Entidades e instituições financeiras ligadas à agropecuária promovem a segunda edição da Semana das Energias Renováveis do Paraná, uma série de ações para sensibilizar os produtores rurais a adotarem a geração própria de energia em suas propriedades.

As atividades serão realizadas entre 26 e 30 de junho, período que antecede o início do Plano Safra, quando entram os novos recursos do sistema financeiro brasileiro para o crédito rural.

Palestras e reuniões técnicas, dias de campo e exposições por agentes financeiros fazem parte da programação realizada simultaneamente em todo o Estado. Para saber sobre as atividades, o produtor rural deve contatar a unidade do IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural) mais próxima.

Ao todo, 144 placas fotovoltaicas foram instaladas na propriedade do produtor rural Ildo Rottoli
Ao todo, 144 placas fotovoltaicas foram instaladas na propriedade do produtor rural Ildo Rottoli | Foto: IDR - Divulgação

Os principais organizadores da Semana das Energias Renováveis são IDR, Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná, Fetraf (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado do Paraná), Sistema Ocepar, Banco do Brasil, Sicoob, Sicredi, Cresol e BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul).

Ainda há muito o que avançar quando o tema é energia renovável no campo paranaense. Hoje, entre as 305 mil propriedades rurais no Estado, somente cerca de 30 mil (menos de 10%) têm geração própria de energia.

PROGRAMA

Para reverter esse quadro, o governo do Paraná lançou um programa, em agosto de 2021, para subsidiar taxas de juros de financiamento junto aos agricultores que desejam instalar fontes de energia renovável em suas propriedades – o RenovaPR (Paraná Energia Rural Renovável).

O produtor rural Ildo Alexandre Rottoli teve um financiamento liberado pelo programa, há quase dois anos, para adquirir 144 placas fotovoltaicas instaladas sobre o aviário que mantém na sua propriedade, em São João do Oeste, distrito de Cascavel.

Em janeiro do ano passado, a propriedade começou a gerar energia própria por fonte solar – uma economia de aproximadamente R$ 2,9 mil ao mês com a conta de energia elétrica, que virou coisa do passado. O produtor cria frangos para corte.

Rottoli paga atualmente um pouco menos pela parcela do financiamento, em comparação à conta de energia antiga. O plano escolhido para financiar as placas fotovoltaicas foi estruturado para 8 anos.

“Optei pela energia solar para reduzir o gasto que tinha anteriormente com a conta de luz. Exaustor, comedouros, fornos, nebulizadores, placas evaporativas, lâmpadas, tudo isso consumia muita energia elétrica”, enumera.

Até o momento, o programa RenovaPR já subvencionou taxas de juros a 5.850 produtores rurais paranaenses que instalaram energia renovável em suas propriedades. A partir de janeiro deste ano, o governo do Estado passou a cobrir 3% das taxas de juros dos contratos.

“Para o agricultor familiar que toma Pronaf a 5%, um médio produtor com 7,25% ou 8,25% de taxa, ou um grande produtor que toma crédito a 10,5%, o Estado subvenciona 3%”, exemplifica o engenheiro agrônomo Herlon de Almeida, coordenador do programa RenovaPR.

BAIXANDO CUSTOS

O coordenador explica que todos com demanda de energia são beneficiados, seja residencial ou para um processo criatório, principalmente avicultura, piscicultura, suinocultura e produção de leite, além das agroindústrias.

“Hoje o custo de energia elétrica na avicultura aparece em segundo lugar, fica atrás apenas da alimentação. Antes ela aparecia em 4º ou 5º lugar, mas foi encarecendo. É importante que os produtores avaliem que podem reduzir o custo para serem mais competitivos”, pontua.

MERCADO

Pelo programa, o produtor rural tem à disposição 610 empresas de energia solar cadastradas e 19 empresas aptas em biogás.

“Se houver qualquer problema ao produtor, a empresa é responsável por solucionar o problema. Quando não dá solução, cancelamos o cadastro da empresa, o que dá segurança aos produtores rurais”, destaca.

A porta de entrada é o escritório do IDR, onde o produtor manifesta o interesse em gerar energia própria, leva a sua fatura de energia e com os dados é possível estimar quanto de energia ele precisa gerar para suprir a demanda.

O produtor escolhe a empresa habilitada e o banco para financiamento, tendo o subsídio de 3% na taxa de juros pelo governo estadual.

Desde o início do programa, o valor contratado foi de R$ 1,1 bilhão em créditos, sendo que o Estado já subvencionou R$ 230 milhões até o momento.

“Geralmente os contratos de financiamento duram 72 meses (6 anos) e quando chega entre 40 e 60 meses, no limite, o produtor já recuperou o capital investido. Do ponto de vista financeiro, é extremamente viável”, conclui.