A Embrapa esteve presente no Show Rural 2020 por meio de sua Secretaria de Inovação e Negócios (SIN) e de 12 unidades pesquisa (Embrapa Arroz e Feijão, Embrapa Clima Temperado, Embrapa Florestas, Embrapa Gado de Corte, Embrapa Gado de Leite, Embrapa Mandioca e Fruticultura, Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Pantanal, Embrapa Pesca e Aquicultura, Embrapa Soja, Embrapa Suínos e Aves e Embrapa Trigo). Segundo a pesquisadora Divânia de Lima a Embrapa participou do Show Rural com mais de 50 inovações. As soluções tecnológicas demonstradas trazem incrementos para diferentes segmentos, como: produção animal, genética, sistemas de produção sustentáveis de grãos, sistemas florestais, entre outros.

Lima atua na área de pesquisa de desenvolvimento de cultivares de soja e aponta que a Embrapa e a Fundação Meridional lançaram durante o Show Rural duas cultivares de soja – a BRS 543RR e a BRS 1061IPRO, que são altamente competitivas para atender às demandas dos produtores de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. A BRS 543RR tem como principal diferencial as características da tecnologia Block, ou seja, são tolerantes ao ataque de percevejos. Além disso, a BRS 543RR é uma cultivar altamente produtiva com precocidade associada (grupo de maturidade 6.0), características que garantem excelente performance em semeaduras antecipadas. A nova cultivar é recomendada para São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, abrangendo toda a macrorregião sojícola 2 (RECs 201, 202, 203 e 204). “Ela não tem indicação para a região sul do Paraná. Para essa região temos outras cultivares”, orienta. Questionada sobre a resistência que algumas pragas vem ganhando perante as variedades RR (RoundUp Ready, resistente ao glifosato), já que depender de um único herbicida ano após ano acelera a seleção de biotipos de plantas daninhas resistentes e espécies tolerantes, ela explica que já existem na natureza essas plantas resistentes ao glifosato.

“A grande maioria morre, mas uma ou outra planta é resistente e produzem sementes que são distribuídas pelo vento. Um programa de soja convencional, que atua com herbicidas de ação diferente pode levar ao aumento no uso de herbicidas mais seguros ao ambiente e às soluções mais eficazes no controle de plantas daninhas problemas, ou seja, plantas que não possuem muitas opções de herbicidas para seu controle. “Usar cultivares convencionais, que não têm resistência ao RR, tem sido incentivado por empresas que preferem soja sem organismos geneticamente modificados. “Além de ter produtividade similar, tem bonificação de alcançar preços melhores em mercados como o europeu”, destaca.

Os produtores que semeiam soja na macrorregião sojícola 2 também têm outra nova opção de soja com altos rendimentos e precocidade (grupo de maturidade 6.1), a BRS 1061IPRO. Este lançamento permite o plantio antecipado da soja, o que possibilita a semeadura de segunda safra. A cultivar possui alto potencial produtivo especialmente em regiões mais altas e férteis. A BRS 1061IPRO possui ainda resistência às principais doenças, sendo moderadamente resistente à infestão de nematoides de galha (M. javanica e M. incógnita).

Mandioca

A Embrapa também lançou no Show Rural a BRS 420, cultivar precoce de mandioca para a indústria, adaptada ao plantio direto e à mecanização. Além da adaptação ao plantio direto (sistema que confere estabilidade produtiva e conservação ambiental), o comportamento produtivo da BRS 420 foi superior ao das cultivares locais, seja em colheitas precoces (10 a 12 meses após o plantio) ou tardias (até 24 meses após), o que assegura flexibilidade de colheita e amplia a janela de comercialização. Outra característica é a rápida cobertura do solo, que ajuda no manejo das ervas daninhas. Testes realizados em fecularias revelaram elevada aptidão da cultivar para uso industrial, uma vez que suas raízes apresentam fácil descascamento e amido de alta qualidade para a alimentação. Outra característica importante da BRS 420 é a facilidade de arranque, em função da disposição horizontal de suas raízes. “Essa mandioca é voltada mais para a indústria. Possui fécula mais branca e dá alto rendimento na indústria. A variedade possui ciclo precoce. Em nove meses está pronta para a colheita. Os testes foram desenvolvidos em Paranavaí (Noroeste), como foco naquela região e também na região Oeste e com adaptação em São Paulo”, destaca.

Eucalipto

Durante o Show Rural, a Embrapa lançou também o “Mapa de aptidão de terras para o cultivo do eucalipto nos municípios formadores da Bacia do Paraná 3 e do município de Palotina”, um dos resultados do Projeto Bioeste Florestas, parceria entre a Embrapa Florestas, Itaipu Binacional e CIBiogás, com apoio da C.Vale e Emater/PR. O mapa é uma ferramenta para a tomada de decisão em ações de planejamento regional relacionadas à cadeia produtiva de biomassa florestal para geração de energia e pode ser utilizado por analistas do planejamento regional, extensionistas, técnicos de cooperativas e produtores rurais. O mapa mostra, de forma espacial, os diversos fatores de limitação de produção, considerando o nível tecnológico (insumos) de produção de biomassa de madeira na região e a oferta ambiental a partir de atributos de clima e solos. Os interessados em eucalipto terão informações e materiais sobre o plantio de eucalipto e seu sistema de produção. “É a primeira vez que se traça um mapa de cultivo de eucalipto, que aponta quais os solos com melhor aptidão para a região oeste do Paraná, já que nessa região têm muitos aviários e há necessidade de secadores de grãos. Para isso é preciso material para aquecimento, em que o eucalipto é utilizado.