Campinas - Sexta-feira (11), fim de tarde. Um aluno de 11 anos do sexto ano de uma escola pública de Campinas, no interior de São Paulo, propõe um tema de tarefa escolar para a classe, no grupo de Whastapp criado pela direção da unidade. "Que tal a gente fazer um trabalho sobre o mês do lgbt etc... Eu acho uma ideia boa." Entre respostas de "isso é um absurdo" de uma mãe e sugestão de "tirar essa pessoa do grupo" de outra, a diretora afirmou: "Quem é você por favor? Retire seu comentário, por favor. Muito obrigada. Diretora".

Quatro dias depois, e repercussão na internet e boletim de ocorrência da família do estudante feitos, a mesma diretora pediu desculpas pelo comentário. "O aluno encontrou uma recepção que lamentamos grandemente." O caso ocorreu no ambiente virtual do grupo que reúne direção, pais e alunos de uma turma da escola estadual Aníbal de Freitas. A diretora será afastada das funções, segundo portaria publicada nesta quinta-feira (17) pela Secretaria de Estado da Educação. A família registrou um boletim de ocorrência de natureza não criminal e havia pedido à coordenação local o afastamento da diretora e da mediadora da escola. Segundo a família, a criança ficou abalada e precisou de ajuda psicológica.

O Ministério Público Estadual acompanha o caso. A história teve forte repercussão nas redes sociais. Na última terça-feira (15), a escola amanheceu com dezenas de cartazes colados pedindo respeito às diferenças. A ideia do tema surgiu depois de uma conversa com uma prima de 12 anos, conta Paula (nome fictício), irmã do menino, com quem ele vive. "Na sexta-feira de manhã ele estava conversando com a prima e ela comentou que na escola dela vão fazer um projeto com todas as salas sobre esse tema, a partir do 5º ano. Acho que ele ficou refletindo sobre isso e, por volta das 18h, colocou a sugestão no grupo." A irmã tomou a iniciativa de fazer o boletim de ocorrência.

O Ministério Público instaurou um procedimento chamado Notícia de Fato e deu prazo de cinco dias para que a escola esclareça o episódio.