Desde que Johannes Gutenberg inventou a impressão tipográfica, na Alemanha, no século XV, a produção de livros explodiu em todo o planeta, assim como foi possível a invenção dos jornais, dois produtos revolucionários, pois o mundo pode compartilhar conhecimento de uma forma mais rápida e precisa. Antes de Gutenberg, os livros eram copiados à mão.

Seiscentos anos depois da tipografia, a tecnologia continua mudando o mercado da produção de livros e o desafio hoje, principalmente no que diz respeito a hábito de leitura, é fazer as crianças desviarem os olhos das telas para os livros impressos. Incentivar a leitura aos moldes tradicionais pode parecer um trabalho árduo, mas necessário para pais, professores e funcionários de livrarias e bibliotecas.

A quinta edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, dirigida pelo Instituto Pró-Livro, realizada em 2019 e divulgada em 2020, mostrou que 71% das crianças entre 5 e 10 anos de idade e 81% na faixa etária de 11 a 13 anos são consideradas leitoras. No entanto, essa taxa diminui a partir dos 14 anos.

Para manter os números altos e até mesmo expandi-los, profissionais da área afirmam que existem estratégias eficazes para cultivar o amor pelos livros e promover o desenvolvimento intelectual e emocional dos jovens, mesmo em meio a tantas distrações digitais. Reportagem desta terça-feira (30) na FOLHA mostra vários exemplos de como o gosto pela leitura pode ser despertado nas crianças e jovens.

Uma das estratégias é justamente explorar todas as possibilidades que os livros infantis do século XXI proporcionam, como interatividade e uma série de recursos que vão de jogos a sons.

Leda Maria Araújo, especialista em gestão de bibliotecas escolares e diretora das Bibliotecas Públicas de Londrina há oito anos, constatou maior frequência de crianças e adolescentes aos espaços tradicionais de leitura também nos últimos anos. Segundo ela, a nova realidade se deve à maior consciência dos familiares sobre a importância da literatura no desenvolvimento infantil, aliada a agendas especiais promovida pela biblioteca.

Todo o esforço é válido para promover a leitura, principalmente no livro físico. Em 2022, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entidade que organiza o exame Pisa, divulgou dados interessantes sobre leitura e boas notas. Trata-se da principal prova internacional que compara o aprendizado em vários países.

A OCDE descobriu que estudantes de 15 anos que tinham o hábito de ler livros em papel fizeram em média 49 pontos a mais na prova de leitura do Pisa, em comparação com os jovens que raramente ou nunca liam livros. Esses 49 pontos equivalem a mais ou menos 10% da pontuação média total.

A leitura digital tem vantagens importantes, como poder rapidamente buscar fontes de informação, checar dados e a praticidade que a ferramenta digital pode proporcionar. Mas é preciso ter certeza de que o livro digital está prendendo a atenção como um livro físico.

Ler é essencial para o desenvolvimento cognitivo, aquisição de conhecimento, formar vocabulário e repertório e estimular a criatividade. O hábito da leitura é uma grande herança que os pais podem deixar para seus filhos.

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