No mês de julho, o tráfico de animais voltou a ficar em evidência no Brasil depois que um estudante de veterinária de Brasília foi internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de um hospital do Distrito Federal após ser picado por uma cobra naja, que ele criava dentro do apartamento onde mora.

O incidente desencadeou uma séria de investigações que apontaram para indícios de um grupo organizado que traficava animais e com base de atuação no Distrito Federal.

Na semana passada, a Polícia Civil do Distrito Federal concluiu as investigações sobre o caso e indiciou 12 pessoas, incluindo o estudante de veterinária. A maioria será indiciada por suspeita de tráfico de animais silvestres, maus-tratos e associação criminosa.

Entre os indiciados estão um major da Polícia Militar do DF, ex-comandante do Batalhão de Polícia Ambiental, por supostamente atrapalhar as investigações, e uma servidora do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), que, segundo as investigações, concedia licenças para que os animais, ilegais, fossem legalizados.

Ainda segundo as investigações da Polícia Civil, Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, o estudante de veterinária que foi picado pela naja, comprava serpentes de traficantes e as criava em cativeiro em sua própria casa –filhotes dos répteis eram vendidos por R$ 500.

A mãe e o padrasto do rapaz também foram indiciados, assim como amigos que tentaram acobertar Lehmkul, retirando os répteis do apartamento e escondendo-os após deflagrada a operação.

A Polícia Civil lembra que, em geral, são as denúncias anônimas que levam ao descobrimento de esquemas de tráfico de animais silvestres. Cobras de fora do Brasil, como a naja, originária do Sul da Ásia, infelizmente são apreendidas frequentemente, conforme informações da polícia.

Logo após o incidente com Lehmkul, o Ibama resgatou outros animais mantidos em criadouros clandestinos em Brasília. Foram centenas de cobras, lagartos e até um tubarão

É triste constatar que o Brasil se destaca no grupo dos principais países importadores ilegais de animais exóticos. É um crime difícil de combater. As multas são baixas, cerca de R$ 2 mil em caso de animais exóticos e de R$ 500 a R$ 5.000 para animais da fauna nacional, dependendo do grau de risco de extinção da espécie.

As forças de segurança fazem operações de repressão ao contrabando e tráfico ilegal de animais, porém, é preciso ações de prevenção que envolvam educação ambiental. Lembrando que existe esse tipo de crime porque há pessoas dispostas a pagar pelos animais.

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