Apesar da raça dos jogadores para superar as suas limitações técnicas, principalmente na fase final da disputa da Série C, o Tubarão encerra as suas atividades futebolísticas deste ano de forma decepcionante. A máxima "nadou, nadou e morreu na praia" foi extremamente frustrante para a torcida alviceleste, muito embora a deficiência na performance do time já está se tornando crônica e não nos surpreende mais, pois nos últimos quatro anos a equipe colecionou inúmeros fracassos e raros sucessos.

É fundamental destacar que os primeiros dez anos sob a gestão da SM Sports foram profícuos, com sucessos imediatos, conquistas esportivas memoráveis e com a recuperação da imagem firmada no futebol nacional; por detalhes não alcançamos a Série A do Brasileirão. Renovado o contrato em dezembro/2020, criou-se a expectativa de chegar ao topo do futebol brasileiro. A esperança era de poder ombrear-se com os 20 melhores clubes do país.

Porém, o entusiasmo começou a arrefecer-se na medida em que a qualidade técnica das equipes montadas para as competições foi se deteriorando por falta de investimentos. No decorrer dos três anos sequentes à renovação da parceria, tristemente assistimos o pior desempenho futebolístico do Tubarão nas últimas décadas. Em consequência, o clube sofreu pela segunda vez a amarga queda para a Série C e o torcedor, cansado de tanta mediocridade, sumiu das arquibancadas.

Sentindo a incúria do imprevisível gestor da época e vendo com muita preocupação a situação financeira do clube se agravar, em boa hora, e acertadamente, a diretoria iniciou as tratativas de um rompimento amigável do contrato de parceria com a gestora. Num interregno de 7 meses, após exaustivas negociações, consolidou-se o fim da era SM Sports, a criação da SAF/LEC e a assunção da Squadra Sports como sócia majoritária (90%) da Sociedade Anônima do Futebol do Londrina E.C.

É importante mencionar que nessa corrida pela busca de sócios, outros possíveis compradores também apresentaram propostas para a aquisição da SAF do Tubarão, todavia, a calorosa eloquência e o sobejo otimismo do comandante da Squadra Sports, sobre o seu projeto para o futuro do futebol alviceleste, fascinaram e convenceram a maioria dos responsáveis pela aprovação das proposituras.

Concretizadas as negociações, ficou entendido que 2024 seria de transição e, veladamente, os novos diretores deixaram transparecer que, neste ano, não haveria o compromisso da ascensão à série B. O que, aliás, de certa forma é tolerável e circunstancialmente compreensível.

Contudo, muitas razões nos levam à certeza de que, doravante, poderemos contar com o comprometimento efetivo da administradora da SAF/LEC em realizar investimentos vigorosos e compatíveis com a grandeza da instituição, no elenco de profissionais para a próxima temporada; se 2024 foi o ano da transição, 2025 forçosamente deverá ser o de ascensão ao seleto clube das 40 melhores equipes do futebol nacional. Não se trata de uma cobrança intempestiva, muito porque tal exigência não foi convencionada (e nem poderia ser) por ocasião da negociação da SAF. Há, sim, a incumbência tácita e moral do novo sócio, justamente pela veemência da sua retórica, quando apresentou o seu plano para soerguimento do futebol do nosso alviceleste.

Não obstante às razões discorridas, é preciso considerar fatores precípuos, valiosos e marcantes, concernentes ao Londrina, que não condizem com a sua permanência nas divisões menores do futebol brasileiro. O clube representa uma cidade de 550 mil habitantes, é pentacampeão do Paraná, campeão da Taça de Prata (atual série B), 4º colocado no Brasileirão/77, campeão da 1ª Liga/2017, disputou 14 edições da Copa do Brasil, chegando às quartas de final em 1993 e competiu em 8 temporadas na Série A e 24 na Série B do Campeonato Brasileiro de Futebol.

Assim sendo, ao invés de investir recursos em outros setores da SAF, como, por exemplo, a reforma do VGD para jogos oficiais, o que entendo ser um retrocesso, que se monte um time melhor qualificado tecnicamente, para levar de roldão a disputa pela classificação na próxima temporada. Na série B, e com um time forte, o palco mais adequado é o Estádio do Café.

Portanto, se faz mister tirar o nosso glorioso alviceleste desse triste ostracismo. São 68 anos de uma linda história que precisa ser respeitada.

Ludinei Picelli - administrador de empresas e sócio do Londrina E. C. há 49 anos