Italianos, portugueses, libaneses, japoneses, alemães e pessoas que vieram de muitas partes do continente africano são algumas das nacionalidades que ajudaram a formar o povo brasileiro. A nossa sociedade é o resultado de correntes imigratórias que por aqui foram chegando e todos são lembrados em 25 de junho, quando é comemorado o Dia Nacional do Imigrante.

Mas será que o Brasil é um país realmente acolhedor e preparado para receber estrangeiros? Quando se trata de mercado de trabalho, temos dados do Paraná que mostram que o estado conta hoje com 37.703 imigrantes que atuam de maneira formal. De acordo com os dados mais recentes do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), de 2022, o número de estrangeiros empregados no Paraná cresceu 92% em cinco anos.

É o caso de Delcio Soares, que deixou Angola, na África, há dois anos para correr atrás dos sonhos. Tendo como destino o Brasil, ele já era formado em arquitetura e urbanismo na terra natal, mas queria dar continuidade aos estudos. A língua contribuiu para a escolha do país, mas o fator decisivo foi a possibilidade de estudar e conseguir se inserir no mercado de trabalho na área da construção civil.

Soares está no terceiro ano do curso de engenharia civil e trabalha como auxiliar de almoxarife em uma empresa londrinense, emprego que lhe dá condição de arcar com os estudos. “Eu estou aqui dando o meu esforço, trabalhando com vontade, harmonia e paz”, afirmou o rapaz, dando o tom de esperança que move muitos imigrantes que sonham com uma vida melhor em um outro país.

As crises econômicas, guerras, conflitos internos e catástrofes ambientais são os principais fatores que provocam as correntes migratórias. O Paraná, segundo a Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, recebe principalmente imigrantes vindos da África, Ásia, Europa e América Latina.

Em 2022, o Paraná foi o estado que mais contratou migrantes, com 8.379 postos de trabalho gerados, o que representa 23,4% de todos os migrantes que registraram a carteira de trabalho no ano no Brasil.

Um dos motivos que pode ter ajudado nesse índice é o trabalho do Cerma-PR (Conselho Estadual dos Direitos dos Refugiados, Migrantes e Apátridas do Paraná), que reúne o poder público e a sociedade civil para debater e criar políticas públicas voltadas à população estrangeira, assim como o Ceim (Centro Estadual de Informações para Migrantes, Refugiados e Apátridas).

Deverá contribuir também para esse cenário o programa Indústria Acolhedora, recém-lançado pelo Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), com o objetivo de oferecer soluções às indústrias que estão contratando ou pretendem contratar imigrantes. Uma alternativa especialmente para aquelas com maior escassez de mão de obra.

Mesmo com esse cenário mais positivo no Paraná, é preciso considerar que muitos imigrantes sofrem com diferenças culturais e as barreiras linguísticas dificultam o acesso à informação e a esses serviços oferecidos.

Os traumas, as vulnerabilidades e a dureza do processo de deslocamento têm que ser levados em conta quando o poder público e a sociedade civil entram no processo do acolhimento. Nesse momento é preciso lembrar que no Brasil somos todos imigrantes e que as nossas famílias se construíram pelos encontros de diferentes povos.

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