Curitiba - Um júri popular condenou nesta quarta-feira (12) Carlos Eduardo dos Santos, 55, a 50 anos de prisão pela morte da menina Rachel Genofre, 9, cujo corpo foi encontrado dentro de uma mala abandonada na rodoviária de Curitiba (PR), em novembro de 2008.

Imagem ilustrativa da imagem Júri condena a 50 anos réu acusado de morte de menina achada em mala em Curitiba
| Foto: Arquivo Folha

O julgamento durou cerca de 11 horas. O acusado admitiu que estuprou a menina, mas negou que a tenha matado. Por quatro votos a um (atingida a maioria, os votos dos dois outros jurados foram descartados), o júri entendeu que ficou comprovada a autoria do crime.

Santos foi condenado a 40 anos por homicídio duplamente qualificado, mediante meio cruel (asfixia) e para assegurar a ocultação do crime de estupro, além de ocultação de cadáver. O juiz ainda determinou o acréscimo de dez anos à pena por atentado violento ao pudor.

Somente pessoas autorizadas puderam acompanhar o júri, já que o caso tramitava em sigilo. Representantes de movimentos de defesa dos direitos das mulheres e familiares da vítima protestaram do lado de fora pedindo pela condenação. Santos acompanhou o julgamento por videoconferência, da Penitenciária de Sorocaba (SP), onde já estava preso por outros crimes.

O caso ficou sem solução por quase 11 anos, até que, em setembro de 2019, o material genético de Santos foi colhido da prisão e inserido num software que fez o cruzamento de dados entre os bancos de DNA de São Paulo e do Paraná.

Seu DNA conferiu com o material encontrado no corpo da menina. Na ocasião, ele confessou o crime, segundo a polícia.

Cerca de cem exames de confronto de DNA já tinham sido realizados no caso Rachel, todos com resultado negativo. Ao longo dos anos, as investigações apontaram outros suspeitos, que chegaram a ser presos, mas foram liberados por falta de compatibilidade do material genético. Alguns foram interrogados em quatro estados do Brasil.

Ao G1, a mãe de Rachel, Maria Cristina Logo, disse que sentiu "um pouco de alento" após o veredicto. "Ela infelizmente a gente não tem como trazer de volta, mas é uma vitória muito grande para as nossas crianças. É um motivo a mais para a gente lutar pela proteção deles."

Em nota, o advogado que representa o pai da menina, Michael Genofre, afirmou que o resultado do julgamento é um marco para casos de assassinato e violência contra a infância.

"Esta data ficará guardada na memória de todos aqueles que lutaram por justiça em nome de Rachel e em defesa das crianças e das mulheres. Que nenhuma criança se sinta insegura, que o Estado cumpra seu papel de proteger seus cidadãos e evitar que crimes bárbaros como este ocorram novamente", afirmou Daniel da Costa Gaspar.

A advogado do réu, Roberto Rodrigues, disse que eventual recurso só deve ser movido para contestar a pena aplicada pelo juiz que presidiu a sessão.

Além do DNA, outras provas apontavam Santos como autor do crime. Na época, ele morava no centro de Curitiba, próximo à escola em que Rachel estudava. Foi no trajeto de 200 metros entre o colégio e o ponto de ônibus que a menina sumiu, em 3 de novembro de 2008.

De acordo com a acusação, o réu abordou a menina na saída da escola fingindo ser produtor de um programa infantil de televisão e a convenceu a acompanhá-lo até o local em que estava hospedado.

À polícia, na confissão, Carlos Eduardo contou que Rachel pediu para avisar os pais, mas que ele disse que era melhor falar com eles depois.

O corpo dela foi encontrado dois dias depois, enrolado em lençóis, em uma mala abandonada sob uma escada na rodoviária da capital. Havia sinais de violência e estrangulamento.

Santos estava preso desde 2016, condenado a 22 anos de prisão por uma lista de crimes que incluem dois estupros, ocorridos em 2002, em São Paulo, além de estelionato, roubo e falsificação de documentos.

Segundo a polícia, em 1985, ele também abusou sexualmente de uma menina de quatro anos em São Vicente (SP).