Vivemos em um tempo complicado, em que inúmeras vezes a razão tem que ficar quieta, para que a ignorância grite. Está escrito “os filhos deste mundo são mais sagazes entre si, na conquista dos seus interesses, do que os filhos da luz em meio a sua própria geração”. Tem muita gente explodindo de sabedoria pregando contra as vacinas, impregnados com teorias políticas, que fica cega frente à ciência.

As vacinas são artefatos biológicos que concitam o amparo do corpo contra alguns vírus e bactérias que provocam doenças. São produzidas por microrganismos enfraquecidos, mortos ou de seus derivados. Foi com as vacinas que a humanidade deu um salto na longevidade e melhorou nossa vida. Ignorantes e despreparados são contra e, portanto, se tornam estas pessoas mais perversas do que o mal que uma doença pode causar.

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Na vacina, não é a minha opinião ou a sua, mas sim o fato de entender e conhecer ou não. A eterna luta entre o bem e o mal, entre ignorância e sabedoria.

A primeira vacina que se tem registro apareceu no século XIII para combater a varíola e salvou milhões de pessoas em todos os lugares, independente de raça, cor ou religião. A doença matava 400 mil pessoas por ano na Europa. No século XX matou mais de 300 milhões de indivíduos. Em 1973, o Brasil recebeu a certificação internacional da erradicação da doença, sete anos antes de a OMS declarar a erradicação da varíola no mundo.

Sobre a febre amarela, somos reconhecidos internacionalmente pela produção da vacina, desde 1973. Em 1850, esse vírus infectou 90 mil dos 266 mil habitantes da cidade do Rio de Janeiro.

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Em 1901 E. A. Behring, ganhador do Nobel, junto com mais dois infectologistas fabricaram a vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche). Infecções de origem bacteriana que causam grandes desconfortos para a saúde.

Em 1955, um marco contra a poliomielite que assolava a humanidade desde a antiguidade. Em 1989, foi registrado o último caso de poliomielite no Brasil e em 1994, erradicada. Graças à eficiência da vacina.

Não é possível que as pessoas morram por ignorância ou fake news que as façam desistir da vacina. Segundo pesquisa realizada na USP e UNESP, apenas 3,7% das pessoas que morreram pela Covid-19 no período entre 28 de fevereiro e 27 de julho de 2021 tinham o ciclo completo das vacinas. Por outro lado, 95% das pessoas internadas na cidade do Rio de Janeiro em agosto de 2021 não haviam tomado nem a primeira dose. No Brasil há um forte movimento negacionista e antivacina que não segue nenhum tipo de fundamento científico. Há um desconhecimento por parte das pessoas, que não sabe das gravidades das doenças.

O crescimento da ideologia antivacina, divulgado por fake news, fez com que diversas doenças erradicadas voltassem a aparecer na população brasileira. O Ministério da Saúde adverte, com respaldo técnico de equipes especializadas, que as vacinas são seguras e que o resultado obtido não se resume a evitar doenças, mas sim a salvar vidas. Raríssimos os efeitos colaterais

Negacionismo científico, contexto político e medo dos efeitos colaterais são fatores favoráveis ao crescimento antivacina no Brasil: esse fenômeno e seu fortalecimento ocorreu durante a pandemia, sem nenhum respaldo científico, baseado apenas na ignorância de despreparados e cidadãos inúteis para a comunidade.

Na época crucial da Covid, tinha uma placa próximo à UEL com os seguintes dizeres: “O filho é meu e eu decido se ele vai ser vacinado ou não”. Quanto despreparo, incompetência e falta de dados estatísticos e uma ignorância sem maldade, porque foi escrito por mães, acredito! Isso ocorreu em Londrina, uma cidade com inúmeras instituições de ensino superior, superdotada em medicina e uma placa dessas emudece os céus.

“Um sábio pode mudar de opinião, o ignorante, nunca”(E.Kant).

Nelio Roberto dos Reis, doutor em Ciências e professor universitário

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