Ele chegou, sorrateiramente, mas chegou.

Desalojou o amor e proclamou o caos.

Onde outrora habitava,

Uma vida que amava, hoje, só reside a dor.

Quem sou eu? Quem é você?

Quem é você que profana meus pensamentos?

Quem é você me faz pensar que nunca será suficiente?

Quem é você que grita: Onde está a perfeição?

No desejo incontrolável do mais-que-perfeito,

o inevitável encontro com seus codinomes:

- Donaren, Excitalopran, Desduo, Alprazolan, Pondera, Fluoxetina, Sertralina...

Mas a pergunta resiste: Quem é você?

Você é o amor, ou o excesso dele.

Você é aquele “pouquinho a mais”, à borda do abismo,

Você é o entalo sufocante, você é o e-mail, você é o outro, você é o descabido, você é o medo.

Você é o vampiro.

São tantos os que habitam em nossos pensamentos.

Não há mais espaço ou esperança para sermos nós mesmos.

Esquecidos, recursos-desumanos.

Afinal, quem é você? Eu sou aquele que sempre ajustou a máscara de oxigênio primeiro no próximo e, esquecendo de si, sufocou-se

Hermes Vieira dos Santos (professor) Londrina