Quando pensamos em lesão ao erário, logo imaginamos grandes esquemas de corrupção, como os desvendados pela Operação Lava Jato, que foi a maior iniciativa de combate aos crimes do colarinho branco no Brasil.

Em 2014, quando a operação foi deflagrada pela Justiça Federal em Curitiba, não se imaginava os seus desdobramentos, levando à prisão empresários poderosos e políticos de grandeza no cenário nacional.

Mas não são apenas os grandes corruptos que lesam os cofres públicos com atos desonestos. Há pequenas artimanhas, feitas por servidores públicos de prefeituras, por exemplo, no sentido de levar vantagem. Mas no fim significa o mesmo: prejuízo à sociedade.

Se um funcionário de um posto de saúde apresenta um atestado médico falso prejudica o paciente que vai esperar mais pelo atendimento e os colegas que terão que trabalhar mais tempo.

O problema é que nem sempre esses “pequenos” delitos chegam a ser descobertos ou denunciados. Quando revelados, é importante que a punição seja exemplar.

Neste mês de julho, a prefeitura de Londrina demitiu quatro servidores, depois de concluídos os processos administrativos da Corregedoria-Geral do município. Com esses casos, as demissões somam seis em 2020.

As mais recentes foram duas servidoras da Secretaria da Educação, uma da Gestão Pública e um coveiro da Acesf (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina). Todos deixaram seus postos e não poderão mais fazer novos concursos para serem reintegrados, mesmo que em outras funções.

Uma professora acumulou mais de 100 faltas injustificadas desde 2016. No entanto, foi descoberto que ela apresentava atestado médico para o colégio e trabalhava em uma escola particular em outro turno. Ainda na educação, ficou constatado que uma diretora fez uma viagem para a Europa enquanto estava de licença médica.

Já a servidora da Gestão Pública também apresentava problemas médicos para o município e tinha outro emprego. O caso do coveiro serve de alerta para todos os cidadãos. O homem cobrou R$ 400 para o sepultamento de um familiar, enquanto as despesas já haviam sido cobertas por um plano funerário.

Infelizmente, no Brasil, há um histórico triste de tolerância à corrupção e atos de improbidade administrativa como se eles não fossem graves. Afinal, não houve violência com mortes ou feridos, devem pensar os desonestos. É por isso que esses crimes se tornaram uma verdadeira praga na administração pública do país.

Assim, a punição a esses casos precisa ter também um caráter pedagógico. É preciso que a sociedade veja os crimes que lesam o patrimônio público como um mal a ser combatido e não como uma esperteza a ser aceita.

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