A educação básica foi uma das áreas que mais sofreram com a pandemia da Covid-19 e muitas crianças que já deveriam saber ler ainda não dominam o alfabeto.

Imagem ilustrativa da imagem EDITORIAL - Pandemia causou impactos na alfabetização
| Foto: iStock

A faixa etária de 6 e 7 anos foi muito afetada pela exclusão e pela evasão escolar no período de ensino remoto, como apontou um estudo realizado pelo Todos pela Educação, com base na Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo a pesquisa, o Brasil atingiu o maior patamar, desde 2012, de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever. No ano passado, chegou a 40,8% a fatia da população dessa faixa etária que não havia sido alfabetizada, o equivalente a 2,4 milhões.

Saber ler e escrever é um direito assegurado por lei às crianças com idade até 7 anos ou até o fim do 2º ano do ensino fundamental. O país, no entanto, atingiu o recorde dos últimos dez anos de crianças sem acesso a esse direito. Em 2012, 28,2% da população dessa idade não estava alfabetizada, cerca de 1,7 milhão.

O estudo apontou ainda que o impacto da pandemia na educação escolar é ainda maior entre as crianças mais pobres, pretas e pardas. Além de terem tido menos oportunidade de continuar estudando à distância, foram esses alunos que ficaram mais tempo com as escolas fechadas no país, afirma o Todos pela Educação.

A diferença entre o percentual de crianças brancas e pretas que não sabiam ler e escrever subiu de 8,5 pontos percentuais para 12,3 entre 2019 e 2021. Em 2019, 20,3% das crianças brancas não sabiam ler e escrever. O percentual subiu para 35,1%, em 2021. No mesmo período, entre as crianças pretas, a proporção cresceu de 28,8% para 47,4%. Entre as pardas, subiu de 28,2% para 44,5%.

Os dados levantados pelo Todos pela Educação confirmam o que muitos educadores já vinham constatando, que a pandemia agravou as desigualdades sociais, pois as crianças mais pobres tiveram mais dificuldade em acompanhar as aulas durante a pandemia, principalmente por terem pouco acesso às ferramentas digitais para participar das atividades de maneira remota.

Esse índice de 40,8% de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever representa um enorme desafio aos estados e municípios no sentido de recuperar o tempo perdido. Se nada for feito com urgência, dentro de políticas públicas educacionais para reverter a situação, o Brasil corre o risco de regredir décadas no acesso de crianças à alfabetização.

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