Milhares de paranaenses têm o xadrez como atividade de lazer ou esporte. Mais do que um jogo de tabuleiro, a prática milenar é um desafio intelectual que exige concentração, raciocínio lógico e elaboração de estratégias. Saber antever cada lance do adversário e calcular milimetricamente cada movimento das peças no jogo é uma arte que exerce fascínio sobre um número cada vez maior de adeptos. Neste sábado (17), acontece em Londrina, a fase local de um dos mais importantes torneios de enxadrismo do país. Mais de 200 competidores, de diversas regiões do Estado, participam da etapa londrinense do Circuito Sesc de Xadrez do Paraná, realizada na unidade do Sesc na avenida Saul Elkind (zona norte), das 13 às 18 horas.

A competição é dividida em três torneios, divididos por faixas etárias dos participantes. Do Torneio A, participam enxadristas das categorias sub 8, sub 10 e sub 12; no Torneio B, reúnem-se os competidores sub 14, sub 16 e sub 18, e o Torneio C é aberto para as demais idades.

Os números contabilizados pelo torneio ao longo dos últimos anos demonstram a força do xadrez no Paraná. Em 2022, o circuito teve 25 etapas, somando mais de 4,5 mil inscrições. No ano seguinte, o número de etapas e de participantes atingiu a maior marca da sua história. Foram 27 em todo o Estado, totalizando 7.884 inscritos. Neste ano, também acontecem 27 etapas e a previsão é que reúna 12 mil participantes até dezembro. A primeira etapa foi no início de abril, em Campo Mourão, e a cada semana, uma cidade diferente sedia o torneio. No próximo sábado (24), os competidores se enfrentarão em Francisco Beltrão.

As etapas do circuito não são eliminatórias e, no final do ano, o torneio irá premiar com medalhas os concorrentes que acumularem mais pontos, cada um em sua categoria.

“A gente percebe que o xadrez está se desenvolvendo nas escolas, através dos torneios como o Circuito do Sesc, os clubes. Devagar, o xadrez do Paraná vem crescendo”, disse o organizador do evento, Hercilio Ermel Junior.

Ana Wendt Gomes, dez anos, começou a praticar o xadrez aos oito anos de idade, incentivada pelo pai, que ensinou os primeiros movimentos e jogadas, e pela prima, que já praticava. O interesse dela pelo esporte estimulou os pais a investirem mais no enxadrismo. A família mora em Peabiru, uma cidade onde vivem apenas 13 mil habitantes, mas que mantém um programa municipal de estímulo e incentivo aos esportes, entre eles, o xadrez que, no Projeto Xadrez Peabiru, reúne 150 crianças.

Quase todos os sábados, Ana viaja acompanhada dos irmãos, os gêmeos Adrian e Cristian, de oito anos, para disputar as etapas do torneio promovido pelo Sesc. Os três dividem o tempo entre os estudos e o xadrez. Uma vez por semana, eles se deslocam até Campo Mourão onde têm aulas com um mestre do enxadrismo. Além da evolução no jogo, Ana relata os benefícios do enxadrismo em outras áreas da vida. “Pelo xadrez exigir muita concentração, aprender a jogar, a ver as estratégias, ver bem para a frente o lance do adversário, meio que ajuda na escola, o raciocínio é rápido”, disse a menina, que pensa em seguir carreira no esporte.

Na edição de 2023 do Circuito Sesc de Xadrez do Paraná, Ana foi a segunda colocada na sua categoria, o irmão Adrian, ficou em segundo na categoria dele e Cristian, terminou o torneio na quinta colocação.

Neste ano, Ana e Adrian lideram as suas categorias, e Cristian é o segundo colocado, para orgulho da mãe, a professora Cristiany Regina Wendt Gomes. “O xadrez melhorou muito a concentração deles, as notas na escola, em matemática, melhoraram. Estão sempre acima de nove. Mas tem outros ganhos. Eles aprendem a competir e a lidar com a derrota, principalmente os meninos, que tinham muita dificuldade de perder. Hoje, já compreendem que isso faz parte da competição. O emocional deles foi trabalhado e foi essencial para eles. Fora os muitos amigos que fizemos no xadrez”, observou.

“O xadrez está sendo um instrumento para ajudar no desenvolvimento do raciocínio lógico, da tomada de decisão, da própria cidadania da criança”, atestou Carlos Martins, que além de árbitro nacional da Confederação Brasileira de Xadrez e mestre da Federação Internacional de Xadrez, também atua na organização do evento do Sesc.

Martins ressaltou a importância dos projetos municipais desenvolvidos na área da educação para o estímulo ao enxadrismo. “Os municípios têm trazido muitas crianças que praticam o xadrez em projetos públicos. Muitos competidores são alunos de escolas municipais.”

Além do Circuito Sesc que acontece neste sábado, Londrina sediará também o XII Memorial Hercilio Ermel Aberto do Brasil de Xadrez Rápido. O evento acontece no próximo dia 14 de setembro, na unidade do Sesc na região central, na rua Fernando de Noronha, 264. Serão distribuídos R$ 5 mil em prêmios. Mais informações pelo site www.memorialhercilioermel.com.br.