VINHEDO E SÃO PAULO, SP - O número de vítimas da queda do avião da Voepass no município de Vinhedo, a 79 km da capital paulista, subiu para 62. Até o início da tarde deste sábado, (10), os corpos de 31 delas haviam sido retirados do local do acidente. Dois deles foram identificados —o piloto e o copiloto do voo.

Todos os corpos resgatados foram levados para o IML (Instituto-Médico Legal) Central da cidade de São Paulo para identificação.

O tenente Ramatuel Silvino, da Defesa Civil, afirmou que os trabalhos para a identificação dos corpos foram iniciados e alguns parentes das vítimas, atendidos. Segundo ele, os familiares ficarão em hotéis na capital e serão concentrados no auditório do Instituto Oscar Freire, próximo do IML.

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Até a tarde deste sábado, cinco famílias haviam sido atendidas, de acordo com a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). Elas receberam orientação para a entrega de documentos médicos que possam auxiliar na identificação de corpos e para a coleta de materiais biológicos para a realização de exames genéticos, quando necessário.

No auditório, eles contarão com o auxílio de psicólogos.

Dois corpos foram identificados ainda no condomínio de casas onde caiu o avião. Segundo o capitão Michael Cristo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, o resgate começou pela parte da frente da aeronave, menos atingida pelo fogo após a queda.

Ele disse que os "corpos estão como se estivessem sentados em seus respectivos assentos".

IDENTIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS

"Para quem viu imagens aéreas, o avião caiu como se estivesse chapado no chão. A gente está com o desenho da aeronave no chão", explicou Cristo. As posições estão sendo usadas para identificar o corpo das vítimas. Os primeiros a serem identificados foram piloto e co-piloto.

Na manhã deste sábado, a tenente Olívia Perrone, também dos Bombeiros, disse que 9 dos 21 corpos resgatados estavam preservados próximo ao avião.

De acordo com ela, o trabalho de resgate foi acelerado na manhã deste sábado por causa da claridade do dia. Mesmo assim, os bombeiros evitam estimar o tempo necessário para a retirada de todos os corpos.

"Estamos fazendo um trabalho cuidadoso para preservar ao máximo os corpos para facilitar a identificação e por respeito às famílias das vítimas", afirmou. Segundo ela, os dois corpos identificados estavam na região da cabine do avião.

A VIAGEM

A aeronave caiu na sexta-feira (9), durante viagem de Cascavel (PR) a Guarulhos (Grande São Paulo), na área de uma casa no condomínio Recanto Florido, no bairro Capela. Imagens feitas por moradores mostram o avião em queda livre e, na sequência, uma explosão seguida por muita fumaça.

O acidente matou os 58 passageiros e os quatro tripulantes que estavam a bordo. Inicialmente, foi divulgado que 61 pessoas estavam no avião. Mas, neste sábado (10), a Voepass afirmou que o nome de um passageiro, Constantino Thé Maia, não constava da lista de embarcados.

A aeronave, que decolou às 11h50 e tinha previsão de chegada às 13h40, perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21, segundo o site Flight Aware, que monitora voos em tempo real ao redor do mundo.

CAUSAS

Registros do site mostram que o bimotor começou a perder altitude às 13h20, quando estava a cerca de 5.100 metros. Cerca de um minuto depois, atingiu 1.798 metros, no último registro disponível.

Segundo a Força Aérea Brasileira, o avião deixou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo às 13h21. O piloto não teria declarado emergência ou reportado estar sob condições meteorológicas adversas.

A Voepass, dona da aeronave, disse que ainda não tem informações sobre a causa do acidente. O CEO da companhia aérea, Eduardo Busch, afirmou ainda que tudo o que tem circulado nas redes sociais é especulação.

Nas primeiras horas após o acidente, especialistas em aviação ouvidos pela Folhapress levantaram duas hipóteses principais para o caso com base nos primeiros detalhes, ressaltando que é cedo para determinar as causas.

Vídeos do momento da queda mostram que a aeronave desceu rodopiou no ar, mantendo-se em posição horizontal, manobra conhecida como "parafuso chato". Essas condições, segundo especialistas indicam que o piloto havia perdido o controle da aeronave e as condições de arremeter —ou seja, apontar o nariz da aeronave para baixo e usar os motores para ganhar novamente sustentação no ar.

O especialista em segurança de voo Roberto Peterka levantou a possibilidade de que gelo tenha se acumulado nas asas da aeronave. Já o engenheiro Hildebrando Hoffman, professor aposentado de Ciências Aeronáuticas da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), citou a hipótese de que tenha ocorrido uma falha na posição das hélices.

Ambas as hipóteses teriam afetado a capacidade de tração da aeronave. Eles descartaram a possibilidade de falha elétrica ou no motor, pois há sistemas auxiliares que normalmente não fariam com que o avião caísse em queda livre, como se vê nas imagens. A pane seca também está descartada, uma vez que o combustível queimou no solo, após a queda.

REGULAR

O avião era um ATR-72, fabricado em 2010 e tinha certificados de matrícula e de aeronavegabilidade válidos, segundo a Anac (Agência Nacional de Avião Civil). O voo contava com quatro tripulantes a bordo no momento do acidente e todos estavam devidamente licenciados e com as habilitações válidas.

"A aeronave estava regular, em todas as condições de aeronavegabilidade. Temos a rastreabilidade desde que a aeronave foi construída e isso será levantado e a informação será prestada à investigação feita pelo Cenipa", disse o diretor da agência, Luiz Ricardo.

A caixa-preta do avião foi recuperada, de acordo com o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Força Aérea Brasileira. O acidente foi considerado de alta complexidade e havia uma preocupação de que altas temperaturas pudessem ter danificado os equipamentos.

A unidade de São Paulo, Cenipa 4, disse ter conseguido encontrar os gravadores, nas siglas em inglês, CVR, o cockpit voice recorder, e o FDR, flight data recorder. O primeiro grava vozes da cabine e o outro dados do voo, como altitude, meteorologia, velocidade, dentre outros.

Vítimas do voo 2283

PASSAGEIROS

- Constantino Thé Maia

- Rosangela Souza

- Eliane Andrade Freire

- Luciani Cavalcanti

- José Fer

- Denilda Acordi

- Maria Auxiliadora Vaz de Arruda

- José Cloves Arruda

- Nélvio José Hubner

- Gracinda Marina Castelo da Silva

- Ronaldo Cavaliere

- Silvia Cristina Osaki

- Wlisses Oliveira

- Hialescarpine Fodra

- Daniela Schulz Fodra

- Regiclaudio Freitas

- Simone Mirian Rizental

- Josgleidys Gonzalez

- Maria Parra

- Joslan Perez

- Mauro Bedin

- Rosangela Maria de Oliveira

- Antonio Deoclides Zini Júnior

- Kharine Gavlik Pessoa Zini

- Mauro Sguarizi

- Leonardo Henrique da Silva

- Maria Valdete Bartnik

- Renato Bartnki

- Hadassa Maria da Silva

- Raphael Bohne

- Renato Lima

- Rafael Alves

- Lucas Felipe Costa Camargo

- Adrielle Costa

- Laiana Vasatta

- Ana Caroline Redivo

- José Carlos Copetti

- André Michel

- Sarah Sellalanger

- Edilson Hobold

- Rafael Fernando dos Santos

- Lizibba dos Santos

- Paulo Alves

- Pedro Gusson do Nascimento

- Rosana Santos Xavier

- Thiago Almeida Paula

- Adriana Santos

- Deonir Secco

- Alípio Santos Netos

- Raquel Ribeiro Moreira

- Adriano Da Luca Bueno

- Miguel Arcanjo Rodrigues Junior

- Diogo Avila

- Luciano Trindade Alves

- Isabella Santana Pozzuoli

- Tiago Azevedo

- Mariana Belim

- Ariane Risso

TRIPULANTES

- Debora Soper Avila (comissária de bordo)

- Rubia Silva de Lima (comissária de bordo)

- Humberto de Campos Alencar e Silva (copiloto)

- Danilo Santos Romano (comandante)