No Brasil, quando as aulas foram suspensas por causa da pandemia e as instituições começaram a cogitar o ensino remoto, a realidade de muitas crianças e jovens brasileiros veio à tona: uma parcela significativa de alunos, do fundamental à universidade, não tem equipamentos ou mesmo conexão de internet para estudar à distância. Algumas reportagens trouxeram a imagem de jovens da periferia, com um celular limitado, procurando redes de wi-fi fora de casa para poder estudar. Uma limitação que nem passa pela cabeça de famílias com melhores condições de vida.

Neste contexto, a cidade recebeu nesta terça-feira (4) uma boa notícia: a Receita Federal destinou à UEL (Universidade Estadual de Londrina) um lote de equipamentos, apreendidos em operações de combate ao contrabando e sonegação fiscal, no valor de R$ 961,5 mil. Ao todos são 1.131 smartphones, 135 tablets e 10 notebooks que deverão passar por uma avaliação técnica antes de serem repassados a alunos carentes, em forma de comodato.

Uma pesquisa realizada pela própria UEL verificou que dos 13,2 mil alunos da instituição, 978 não têm equipamentos para acessar o conteúdo das aulas; se o quesito for restrito só à falta de conexão com a internet este número sobe para 1.639 alunos, sem contar os que não responderam à pesquisa, provavelmente por falta condições tecnológicas

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No fim de julho, a Alep (Assembleia Legislativa do Estado) também aprovou um pedido de R$ 1,5 milhão de suplementação para as universidades estaduais do Paraná investirem no acesso de alunos de graduação que sofrem com a falta de equipamentos e meios digitais. Pelo seu contingente de alunos, a UEL deverá receber 19% deste total, o que corresponde a R$ 285 mil que será utilizado para a compra de mais 550 tablets.

Esses equipamentos podem ajudar jovens universitários a acompanhar as aulas de forma remota, mesmo porque tem sido grande a preocupação de professores, diretórios estudantis e alunos em geral com os colegas que não dispõem de meios para acessar os conteúdos. Muitas acham injusto continuar as atividades em modalidades não presenciais que excluem aqueles que não têm acesso à internet nem recursos para comprar equipamentos.

A inclusão digital ainda está longe de ser uma realidade na prática. Pesquisa do IBGE, divulgada em abril de 2020, com dados apurados em 2018, mostra que no Brasil 49,5 milhões de pessoas não têm acesso à internet. A pandemia, com a suspensão das aulas de Norte a Sul, evidenciou esse vácuo digital que limita o acesso ao conhecimento a centenas de milhares de brasileiros.

A FOLHA deseja que um número cada vez maior de pessoas tenha acesso à tecnologia e à informação!