importante analisar os números” que apontam mais de 90% de rejeição do público a um eventual aumento de vereadores na cidade, o presidente da Câmara Municipal de Londrina (CML), Emanoel Gomes (Republicanos), reforçou em entrevista à FOLHA que a fixação de cadeiras para a próxima legislatura (2025-2028) será colocada em pauta pela Mesa Executiva comandada por ele.
Porém, conforme o chefe do Legislativo, a medida, ainda não oficializada e agora chamada por Gomes de “grande especulação”, não implica necessariamente em aumento de assentos. “Aqui não tem projeto, não há minuta e nunca levamos a todos os vereadores esse tipo de fala, se vai aumentar, diminuir, manter o que está.”
“Essa mesa tem que fazer, que é dizer como a próxima legislatura vai trabalhar. E isso vai acontecer, e não quer dizer especificamente que vai ter que entrar um projeto para aumentar de 19 para 21, 23 ou 25, ou que vai diminuir. É um debate que acho que a gente vai ter que trazer depois”, declarou o presidente.
REJEIÇÃO E DESCONHECIMENTO
A mais recente rodada da pesquisa de opinião pública realizada nesta semana em parceria entre o Instituto Multicultural, FOLHA e Paiquerê 91,7 mostrou que 93,5% dos entrevistados são contra a ampliação de cadeiras na CML. Ao mesmo tempo, 71% disseram desconhecer a atual quantidade de vereadores em Londrina. Entre os 29% que afirmaram saber do dado, só 9,5% acertaram ao responder que são 19 parlamentares.
“Se as pessoas conhecessem e soubessem da importância do poder Legislativo, e quanto foi difícil nós conseguirmos esse passo na democracia e esse poder fiscalizador instituído, acredito que os números seriam diferentes, as pessoas olhariam de outra ótica”, analisou Gomes.
INDIFERENÇA PREDOMINA
Durante a última década, foram cinco levantamentos do Instituto Multicultural tratando da percepção da população sobre o Legislativo (2013, 2017, 2019, 2021 e 2023). A avaliação positiva da imagem da CML atingiu seu segundo menor número na atual pesquisa, com um montante de 9%. O maior percentual, de 2013, marcou 22,8% — posteriormente, o dado oscilou em patamares inferiores, com 4,5% em 2017 (o menor da série), 13% em 2019 e 10,5% em 2021.
A análise negativa da imagem da Casa marcou seu pico também em 2017, chegando a 40% — em 2013, havia sido de 18,7%. Os demais anos mostraram menor fatia de descontentes: 34% em 2019, 15% em 2021 e 17% em 2023.
Entre negativos e positivos, predomina, porém, a indiferença. Para a maior parcela dos entrevistados, a imagem do parlamento local tem se mantido estável nos últimos 10 anos, período que abrange três legislaturas diferentes. O índice de moradores que consideram que a condição do Legislativo é a “mesma de sempre, não mudou nada” varia entre 41,5% em 2013 e 66,5% em 2023.
Sem entrar em detalhes por, segundo ele, “estar amadurecendo ideias”, Gomes comentou que o Legislativo precisa “mudar a maneira de se comunicar”. “A gente tem que trabalhar para melhorar o relacionamento com as pessoas”, observou o presidente.
BELINATI COMENTA
Com aprovação de 64,5%, a segunda maior da série histórica que teve início em 2017, o prefeito Marcelo Belinati (PP) se disse “honrado e grato” com o dado trazido pela pesquisa deste mês.
“É uma das maiores aprovações de prefeito do Brasil [...] Claro, tem muita coisa ainda por se fazer, e o nosso compromisso é exatamente continuar trabalhando cada vez mais para atender as necessidades da nossa população”, prometeu Belinati em declaração enviada por sua assessoria de imprensa. Para o chefe do Executivo, a cidade vive um momento “muito bom” por conta de ações como as obras públicas de infraestrutura executadas pela prefeitura.
MARA BOCA ABERTA RENUNCIA À COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO
A vereadora Mara Boca Aberta (Pros) decidiu deixar a vice-presidência da Comissão de Administração, Serviços Públicos, Fiscalização e Transparência. A renúncia foi oficializada na sessão desta quinta-feira (10).
Em reunião do colégio de líderes partidários, ficou acordado que Chavão (Patriota), até então integrante do grupo, passa para a posição ocupada pela parlamentar. O novo membro é Matheus Thum (PP), que também é vice-líder do prefeito Marcelo Belinati (PP).
Segundo a Boca Aberta, sua saída ocorreu por conta de “falta de espaço e autonomia”. Em março, ela tentou emplacar a criação de uma Comissão Especial (CE) exclusiva para fiscalizar a problemática obra da prefeitura na trincheira das avenidas Leste-Oeste e Rio Branco, mas viu sua proposta ser derrotada em plenário com 8 votos contrários e 6 favoráveis.
“Obras da nossa cidade estão em atraso, com aditivo, mas infelizmente não consigo atuar da maneira como eu gostaria [...] Vou continuar fazendo a fiscalização também através de outras comissões”, disse para justificar a saída.
Já o presidente da comissão, Mestre Madureira (PP), alegou que Boca Aberta “sempre teve autonomia”, mas afirmou que ele não faz o que chamou de “visita vazia”. “Quero ter dados na mão: contrato, edital, porcentagem da obra. Se precisar usar um tom mais pesado contra a prefeitura, eu usaria, mas com documentos em mãos, não achando”, rebateu o vereador, que já foi líder do prefeito nesta legislatura.