Marco histórico da economia brasileira, o Real chega nesta segunda-feira (1) a 30 anos com o desafio de manter-se forte e garantir o poder de compra da população em um cenário de inflação global crescente.

No dia 1º de julho de 1994, o Real era oficializado como a nova moeda do Brasil. "Nosso país está mergulhado há muitos anos numa crise econômica crônica cuja raiz é fiscal, mas cuja expressão mais perversa é a inflação", dizia o texto, assinado em junho de 1994 por sete ministros do então governo de Itamar Franco (1992-1994).

O Real é a moeda mais longeva do Brasil e o país teve oito moedas desde o fim do mil-réis, em 1942. Quando entrou em circulação, a inflação estava na casa dos 50% ao mês. Um mês depois do seu lançamento, a inflação tinha caído para 6% e no ano seguinte, para 2%. O "dragão", que obrigava à economia do país a viver um frenético ritmo de remarcação nos supermercados, estava domada.

É claro que o Real resolveu um problema (inflação), diante de muitos outros que a economia brasileira possuía e ainda apresenta décadas depois, como os gastos públicos altíssimos, a questão tributária e a desigualdade social.

O lançamento da moeda foi a etapa derradeira do plano concebido pela equipe coordenada por Fernando Henrique Cardoso no período em que ele comandou o Ministério da Fazenda.

Nas duas primeiras fases do Plano Real, o governo criou o Pai (Programa de Ação Imediata), para reduzir e dar maior eficiência aos gastos, e lançou a URV (Unidade Real de Valor), para quebrar a inércia inflacionária que carregava os reajustes passados para os preços no presente e no futuro.

Em 1994, o plano emergiu ancorado em uma combinação de medidas econômicas como uma resposta a décadas de hiperinflação, que corroía o poder de compra e dificultava a vida cotidiana. A partir do Real, o país tinha estabilidade monetária e resgatou a confiança dos brasileiros na economia.

Estamos, agora, diante de novos tempos e o Brasil enfrenta desafios complexos que pedem políticas econômicas robustas para manter a força do Real. No âmbito externo, acompanhamos pressões inflacionárias, intensificadas por fatores como pandemias e conflitos internacionais. Internamente, há questões que precisam ser encaradas para garantir uma economia mais sólida: realizar reformas estruturais, a melhora na produtividade, o incentivo à tecnologia e a inovação e a redução da desigualdade social.

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