Brasília - O maior avião do país para o combate ao fogo começou a ser usado contra as queimadas em São Paulo apenas nesta segunda-feira (26) devido à baixa visibilidade causada pela fumaça no final de semana.

O KC-390, capaz de transportar 12 mil litros de água, foi cedido pela Força Aérea Brasileira após diálogo entre a Defesa Civil e o governador do estado paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos) para que fossem disponibilizados aeronaves e helicópteros.

No entanto, a aeronave não pôde ser usada até a tarde, quando a visibilidade melhorou e permitiu a atuação na região de Ribeirão Preto.

As informações foram divulgadas nesta segunda por representantes da Defesa Civil, do Ministério da Saúde e do Meio Ambiente.

A Defesa Civil informou que a umidade e as chuvas de domingo serviram para acabar com a maioria dos focos e que os pontos restantes estão sendo combatidos com a atuação da aeronave e do Exército Brasileiro.

"O KC começou a atuar hoje, já foi possível atuar. Mas principalmente, há os equipamentos e os soldados da FAB que estão no combate fazendo esse aceiros de proteção próximas à cidade e à reserva ecológica", afirmou o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff.

Em sua fala, Wolff lembrou a estiagem registrada no Rio Grande do Sul e na região amazônica em 2023, o que levou a Defesa Civil a se preparar para cenários semelhantes nesses estados, fazendo reuniões com governadores na época. Por outro lado, os incêndios em SP foram considerados "uma surpresa".

"Esse ano [2024] já tínhamos informações de que a estiagem seria ainda pior do que o ano passado, a pior da história. Então nos preparamos", afirma Wolff. "Fomos pegos de surpresa com os incêndios em São Paulo no sábado e domingo."

As origens dos incêndios ainda estão sendo investigadas pela Polícia Federal, que abriu dois inquéritos neste domingo (25) para investigar suspeita de ação criminosa. A informação foi repassada no domingo pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Segundo a ministra, o fato de os incêndios em São Paulo se intensificarem em dois dias é um sinal de ação humana, posição que foi reforçada nesta segunda pelo secretário da Defesa Civil.

"Tem a estranheza do aumento repentino de focos de incêndio, muitos deles concentrados em lavouras de cana", disse Raoni Rajão, diretor do Departamento de Políticas de Controle do Desmatamento e Queimadas do Ministério. "São elementos que estão em investigação. As dinâmicas são muito diferentes de acordo com a região".

Uma exposição mais prolongada à fumaça, com um episódio de duração de 2 a 4 dias já se torna mais sério para a população, de acordo com a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Agnes Soares.

No anúncio desta segunda, ela reforçou a recomendação de que os municípios considerem o risco prolongado e avaliem a manutenção da suspensão das aulas.

A série de incêndios que atingiu dezenas de cidades paulistas não pode ser atribuída neste momento a uma ação criminosa articulada, disse nesta segunda-feira o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Embora três pessoas tenham sido presas por provocar queimadas em diferentes cidades do interior do estado, apurações iniciais não apontam relação entre os suspeitos.

As prisões em flagrante ocorreram em cidades próximas a Ribeirão Preto, onde estão as áreas mais afetadas pelo fogo. Inquéritos policiais foram abertos para investigar os casos.

"Tivemos casos pontuais em que efetuamos prisões de pessoas que estavam fazendo fogo, em Ribeirão Preto, Batatais e em Guaraci", disse o governador. "Até aqui não conseguimos constatar nenhum tipo de relação entre essas pessoas, ou envolvimento coordenado", afirmou.