A crise climática tem se mostrado um fator determinante na instabilidade econômica global, com impactos diretos e profundos no preço dos alimentos, como observado no Brasil. Os eventos extremos, como chuvas intensas e secas prolongadas, estão transformando o cenário agrícola do país, evidenciando a urgência de se dar a devida atenção à agenda.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de maio, divulgado nesta terça-feira (11), ficou em 0,46%, alta acima da esperada pelos economistas, que previam alta de 0,42% para o período. O indicador foi puxado principalmente pela alta dos alimentos e pela tragédia do Rio Grande do Sul.

As chuvas torrenciais registradas naquele estado recentemente configuraram a maior tragédia climática já vista no país. Este desastre natural devastou plantações. A destruição das lavouras colocou em risco o abastecimento de arroz no país, uma vez que o estado é o principal produtor nacional. A elevação dos preços não se limita apenas ao arroz; outros produtos agrícolas também são afetados pelo excesso de chuvas, como destacado pelo aumento no preço da batata-inglesa, que subiu 20,61%.

Por outro lado, o Norte do Paraná enfrentou um cenário oposto com estiagem de mais de 30 dias que afetou significativamente a produção de milho safrinha. A quebra de safra já atinge 10% no estado, com algumas regiões, como o Norte Pioneiro, registrando perdas de até 40% em algumas propriedades.

A falta de chuvas não só compromete a quantidade de milho disponível no mercado, como também impacta profundamente a cultura local. A tradicional Festa do Milho de Santo Antônio da Platina, teve que ser cancelada devido à falta de matéria-prima. Este cancelamento não representa apenas uma perda cultural, mas também econômica, afetando diretamente os produtores e a economia regional.

Estes eventos climáticos extremos corroboram estudos como o publicado recentemente pela revista Nature, que alerta para a possibilidade de um aumento médio de 3,23 pontos percentuais na inflação de alimentos globalmente até 2035 devido às mudanças climáticas. A pesquisa demonstra a relação direta entre o clima e a economia, reforçando a necessidade de ações governamentais para estabilizar os preços dos alimentos e garantir a segurança alimentar.

Os impactos da crise climática no preço dos alimentos no Brasil são uma realidade incontestável. A alternância entre enchentes devastadoras e secas severas não apenas desestabiliza a produção agrícola, mas também coloca em risco a segurança alimentar e econômica do país. A adoção de políticas públicas robustas e eficazes é crucial para mitigar esses impactos e assegurar um futuro sustentável para o setor agrícola brasileiro.