Roda. Carros e aviões. Máquinas e computadores. Inteligência Artificial. É cediço que o ser humano cria tecnologia para viver melhor e com mais qualidade. Salvo alguns casos, inventamos, mais e mais, para sobreviver e nos adaptar ao mundo. Muitos dos inventos são para propriamente encurtar o tempo de conclusão de alguma tarefa. A maior invenção humana é - sempre serão – os livros.

Confirma tudo que vou escrever sobre livros, o indiano, radicado há anos nos Estados Unidos, chamado Naval Ravikant, um dos maiores expoentes da tecnologia do mundo, que disse no Twitter – rede social que ajudou a criar, “Passei muito tempo lendo. Meus únicos amigos verdadeiros eram os livros. Livros são grandes amigos, porque os melhores pensadores dos últimos milhares de anos contam a você suas pílulas de sabedoria.”

Criação. Quando o homem cria a escrita ele inventa a memória externa. Inovou criando um cérebro fora da cabeça humana. Uma forma de registrar de uma geração para outra o que se aprendeu com possibilidade de melhorar cada vez mais, assim, pode facilmente ser chamado este ato de cérebro da humanidade.

Sem os livros jamais teríamos acesso aos ensinamentos do poeta persa Rumi (1207 - 1273), com frases que todos conhecemos muito bem, por exemplo “Levante suas palavras, não sua voz. É a chuva que faz as flores crescerem, não os trovões.”

A internet modificou nosso ambiente social, a inteligência artificial deve esticar ainda mais esta transformação, mas a escrita representou uma supernova dentro do planeta Terra. Escrever foi um salto humano sem precedentes. Antes, o planeta Terra já tinha milhões de anos, com evolução apenas provocada pelas mudanças climáticas e externas da Terra. As espécies se adaptaram lentamente. Hoje, tudo mudou. Foi com a escrita que começamos a acelerar.

Já que citei a inteligência artificial aponto o único medo que tenho sobre esta tecnologia disruptiva. Diferente da inteligência natural dos seres vivos que têm emoções e a mente para embaralhar os sentidos e a razão, uma máquina sem egos e ideologias internas vive para aprender. A inteligência artificial foi criada para ajudar o ser humano a aprender a cada momento; neste ponto faça uma reflexão: Você aprende ou só quer ensinar?

Há registros que a escrita se iniciou via dados matemáticos por comerciantes para organizar suas vendas e produção. Mas, há registros de textos não-escritos desde a idade da pedra – há milhares de anos, quando o homem descobriu que anotar seus dias e, principalmente, alertar sobre as adversidades encontradas seria um ato de sobreviver.

É impressionante viver nesta época. Como diz o escritor budista Haemin Sunim, “o mundo continuará girando mesmo sem você”. Desacelerar e observar como a engrenagem funciona. Pessoas presas no passado ou fissuradas no futuro, esquecendo de escrever a própria história no presente. Ler traz os pensamentos para dentro de nós, o externo para de atormentar.

Hodiernamente, escrevemos e lemos o dia inteiro. Retendo na memória o que apenas vem com doses de dopamina e ignorando o que é importante. Aquilo nos elogia e dá "likes", amamos e veneramos. O aprendizado ou educação não-formal passa em branco muitas vezes.

Em tempo e no exato momento, alinhavo que leio bastante e por todo lugar: jornais, livros e revistas no mundo todo e, sou convicto em dizer que a coluna "A Cidade Futura", aqui da Folha de Londrina, do professor Marco A. Rossi é uma das melhores leituras da semana. É sensacional.

Ronan Wielewski Botelho, filósofo, Londrina

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