A intensificação dos incêndios florestais está ultrapassando as fronteiras dos municípios e estados. Na segunda-feira (2), a cidade de São Paulo foi coberta durante parte do dia por um grande volume de fumaça de queimadas ocorridas na Amazônia. Segundo cientistas, o material particulado, que se desloca em massas de ar a grandes altitudes, chegou à capital paulista depois de passar pela encosta dos Andes e voltar ao Brasil por circulação atmosférica que a empurrou de volta, entrando pelo Paraguai.

Em Londrina, a poluição atmosférica também preocupa os moradores. Fumaça que veio das queimadas do Centro-Oeste estacionaram por aqui, mudando a paisagem da cidade. O azul do céu deu lugar ao cinza, dando a impressão de uma névoa sobre a cidade.

E o mês de setembro, que ainda está no começo, já apresenta números alarmantes de incêndios ambientais. Entre domingo (1º) e a manhã de quinta-feira (5) foram registrados 26 queimadas em vegetação com atendimento do Corpo de Bombeiros, contra oito do mesmo período do ano passado, o que dá uma média de cerca de seis ocorrências diariamente e representa um aumento de 225%.

Em agosto, o número de incêndios ambientais também foi bastante alto, com 72 queimadas. No mesmo mês de 2023 havia sido 35, uma disparada de 105%. “Estamos há dois meses com estiagem, temperatura baixa e depois volta a se elevar. Isso está ajudando a vegetação a ficar seca e a facilidade de pegar fogo é muito grande”, advertiu o tenente Rogério Moreto, do Corpo de Bombeiros, em entrevista para a Folha de Londrina.

Na quarta-feira (4) o governo estadual decretou situação de emergência em todo o Paraná por causa da estiagem que atinge vários municípios. “Temos tido situações mais extremas de condições para incêndios ambientais e florestais. Essa condição deve perdurar por mais alguns dias. Segundo os órgãos de meteorologia por mais 15 dias”, afirmou o capitão Marcos Vidal, porta-voz da Defesa Civil Estadual.

A crise das queimadas no país chama atenção e infelizmente não parece que vai ceder tão cedo, considerando o longo período de seca. Situação agravada pela crise climática e por tendência, segundo autoridades ambientais, de grileiros utilizarem o fogo para o desmatamento da Amazônia.

Situações extremas como essas atingiram vidas humanas, geraram perda de solo fértil, alteraram a qualidade e quantidade de água, bem como aumentaram as emissões de gases de efeito estufa.

Em audiência pública no Senado, quarta-feira (4), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que as mudanças climáticas, associadas ao fenômeno de baixa precipitação, altas temperaturas e elevado processo de evapotranspiração, em muito corroborados pelo aquecimento global, por queimadas e desmatamentos que ocorrem no país e no mundo, poderão gerar perdas como o desaparecimento do bioma Pantanal. A gestora defendeu ainda que o Congresso crie um marco regulatório de emergência climática.

O momento é que atores políticos e lideranças ambientais e do setor produtivo encontrem um caminho para buscar soluções para essa situação extrema, que atinge vidas humanas, leva animais à morte, prejudica o solo fértil, aumenta as emissões de gases do efeito estufa e altera a qualidade do ar e da água. Nesse cenário não há vencedores. Só perdas.

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