A corrupção está arraigada nos vários níveis da administração pública do Brasil, servindo-se de negociatas que permitem fraudes e desvios de dinheiro. A saúde, setor tão sofrido para o brasileiro, não escapa dos esquemas que enchem o bolso dos criminosos enquanto prejudica a população. Nesta terça-feira, a Polícia Civil e o Ministério Público do Paraná desmantelaram uma associação criminosa suspeita de venda de vagas do SUS (Sistema Único de Saúde) para favorecimento de pacientes que buscavam realizar cirurgias bariátricas.

Trinta e cinco mandados de busca e apreensão e 14 de prisão temporária foram cumpridos em um hospital de Campina Grande do Sul, além de endereços em Curitiba e outros municípios da Região Metropolitana da capital, assim como em Santa Catarina e São Paulo.

Segundo a polícia, intermediadores eram responsáveis por entrar em contato com os pacientes, até mesmo através de redes sociais, e encaminhá-los ao hospital. Os delitos eram realizados desde 2016 e as investigações conseguiram comprovar que das 15 mil cirurgias bariátricas realizadas no período, pelo menos 1,3 mil foram intermediadas pelo esquema criminoso.

Por intermédio de “venda de guias”, os pacientes que pagavam aos criminosos conseguiam furar a fila de espera do SUS e antecipar a cirurgia de três anos para três meses. Os valores pagos à quadrilha chagavam a R$ 3 mil. Entre as pessoas detidas nesta terça-feira estavam um vereador e um servidor da Secretaria de Estado da Saúde. Também foram alvo dos mandados de busca e apreensão médicos, auxiliares de enfermagem e intermediários do esquema.

As fraudes no SUS precisam ser combatidas com muito rigor. É um crime que prejudica toda a população e nesse esquema de “fura-fila” coloca em risco a vida de quem espera anos para fazer uma cirurgia.

Apenas identificar e deter os envolvidos não resolverá o problema. É fato que o sistema de saúde apresenta brechas que facilitam a ocorrência da corrupção. Melhorar as medidas anticorrupção em um sistema público tão grandioso como o SUS torna-se urgente, adotando e aperfeiçoando as ferramentas de compliance, como os canais de transparência. Enquanto não temos essas melhorias, a corrupção continuará seguindo como sintoma de uma sociedade doente.

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