"Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática." A Folha de Londrina escolheu esse trecho da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito para destacar o caráter suprapartidário do movimento que nasceu a partir do documento escrito por juristas da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) e que se desmembrou para muitos municípios brasileiros, incluindo Londrina.

A Carta, elaborada no dia 26 de julho, foi uma reação a ataques que vêm ocorrendo ao sistema eleitoral brasileiro e foi lida nesta quinta-feira (11) no Largo São Francisco, em São Paulo, universidades e espaços públicos Brasil afora.

Na UEL, a manifestação ocorreu na praça do Ceca (Centro de Educação, Comunicação e Artes), às 10 horas, e estava marcado um segundo ato no CLCH (Centro de Letras e Ciências Humanas), às 21 horas. Uma mobilização também foi realizada às 17 horas, no Calçadão, no centro de Londrina.

A Carta de 2022 tem uma representação histórica forte para quem viveu os 21 anos do regime militar brasileiro, iniciado em 1964 e que durou até 1985. O documento faz referência à Carta aos Brasileiros de 1977, lida também em 11 de agosto, escrita pelo professor Goffredo da Silva Telles Junior, do curso de direito da USP, denunciando o estado de exceção pelo qual o país vivia e reivindicando o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Se a Carta de 1977 clamava por estado de direito "já", a atual quer o compromisso da população pela defesa do estado de direito "sempre".

Antes da leitura da carta do curso de direito da USP, foi lida a carta das entidades, no mesmo sentido de apoio à democracia e ao sistema eleitoral. Assinaram esse documento a Fiesp e mais de 100 organizações, entre elas, associações empresariais, centrais sindicais, universidades e organizações não governamentais.

No dia 2 de agosto, entidades que representam os veículos de imprensa, entre elas a ANJ (Associação Nacional de Jornais), da qual a Folha de Londrina é associada, divulgou documento reafirmando "seu compromisso com o Estado de Direito e as decisões soberanas das eleições, referendadas por uma Justiça Eleitoral cuja atuação tem sido reconhecida internacionalmente”.

A mobilização da população em torno da defesa do Estado Democrático de Direito, independentemente da posição política, é muito importante. Mas que não seja só em 11 de agosto. A democracia se constrói diariamente, com respeito à Constituição, instituição sólidas, transparência, liberdade política e de expressão e uma imprensa forte.

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