Um fato que se tornou parte importante da narrativa histórica de Londrina e um marco na memória coletiva dos seus moradores, o assalto à agência do Banestado, em 1987, vai virar longa-metragem.

Reconhecido como o assalto com o maior número de reféns na história criminal brasileira, o caso ganhou repercussão nacional em uma época em que não existia internet. É muito fácil encontrar uma família que tenha pelo menos um membro que foi feito refém no assalto ao Banestado ou que tenha se deslocado de casa ou do trabalho para a frente da agência onde ladrões e policiais passaram horas em negociação.

Nesta edição de fim de semana (6 e 7), a FOLHA, que é apoiadora institucional do projeto, mostra em primeira mão alguns detalhes do filme "Assalto à Brasileira", baseado na obra homônima do escritor londrinense Domingos Pellegrini.

O filme é uma coprodução da Galeria Distribuidora, Santa Rita Filmes e Grupo Telefilms. O longa-metragem desenvolvido pela Galeria, o roteiro é de L.G. Bayão e a direção, de José Eduardo Belmonte.

A agência do Banestado, no Calçadão, foi tomada de assalto em pleno dia 10 de dezembro, aniversário da cidade, data de intenso movimento aos bancos da época, quando vários segmentos recebiam o salário, em dinheiro, e muitos boletos, em papel, venciam.

As gravações em Londrina estão programadas para o segundo semestre de 2024 e a população já está convidada a renovar os ânimos, uma vez que uma movimentação diferenciada poderá ser observada pelas ruas. Na semana passada, o cineasta José Eduardo Belmonte e o produtor executivo da Santa Rita Filmes, Marcelo Braga, estiveram na cidade e visitaram a FOLHA, conferindo o material histórico da época, como fotos e jornais.

São esperados atores, atrizes, equipe técnica e produção para gravações em Londrina, que vão incluir cenas no antigo prédio do Banestado, hoje desocupado, e que deve passar por um retrofit. E para os londrinenses amantes de cinema, um aviso: figurantes serão necessários.

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Há muitas peculiaridades que tornaram esse "assalto à brasileira" memorável e uma história que o londrinense passa de pai para filho: o despreparo e a ousadia dos ladrões, o grande número de reféns e a simpatia instantânea que os assaltantes despertaram entre as milhares de pessoas que aguardavam do lado de fora da agência, gritando em favor dos bandidos, vistos quase como um tipo de Robin Hood.

Naquele dia, em frente ao Banestado, muita gente também se manifestava contra o governo do então presidente José Sarney e o seu Plano Cruzado, que congelou preços nos supermecados, mas não venceu a inflação e ainda submeteu a população ao escasseamento de produtos.

Além disso, as instituições bancárias não tinham boas reputações em uma época de forte crise econômica, principalmente para uma cidade que 12 anos antes tinha visto a destruição de todo o parque cafeeiro pela geada negra.

Voltando a 2024, Londrina possui uma cena audiovisual muito rica e parte das gravações do longa metragem sendo realizadas aqui irá fortalecer ainda mais esse setor. Um documentário sobre o roubo ao Banestado já foi, inclusive, produzido na cidade, - "Isto (não) é um Assalto", dirigido pelo cineasta Rodrigo Grota.

Será muito bom ver Londrina nas grandes telas de cinema. Grande notícia para uma cidade que valoriza e entende que o setor audiovisual é uma parte importante do desenvolvimento cultural do país e enxerga as artes como uma peça-chave também da economia brasileira.

Obrigado por ler a FOLHA!