Apesar do avanço das empresas em adotar práticas mais sustentáveis e alinhar suas estratégias aos princípios ESG, que focam em conceitos ambientais, sociais e de governança, é importante entender que não existe unanimidade no tema. Em alguns países, são cada vez mais presentes movimentos que vão contra as discussões e debates relacionados a essas dimensões.

Os termos anti-ESG e “greenlash”, que nominam a resistência à adoção de medidas e práticas ESG, são ondas que atuam de forma contrária aos esforços sustentáveis realizados, principalmente, nos Estados Unidos e alguns países da União Europeia. Enquanto a agenda ESG vem impactando empresas de tamanhos variados e incentivado o mundo corporativo e empresarial a repensar suas ações, o movimento anti-ESG surge como uma reação crítica e combativa a esses princípios.

O movimento anti-ESG busca contestar e questionar todos os investimentos que utilizam as ações verdes e de cunho social. Os críticos debatem, por exemplo, que a agenda ESG pode ser prejudicial para a área da economia, que no ponto de vista do movimento deveria ser protegida. Para eles, o ESG é uma ferramenta para impor uma agenda progressista, com influência de bancos e empresas. Essas ações têm ganhado força nos Estados Unidos, levando a alterações legislativas em vários estados e ao surgimento de fundos anti-ESG no mercado financeiro estadunidense.

Já o termo “greenlash” surge como uma espécie de estratégia para impor um atraso nas políticas sustentáveis. Ele reflete um enviesamento sobre o que trata o tema ESG, seja por falta de informações sobre a sua atuação benéfica ou pelos gastos associados a essas práticas. Além disso, sofre uma forte influência da polarização política. Na União Europeia, referência em questões ambientais, o “greenlash” se manifesta como uma reação contrária aos esforços sustentáveis, mesmo com planos de descarbonização e leis baseadas em critérios sociais e ambientais.

Mesmo que o movimento anti-ESG e o “greenlash” sejam minoritários, eles podem sim afetar e destruir conquistas importantes e relevantes dos últimos anos, revertendo um processo de transição verde que passou a ser adotado por países e instituições. É importante que as empresas e líderes compreendam e acatem os benefícios dessas agendas globais e busquem uma estabilidade entre sustentabilidade e crescimento econômico. Só assim será possível avançar em direção a um futuro mais sustentável e responsável.

Gustavo Loiola, professor e consultor em ESG e gerente de projetos educacionais no PRME/ONU.