“Foram 50 tiros de fora para dentro [do carro], nenhum de dentro para fora. Prometi para o meu neto no caixão que não ia deixar no esquecimento a morte dele”, afirma Maria Lopes de Melo
“Foram 50 tiros de fora para dentro [do carro], nenhum de dentro para fora. Prometi para o meu neto no caixão que não ia deixar no esquecimento a morte dele”, afirma Maria Lopes de Melo | Foto: Lucas Marcondes

Em busca de respostas a respeito da ação policial que levou à morte de Willian Silva Junior, de 18 anos, em uma das marginais da PR-445, em frente à Universidade Estadual de Londrina (UEL), familiares do jovem se reuniram no local neste sábado (6) para uma manifestação silenciosa. Eles portavam faixas e cruzes para relembrar o fato ocorrido há um ano.

Na ocasião, Anderbal Júnior, de 21 anos, igualmente lembrado no protesto, também acabou morto na abordagem conduzida pela Companhia de Choque da Polícia Militar (PM). Um terceiro jovem foi preso. Em declarações anteriores à imprensa, a corporação informou que houve reação do trio após serem visualizados pelos agentes em um carro com alerta de roubo.

“É muita dor, muita tristeza. Eu lembro daquele dia como se estivesse acontecendo agora. Eu prometi para o meu neto no caixão que não ia deixar no esquecimento a morte dele. Ele morreu inocente”, declarou a avó materna de Silva, Maria Lopes de Melo, de 70 anos.

Caso está com MP

Segundo a família, o caso está agora nas mãos do Ministério Público do Paraná (MP-PR), cabendo à promotoria que atua na 1ª Vara Criminal de Londrina decidir se apresenta denúncia à Justiça. O episódio é monitorado por um grupo batizado de “Justiça por Almas”, composto por familiares e amigos de londrinenses mortos em ações da PM.

“Não teve confronto. Foram 50 tiros de fora para dentro [do carro], nenhum de dentro para fora. Eles não têm coragem de enfrentar o Choque, nem a P2 [serviço reservado da PM]. Ali, se tivesse uma ‘bronca’, era uma ‘bronca’ leve”, sustentou a avó, afirmando que o trio não portava armas de fogo.

Ela ainda reivindicou que autoridades do estado reforcem os procedimentos de controle da atividade policial no Paraná. “Queria que eles se colocassem no meu lugar. Se eles fossem as famílias lesadas, como iam lidar com isso essa hora? Eu queria pedir ao senhor secretário de Segurança [Pública, Hudson Teixeira] e ao senhor governador [Ratinho Junior]: prestar mais atenção, ver o que é confronto, o que não é. E deter esses policiais.”

Outro lado

A FOLHA procurou o comandante do 5º Batalhão da PM em Londrina, tenente-coronel Nelson Villa Junior. Ele disse que prefere não se manifestar quanto ao caso, que, conforme o oficial, também está sendo apurado no âmbito da Justiça Militar.