Interessante pergunta feita pelo colunista Oswaldo Militão nesta FOLHA, uma vez que os shopping centers de como hoje os frequentamos já estão com quase 100 anos de existência. Em 1928, arquitetos contratados em Rhode Island foram requisitados para projetaram uma proposta até então inédita, concentrando várias lojas num único endereço com estacionamento.

Nascia assim o conceito de "mall", que nada mais foi do que uma simulação espacial de uma rua urbana comum feita somente com a calçada plana para pedestres, só que apresentando uma estranha novidade: uma cobertura, ampliando assim as permanências das pessoas neste centro de compras, a tradução do termo "shopping center".

Se passearmos hoje em ambientes tais como o Com-Tour, o segundo projeto deste tipo no Brasil, e que nasceu ao ar livre, só depois sendo recoberto (aliás, projeto que teve a participação do londrinense e ótimo fotógrafo Bortolotti), o Boulevard, o Norte ou o Catuaí, claramente são ambientes com "ruas internas", todas cobertas, com as lojas de rua em sucessão (e de preferência sem bancos, os destruidores das zonas comerciais) e é por estes mesmos motivos que as janelas são zenitais ou seja, só vemos a atmosfera externa através dos tetos.

Desde o final da década de 1980, esses centros de compras alteraram o formato inicial e se diversificaram horizontalmente em suas conveniências, incluindo além do comércio em si, os serviços, sendo agora esses espaços gigantescos atuando bem menos shopping centers do que antes, agregando atividades outras tais como diversões, entretenimentos e mesmo passeios em ambientes seguros e planos.

Alguns mais atualizados, ofertam gratuitamente até mesmo um espaço privilegiado para as artes, como é o caso único e especial atualmente na cidade, o Londrina Boulevard, com o seu espaço cultural aberto ao público.

A corrupção desenfreada aniquilou o sonho do nosso teatro municipal, atualmente em escombros, num espetacular projeto conduzido pelo IAB-LDA, que resultou numa rara especificação arquitetônica equivalente a espaços similares europeus e norte-americanos, a mesa de quatro apoios formada pelo turismo, pelo shopping ao lado, hotel, rodoviária, estacionamento e as artes, Londrina deteria um eixo gravitacional da cultura favorável à sua historia que anda ficando relegada a terceiros planos.

Christian Stegall-Condé, arquiteto e urbanista

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