Em suas incursões internacionais, tentando melhorar a sua desgastada imagem e mostrar uma expressividade que não possui, mais uma vez o nosso presidente coloca em xeque a credibilidade do Brasil. Por onde passou prometeu preservar a Amazônia, combatendo o desmatamento destruidor e as ações depredadoras das nossas riquezas naturais. Reivindicou doações na casa de 100 bilhões de dólares/ano, porém conseguiu a promessa de um total em torno de apenas 2 bilhões.

Todavia, incontinenti ao seu retorno ao país, cedeu às pressões da Câmara Federal e esvaziou as atribuições dos dois ministérios diretamente responsáveis pela preservação da Floresta Amazônica. Com manobras espúrias, ele minou a autoridade das titulares do Ministério do Meio Ambiente dos Povos Indígenas, ferozes defensoras do meio ambiente, para afrouxar a legislação ambiental e ceder aos interesses recônditos, inconfessáveis e às negociatas dos corruptos que dominam o nosso parlamento.

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Lula repetiu exatamente a mesma atitude covarde do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando tirou o COAF do então ministro da Justiça, Sergio Moro, para atender os seus aliados bandalhos em troca de apoio. Agindo justamente ao contrário do que prometeu na Europa e na reunião do G7 no Japão, o presidente está desmontando o sistema ambiental para negociar no execrável balcão de negócios instalado no parlamento.

Uma forte bancada de deputados que defende especuladores de terras, madeireiros ilegais e exploradores clandestinos das nossas riquezas naturais não esconde o seu furor pelo desmatamento avassalador e pela ganância do lucro indecentemente exorbitante. Até a desregrada exploração oficial ganha o aval governamental para extrair petróleo no solo amazônico, indo na contramão da tendência mundial de trocar o combustível fóssil e poluidor pelas energias limpas; um retrocesso inconcebível.

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Assim, provavelmente o presidente não vai conseguir entregar o que vendeu no exterior. Depois dessas bravatas e presunção exagerada em terras do Velho Mundo, colhendo vexames e demonstrando ter influência minúscula para solucionar conflitos mundiais, agora o presidente volta-se para a América do Sul com a pretensão de ser o grande líder agregador dos países do subcontinente americano. Deu com os burros n'água!

No primeiro encontro com os mandatários daqui das nossas plagas, a trapalhada já se estabeleceu. Num discurso infame, ao invés de se limitar ao protocolo diplomático, o nosso presidente resolveu elogiar o regime autocrático da Venezuela, em pleno Palácio do Planalto. Exaltou o "chavismo", defendeu o ditador Nicolás Maduro, afirmou e reafirmou que existe, sim, democracia no país vizinho. Foi duramente contestado pelos mandatários do Paraguai, do Equador, do Uruguai, e até pelo socialista Gabriel Boric, do Chile, numa "avant première" de um fracasso como pretenso líder sul-americano. A agressão a jornalistas que cobriam o evento em Brasília, pelos seguranças do déspota de Caracas, desmontou o discurso de Lula sobre a propalada democracia venezuelana.

O presidente precisa começar a governar o Brasil e se preocupar com as suas seguidas derrotas no parlamento, administrando essa verdadeira "torre de Babel " ministerial que montou, pois a sua ávida ambição de se tornar um estadista mundial já "fez água"; ele vai acabar como uma "rainha da Inglaterra" dentro do seu próprio país. É perceptível que um parlamentarismo disfarçado, com um primeiro ministro dissimulado, já se vislumbra no horizonte da política nacional.

Com condenados por corrupção dirigindo duas importantes instituições governamentais brasileiras, o quadro é de "cobra engolindo cobra" e o povo sofrendo as consequências desse desapreço das nossas autoridades por uma governança eficiente, proba e moralizada. Lamentável!

Ludinei Picelli (administrador de empresas) Londrina

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