A modelo Adrielly Eger, 18, está entre os 34 brasileiros que retornaram ao Brasil por meio da operação Regresso. Nascida em Foz do Iguaçu, a jovem embarcou para a China no dia 9 de novembro para a primeira experiência profissional no exterior. A modelo estava em Wuhan, cidade considerada como epicentro da epidemia do coronavírus, e foi surpreendida pelas medidas de emergência.

A paranaense Adrielly Eger (esquerda) durante viagem de volta ao Brasil com a também modelo Melany Umann
A paranaense Adrielly Eger (esquerda) durante viagem de volta ao Brasil com a também modelo Melany Umann | Foto: Arquivo pessoal

“No dia que eu estava indo para o Vietnã para cumprir outro contrato, decretaram quarentena na cidade e o meu voo que era às 22 horas foi cancelado. O aeroporto fechou pela manhã, às 10 horas. Eu acabei ficando presa na cidade. A gente estava muito focado em sair dali, mas fecharam também as rodovias, as estações de trem, o transporte público, de repente estava tudo fechado”, contou.

Na volta para a casa, ainda em Wuhan, em 22 de janeiro, Adrielly recebeu orientações para evitar a contaminação pelo vírus e para comprar alimentos e permanecer em quarentena. “A gente foi direto para o mercado mais próximo. Por sorte, tinha um mercado dentro do condomínio. Mas, nesse dia, como a gente demorou muito para ir, só conseguimos comprar um pacote de arroz. Uma semana depois, a gente saiu de novo porque já não tinha mais comida em casa e conseguiu achar macarrão, bolacha e outras coisas industrializadas. Nada de legumes ou verduras. Também não tinha água para comprar, a gente tinha que ferver. E foi se virando assim.”

Nas duas vezes em que precisou sair de casa, antes do retorno ao Brasil nesse domingo (9), ela tentou se precaver de todas as formas. “A gente só saiu usando máscaras, álcool em gel, trocava a roupa depois quando voltava e tudo o que trazia de fora higienizava com álcool”, detalhou.

Um dos trabalhos que a modelo de Foz do Iguaçu realizou em Wuhan, na China
Um dos trabalhos que a modelo de Foz do Iguaçu realizou em Wuhan, na China | Foto: Arquivo pessoal

Unidos, o grupo de brasileiros que estava na cidade chinesa decidiu gravar um vídeo para sensibilizar o governo brasileiro e pedir apoio na volta ao País. “Foi muito emocionante. Na hora em que eu fui entrar no avião, eu me lembro que uma das pessoas da equipe que estava paramentada, fazendo a troca de máscaras antes da entrada, me disse: ‘Seja bem-vinda de volta ao Brasil’. Aquilo me marcou muito porque eu já estava em um momento de muita aflição, de muita dificuldade. Quando ele me disse isso foi como se eu já estivesse em casa. Foi só o que eu precisava depois de ter passado por tanta dificuldade lá na China.”

O desembarque na manhã de domingo em Anápolis (GO) tranquilizou os familiares. A modelo deve permanecer em observação em um hotel de trânsito dentro da base aérea até o final de fevereiro. Só após esse período poderá retomar o convívio com a família. Durante o voo, nenhum passageiro apresentou sintomas da doença.

Do Brasil, o pai de Adrielly, Gilberto Paulo Eger, tentou tranquilizar a filha em todos os momentos. “Para a gente foi desesperador. Eu falava com ela de madrugada e ficava até as 5 horas da manhã conversando. Fiquei dando força para ela. A gente não podia passar a emoção que estava sentindo na hora... Foram dias muito intensos. Agora estamos aguardando. Temos que esperar passar a quarentena. Mas, ontem [domingo], só de saber que ela se alimentou bem, a gente ficou bem mais aliviado”, afirmou.

A família de Adrielly morou em Foz do Iguaçu até janeiro quando se mudou para a cidade de Barra Velha (SC). “Foram dias muito difíceis. Quando não era um, era o outro chorando. Agora estamos muito ansiosos para a chegada dela”, finalizou o pai.

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