Comunidade católica lamenta a morte de monsenhor

Apesar de ter nascido em Malta, um pequeno país europeu formado por três ilhas, foi em Rolândia que ele dedicou sua vida e trabalho. Monsenhor José Agius, mais conhecido como Padre Zé pelos rolandenses, faleceu na manhã desta terça-feira (18) aos 81 anos. Em Malta para uma visita aos familiares, ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), foi internado, mas não resistiu.

Maurício Picotti foi um “fiel escudeiro do padre por toda a vida”. Ele conta que conheceu o Monsenhor quando tinha oito anos enquanto vivia na creche da Sociedade das Irmãs Franciscanas do Coração de Jesus, em Rolândia. Ele explica que, após perder os pais quando era bem jovem, enxergou no Padre Zé uma figura paterna, assim como ele o tratava como filho. Depois de mais velho, começou a trabalhar como assessor do Monsenhor.

Monsenhor José Agius era um jovem missionário maltês que chegou ao Brasil com 19 anos, em 1961, após convite do então arcebispo da Arquidiocese de Londrina, Dom Geraldo Fernandes. Ele veio acompanhado do amigo Monsenhor Bernard Gafá e de outros dois seminaristas. Quando chegou, ficou dois anos estudando em Curitiba até receber a ordenação de padre, em Londrina, no dia 4 de julho de 1965.

Após a ordenação, foi designado para uma paróquia de Pitangueiras, permanecendo por quatro anos. Em 1969, assumiu a Igreja Matriz São José, em Rolândia, para nunca mais sair.

“Sem falar português, ele teve que aprender aos poucos a língua e os costumes. Foi uma adaptação difícil”, conta. Homem de muita fé e humildade, Maurício Picotti destaca que o Padre Zé ajudou na formação das demais paróquias de Rolândia. “Na época, só tinha a Matriz, então com a participação dele foram sendo fundadas as Paróquias de São Martinho, da Vila Oliveira, do Novo Horizonte e da Ressurreição”, explica.

Além das paróquias, ele criou grupos culturais, assistenciais, educacionais e foi reconhecido como Cidadão Honorário de Rolândia e do Paraná.

Com liberação médica para viajar, o Monsenhor embarcou no começo do mês de abril para o país de origem para celebrar o aniversário de 80 anos da irmã. Segundo Maurício Picotti, a festa foi realizada no domingo (16): “eu falei com ele e ele me disse que estava muito feliz”. Na próxima semana, ele iria visitar outros familiares na Austrália, retornando para Malta alguns dias depois, quando iria em uma peregrinação por algumas cidades importantes para os Cristãos, como Fátima e o Vaticano, junto a um grupo da comunidade de Rolândia, incluindo Maurício Picotti.

Entretanto, nesta segunda-feira (17), por volta das 5h da manhã do Brasil, ele teve um AVC hemorrágico e foi levado inconsciente ao hospital por familiares, como conta Picotti. “Então ele faleceu em paz, por volta das 10h20 desta terça-feira, tranquilo, sem sofrimento. Ele deu um suspiro final e faleceu”, esclarece.

Maurício Picotti e o Monsenhor Bernard Gafá, amigo há décadas do Padre Zé, vão embarcar nesta quarta-feira (19) para Malta para participar do funeral, que será realizado na tarde da sexta-feira (21). “O desejo dele era ficar por aqui [Rolândia], mas ainda não sabemos se a família irá fazer a cremação para depois trazer as cinzas”, finaliza.

A missa de sétimo dia será realizada na próxima terça-feira (25), às 19h, na Igreja Matriz São José, em Rolândia.

Em uma publicação feita nesta terça-feira, Dom Geremias Steinmetz, arcebispo de Londrina, lamentou a morte do Monsenhor José Agius. Ressaltando a sabedoria e generosidade do maltês, ele reforçou que o “seu exemplo, seu ministério sacerdotal, seus conselhos e sua amizade permanecerão no coração de muitas gerações da cidade de Rolândia”.

A publicação assinada pelo arcebispo ainda afirma que “nos unimos em oração pelo seu descanso eterno [...] e nossa ação de graças a Deus por tamanho dom para a Igreja, a vida e a vocação do Padre Zé de Rolândia”.

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