A PCPR (Polícia Civil do Paraná) afirmou já ter identificado o suspeito de ter iniciado o incêndio que atingiu o pátio de veículos da corporação, que fica localizado na rua Luís Pasteur, na zona oeste de Londrina. A informação foi confirmada pelo delegado-chefe da 10ª SDP (Subdivisão Policial) Fernando Amarantino Ribeiro durante uma coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (14).

"Os trabalhos ainda são preliminares e a perícia só deve iniciar o trabalho de Polícia Científica 48 horas depois que o incêndio foi controlado. Mesmo assim, temos imagens de câmeras de segurança, além do trabalho da autoridade policial do 5º Distrito, que veio até o pátio para fazer levantamentos preliminares. Inicialmente, há informações de que o fogo foi ateado do lado de fora das instalações, na calçada, na tentativa de queimar um mato que crescia ali", explica.

Amarantino pontua, ainda, que as investigações preliminares conseguiram, além de identificar o suspeito, qualificá-lo, além das testemunhas, que já foram ouvidas. A equipe do 5º Distrito também recolheu as imagens das câmeras de monitoramento, que pertencem tanto à Polícia Civil quanto às empresas vizinhas.

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"Se o incêndio foi, de fato, causado por uma pessoa, essa pode responder pelo crime de incêndio doloso, que pode ter uma pena de detenção de até seis anos, ou pelo crime de incêndio culposo, com uma pena menor, de até dois anos de detenção."

O INCÊNDIO

Segundo os registros da Polícia Civil, o incêndio teria começado entre 17h e 18h desta quinta-feira (13). Uma equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada e, após cerca de cinco horas de trabalho e 200 mil litros de água, os mais de 40 profissionais conseguiram controlar o fogo.

"Somente o trabalho da perícia pode indicar, oficialmente, as possíveis causas que levaram ao incêndio, bem como o percentual de dano causado pelo fogo. Só com o inquérito vamos saber se foi um incêndio doloso, quando a pessoa teve a intenção de causar, ou um incêndio culposo, quando a pessoa, por negligência, imperícia ou imprudência, deu origem ao fogo que se alastrou", afirma

VEÍCULOS ATINGIDOS

Informações extraoficiais apontam que o pátio da PCPR em Londrina abriga, aproximadamente, 2.800 veículos. O número não foi confirmado pelo delegado-chefe. Mesmo assim, Amarantino aponta que cerca de 35% dos carros, motocicletas, caminhões e caminhonetes que estavam no local foram destruídos.

"Ainda é cedo para passar o número de veículos atingidos, até porque a perícia ainda nem começou, mas já conseguimos estimar essa porcentagem. A parte atingida abrigava automóveis que já estavam aqui há muito tempo, então nenhuma investigação vai ser prejudicada", garantiu o delegado-chefe, que informou que as informações concretas do laudo pericial devem ser divulgadas em até 30 dias após o início do trabalho da Polícia Científica.

SUPERLOTAÇÃO

O pátio de veículos de Londrina tem sido um problema crônico e complexo para a Polícia Civil, sobretudo, por conta da superlotação. No local, conforme explica Amarantino, ficam armazenados somente os automóveis que têm relação com crimes, como adulteração de sinal identificador de veículo automotor, tráfico de drogas, contrabando, furto e roubo, desvio de carga e estelionato.

"Temos pilhas com quatro carros empilhados, que foram sendo depositados por décadas. Em 2022, a Instrução Normativa Conjunta 133, proposta pela Polícia Civil, pelo Poder Judiciário, pelo Ministério Público e pelo Detran, estabeleceu que qualquer veículo apreendido pelo Poder Judiciário tem 30 dias para ser restituído, se o proprietário for identificado, para ser cedido para uso provisório da instituição que o apreendeu ou para ir para o processo de alienação antecipada, que é a venda do automóvel. O dinheiro adquirido nesse terceiro caso é depositado em uma conta e pode ser acessado depois do fim do inquérito. O carro já não existe mais, mas o dinheiro sim, e isso é bom para o proprietário, porque o veículo que fica aqui se acaba com o tempo."

Apesar de existir a Legislação, o delegado-chefe pontua que essa é uma normativa recente e, por isso, não tem sido aplicada como deveria. Em maio deste ano, porém, a Divisão de Infraestrutura da Polícia Civil cobrou o cumprimento das determinações e, a partir do envio de um ofício, as delegacias de todo o Paraná que têm veículos apreendidos têm 60 dias para enviar o número oficial de automóveis em cada pátio.

"À luz do direito, de acordo com as Legislações que já temos, 99% dos veículos que estão aqui no pátio de Londrina já poderiam ser leiloados. Nossa maior dificuldade é contar os carros, porque os automóveis estão empilhados e as pilhas se tornaram intransitáveis. Agora, com o processo de perícia do incêndio, vamos ter mais facilidade para fazer esse levantamento", pontua Amarantino.

VIZINHOS VIRAM FOGO E FUMAÇA

Jadir de Oliveira, que é aposentado e mora nas proximidades do pátio, afirma ter visto o fogo e a fumaça. "Vi que tinha alguma coisa errada quando a fumaça começou a aumentar. Saí na rua e vi o fogo, que estava nos matos secos aqui do lado de fora. Não vi onde começou nem onde foi parar, só fiquei sabendo que tinha chegado dentro do pátio quando vi as notícias", conta.

Aparecido de Honore, que também é aposentado e morador da região, não estava em casa no momento em que o acidente começou. Mesmo assim, enquanto andava de motocicleta pela avenida Madre Leônia Milito, conseguiu ver a fumaça.

"Eu nem estava sabendo que o fogo era aqui. Vi a fumaça quando estava voltando para casa e, quando cheguei aqui perto, as ruas estavam bloqueadas porque os bombeiros estavam com os caminhões aqui tentando apagar o fogo", detalha.

De acordo com os moradores, a vegetação que fica nas calçadas é um problema. Oliveira conta, ainda, que essa não é a primeira vez que a região é atingida por um incêndio. "Já faz uns meses, mas outra parte ali de mato pegou fogo. Não foi grande igual agora, mas deu um susto na gente."

PREJUÍZOS DO INCÊNDIO

O delegado-chefe da 10ª SDP afirma que os proprietários dos veículos atingidos pelo incêndio têm o direito de buscar o ressarcimento dos valores junto ao Estado. "Essa aqui é uma unidade da Polícia Civil, é um órgão público. Temos servidores estatais que são responsáveis pelo cuidado dos automóveis, então, caso a pessoa procure um advogado e faça o requerimento, provavelmente será ressarcida pelo Estado, que tem as ferramentas para indenizar o cidadão, porque é um bem que está sob a guarda do Estado."