Além da expectativa de reencontrar os professores e amigos de escola, mais de 46 mil alunos da rede municipal de ensino tinham outro desejo: o de vestir uniformes novos. Quase dois meses após o retorno das aulas, no dia 7 de fevereiro, as crianças tiveram essa vontade atendida de forma parcial.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina: alunos da rede municipal ainda não receberam uniformes completos
| Foto: Roberto Custódio

Maior fornecedora dos produtos, a empresa Ana Lúcia Dias ME, de Londrina, assinou contrato com a prefeitura de R$ 4,6 milhões no final do ano passado para fornecer mais de 295 mil peças entre camisetas de mangas curta e longa e jaquetas, mas os dois últimos itens ainda não foram entregues.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação, os materiais deveriam chegar nas escolas municipais até o dia 26 de janeiro, mas o prazo foi desrespeitado. Na data que as aulas voltaram, 7 de fevereiro, a terceirizada encaminhou um ofício informando que não conseguiria cumprir com o acordo.

"Estamos com atraso no recebimento da nossa matéria-prima principal: a malha. Segundo as tecelagens, o mesmo está ocorrendo em razão do início do ano letivo no Brasil. Tivemos também alto índice de afastamento de funcionários por Covid-19 e pela gripe H3N2. Sendo assim, diante dos diversos incidentes alheios à nossa vontade, solicitamos prorrogação para entrega em 31 de março", explicaram os representantes da Ana Lúcia ME em documento obtido pela FOLHA.

DESCUMPRIMENTO

Segundo levantamento da secretaria, a fornecedora enviou 42.344 camisetas de manga curta das 73.684 empenhadas, ou seja, que estão com o dinheiro reservado para pagamento pela Prefeitura de Londrina.

Conforme o balanço, estão faltando 40.857 camisetas longas. É a mesma quantidade para as jaquetas. "Sempre quando compramos uniformes, adquirimos também uma parte que fica no estoque. Dessa maneira, conseguimos atender 17 escolas da zona rural. Mas da compra do último edital realmente não recebemos nenhuma camisa longa ou jaqueta", observou a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes.

TENTATIVAS

Dez dias após o ofício pedindo uma "segunda chance", servidores municipais responsáveis pela fiscalização do contrato se reuniram com diretores da Ana Lúcia ME e negaram a prorrogação.

Por meio de seus advogados, a empresa entrou com recurso pedindo que não fosse punida pelo atraso e reforçando o adiamento para o final de março. Em nova manifestação, a Secretaria de Educação descartou a prorrogação, posicionamento depois reforçado por técnicos da Gestão Pública.

"O fornecedor atrasou e vai responder por isso. Estamos preparando um novo tipo de aquisição para o ano que vem", finalizou a secretária. A FOLHA procurou a terceirizada londrinense e o escritório jurídico que a defende, mas ninguém retornou os contatos.

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