EDITORIAL: Nem tão grande, nem tão jovem
Os dados do Censo 2022 acenderam a a luz de alerta em municípios que perderam mais habitantes do que previam seus administradores
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 04 de julho de 2023
Os dados do Censo 2022 acenderam a a luz de alerta em municípios que perderam mais habitantes do que previam seus administradores
Adriana de Cunto
Os dados populacionais do Censo 2022 apresentados na semana passada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) acenderam a luz de alerta em municípios brasileiros que perderam mais habitantes do que previam seus administradores. Um dos motivos dessa preocupação é em relação aos repasses do Fundo de Participação dos Municípios, que são calculados a partir da quantidade de moradores das cidades.
Além da questão do Fundo, cidades menores têm menos fontes de arrecadação e mais dificuldades para que seus prefeitos mantenham as contas em dia.
De maneira geral, havia a expectativa de que os primeiros resultados do Censo 2022 confirmassem a tendência de desaceleração no crescimento populacional. Mas a velocidade acabou surpreendendo até mesmo o IBGE.
Os dados revelaram uma população de 203.062.512 no Brasil, inferior aos 207.750.291 estimados pelo instituto numa prévia em dezembro. Mas desde que a pesquisa começou a ser feita, no final do século 19, a população brasileira não crescia tão pouco. O índice nesses últimos 12 anos ficou em 0,52%.
Das 25 cidades que compõem a Região Metropolitana de Londrina, 11 perderam moradores ao longo dos últimos 12 anos. Em termos percentuais, as cinco quedas mais expressivas foram em Porecatu (-18,%), Assaí (-15,6%), Tamarana (-12,6%), Rancho Alegre (-11,2%) e Uraí (-9,2%).
Entre os municípios que enfrentam o êxodo populacional, Assaí caiu de 16.354 habitantes em 2010 para 13.797 no levantamento finalizado pelo IBGE, como mostrou reportagem da FOLHA publicada segunda-feira (3).
“É um efeito muito ruim para nós tanto em matéria de arrecadação como em perspectiva de crescimento", disse o prefeito de Assaí, Tuti Bomtempo. Ele voltou a cobrar transporte coletivo integrado com a região metropolitana.
As dificuldades mostradas pelos primeiros resultados do Censo vão além da constatação de que somos menores do que pensávamos: já não somos mais tão jovens.
Estamos envelhecendo, condição que impõe muitos desafios para as cidades, seja de que tamanho forem. O principal deles está em aproveitar o que ainda temos de "bônus demográfico" (benefícios do contingente mais jovem na força de trabalho) e nos tornarmos mais produtivos e eficientes. Agora, só nos resta correr atrás do tempo perdido.
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