Curitiba - Você já imaginou uma curicaca, um tamanduá, uma abelha mandaçaia e um quati unidos por um propósito? Isso é possível em uma campanha feita por instituições paranaenses para combater incêndios florestais. Essa turminha é chamada de Guardiões da Floresta e atua de forma lúdica para conscientizar a população, especialmente crianças.

Dados do Corpo de Bombeiros do Paraná apontam que 90% dos incêndios florestais são causados pela ação humana e metade deles é proposital. De janeiro até o fim de agosto, a corporação atendeu mais de 10 mil ocorrências em todo o estado.

A situação crítica se intensifica a cada ano, por isso é que a Apre (Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal) se uniu a outras instituições do estado para falar diretamente com quem causa o problema: o ser humano.

“A gente montou um grupo de trabalho com técnicos de diversas instituições para avaliar cada situação. Nós temos informações do Corpo de Bombeiros de que 90% dos incêndios florestais têm causas não naturais, ou seja, é a mão do homem na história. Precisamos conscientizar essas pessoas. Então, surge uma forma de comunicar que chamamos de Guardiões da Floresta”, detalhou Ailson Loper, diretor-executivo da APRE, em entrevista à FOLHA.

O tamanduá “Labareda”, do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis); o quati “João”, do Corpo de Bombeiros; a abelha mandaçaia “Mandinha”, do IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná); e a curicaca “Curi”, da Apre, são os personagens de uma cartilha educativa distribuída pelo estado. No material, há dicas sobre prevenção de incêndios florestais e orientações sobre o que fazer em caso de emergências.

“Por que a Curi? Porque a curicaca canta muito alto, então ela avisa o que está acontecendo. Esses Guardiões da Floresta convidam o leitor, principalmente a criança, a levar esse conhecimento para dentro de casa e proteger as florestas. Para diminuir os riscos e, ao mesmo tempo, podermos agir rápido em caso de ocorrência, precisamos investir na prevenção e na informação”, considerou Loper.

O projeto, que começou pequeno, conta hoje com 16 instituições, incluindo órgãos do governo como Defesa Civil, Instituto Água e Terra e Corpo de Bombeiros. Antes de cada temporada de estiagem, os técnicos se reúnem para definir quais ações podem ser tomadas.

“A campanha nasceu há três anos quando percebemos que o risco de incêndio no Paraná, que era moderado, mudou para alto risco por causa do contexto que ainda segue”, destacou Loper.

A capitã Luisiana Guimarães, do Corpo de Bombeiros, explicou à FOLHA que a baixa umidade do ar facilita a ocorrência e propagação do fogo. Desse modo, ações preventivas são extremamente importantes.

“Para evitar queimada é importante que a gente tome algumas atitudes preventivas. Como 90% das queimadas são causadas pelo ser humano, de forma intencional ou não intencional, é importante que as pessoas não utilizem o fogo, principalmente neste momento de seca. Então, não utilize o fogo para fazer queima de lixo, limpeza de terreno, queima de material vegetal, resto de árvores, galhos e folhas. E também quando for necessário fazer uma fogueira, se certificar que ela foi apagada. Não soltar balão, que inclusive é um crime e pode causar incêndios florestais”, ressaltou.

A capitã também reforçou o pedido para que as pessoas ajudem a combater os focos, mas não se coloquem em risco.

“Caso alguém aviste um incêndio florestal, é possível utilizar água com balde ou mangueira para fazer esse combate, desde que não se coloque em risco. Se estiver de alguma forma causando algum risco, se a pessoa se aproximar e se colocar em risco, então ligue imediatamente para o Corpo de Bombeiros no telefone 193 e saia dessa região para que não inale a fumaça ou se queime”, orientou.

O diretor-executivo da APRE analisa que o Paraná está à frente no tema, mas ainda tem que avançar na área tecnológica.

“Eu acredito que nós temos uma rede operacional e técnica muito boa, mas o que temos que avançar um pouco é na rede de monitoramento em tempo real. Hoje, o pessoal consegue via satélite detectar focos de incêndios pequenos, emitir alertas e combater. Só que aqui no Paraná ainda não estamos fazendo isso. Estamos caminhando para esse lado, mas ainda não temos essa ferramenta”, pontuou.