São Paulo - A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, fez a primeira aparição pública, nesta segunda-feira (22), desde que o presidente Joe Biden desistiu da campanha eleitoral de 2024 e a endossou para assumir a candidatura.

Kamala Harris exaltou o legado de Biden. "Em um mandato, ele já ultrapassou o legado de muitos presidentes que serviram por dois mandatos", afirmou.

A vice-presidente dos EUA também afirmou que Biden tem "um amor profundo pelo país". "Testemunhei em primeira mão o presidente Joe Biden lutando pelo povo americano", disse.

O anúncio da desistência foi feito em carta publicada nas redes sociais. "Por enquanto, quero expressar minha mais profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam tão fortemente para me ver reeleito", afirma trecho do documento.

"Ofereço meu apoio para Kamala ser a indicada pelo nosso partido neste ano", disse Biden. Minutos após a publicação da carta nas redes sociais, o presidente publicou uma foto sinalizando apoio à sua vice. "É hora de nos unirmos para combater Trump", afirmou.

O presidente afirmou que vai fazer pronunciamento à nação ainda nesta semana. No pronunciamento, segundo ele, mais detalhes sobre a decisão serão explicados.

Ainda não há definição oficial sobre quem substituirá o democrata na corrida presidencial. Entre os nomes cotados para substituir Biden, além da vice-presidente, estão Gavin Newson, o governador da Califórnia, J.B. Pritzker, governador de Illinois, e Gretchen Whitmer, governadora de Michigan.

ARRECADAÇÃO

Após a desistência de Biden, a plataforma de arrecadação de fundos para a campanha do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos arrecadou US$ 46,7 milhões (aproximadamente R$ 259 milhões). O valor foi alcançado até às 22h de domingo (21). A plataforma ActBlue anunciou nas redes sociais que "este foi o maior dia de captação de recursos do ciclo de 2024".

Segundo a plataforma, os doadores estão entusiasmados com o novo momento da campanha do partido. A quantia foi arrecadada horas após o presidente Joe Biden desistir da reeleição.

A vice-presidente recebeu apoio de outros correligionários. Bill e Hillary Clinton, por exemplo, publicaram uma carta conjunta em que agradecem Biden e declaram apoio à Kamala. "Agora é a hora de apoiar Kamala Harris e lutar com tudo o que temos para elegê-la. O futuro da América depende disso", diz o texto

No entanto, Kamala ainda não recebeu apoio declarado de Barack Obama. Após a desistência, o ex-presidente dos Estados Unidos publicou uma carta nas redes sociais para relembrar a relação com Biden, que foi seu vice. O texto, no entanto, não faz nenhuma menção a Harris ou a qualquer possível substituto na disputa pela Casa Branca.

A vice-presidente ainda precisa ser ratificada pelo Partido Democrata. O presidente do partido disse que vai "empreender um processo transparente e ordenado para avançar para uma candidatura". A posição foi publicada nas redes sociais de Jaime Harrison, líder do Comitê Nacional Democrata, momentos após a desistência de Joe Biden.

Kamala diz que quer "merecer e vencer esta nomeação". Em comunicado enviado à imprensa, a vice-presidente descreveu sua amizade com Biden e narrou planos para a disputa presidencial. "Farei tudo o que estiver ao meu alcance para unir o Partido Democrata - e unir nossa nação - para derrotar Donald Trump e sua agenda extrema do Projeto 2025", disse a vice-presidente.

Kamala precisa do apoio de 1.969 dos 3.936 delegados democratas para garantir sua indicação na convenção. Biden era o candidato presumido do partido, mas não tem poder direto sobre a escolha do candidato formal dos delegados. A convenção do partido deve acontecer entre 19 e 22 de agosto.

VÍDEO

Em 2020, antes de se tornar vice de Joe Biden na corrida contra Donald Trump, Kamala Harris teve uma breve campanha à cabeça da chapa do Partido Democrata. Com a desistência de Biden e o seu endosso à candidatura de sua vice, eleitores democratas trouxeram à tona nas redes sociais um comercial daquela campanha em que ela se dizia preparada para vencer o republicano.

"Ela processa predadores sexuais. Ele [Trump] é um deles. Ela fechou faculdades fraudulentas. Ele dirigiu uma", diz o vídeo, publicado em novembro de 2019, posicionando Kamala como uma opção anti-Trump. "Ele é controlado pelos grandes bancos, ela é a procuradora que enfrenta os maiores bancos da América. Ele está nos separando, e ela vai nos unir."

Cinco anos depois da publicação original do vídeo, uma denúncia de agressão sexual contra Trump, às quais o vídeo faz referência, tiveram um desfecho. Em janeiro deste ano, Trump foi condenado a pagar US$ 83,3 milhões a uma jornalista que o acusava de tê-la estuprado em uma loja de departamento nos anos 1990, e depois tê-la difamado por anos ao negar o crime.

Nos comentários, alguns apoiadores avaliam que o vídeo "ainda é relevante atualmente". "Eu sei que ela pode bater o Trump", disse outro comentário postado no vídeo.