A segunda safra de feijão em território paranaense deverá registrar uma evolução no volume produzido de 34% neste ano em comparação à safra anterior.

O dado faz parte da Previsão Subjetiva de Safra divulgada pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento).

A previsão é que os produtores paranaenses colham 646,3 mil toneladas de feijão nesta segunda safra, contra 480,5 mil colhidas no mesmo ciclo anterior. Com relação à área, saltou de 294,7 mil hectares no ciclo 2022/23 para 402,9 mil hectares agora (23/24).

Carlos Hugo Godinho, agrônomo do Deral, explica que a alta na produção de feijão nesta segunda safra é reflexo principalmente do ganho de área. “Desde dezembro já se planta feijão, mas a intensificação ocorre em fevereiro. O auge da colheita ocorre normalmente em junho, mas nesse ano antecipou para maio”, pontua.

Em virtude da maior produção de feijão no Estado, o técnico do Deral explica que a maior oferta derrubou os preços para os produtores. “Os preços do feijão superaram R$ 300 na época de plantio, mas recentemente ficaram abaixo de R$ 200”, compara. Os valores são referentes à saca com 60 quilos.

DESAFIOS

Em meio a uma produção robusta de feijão nesta safra, o técnico aponta que no momento o maior desafio dos produtores é escoar o volume produzido.

“O desafio é maior especialmente para os produtores que tiveram problemas de qualidade devido ao excesso de chuvas. Os descontos causados pelos defeitos tiraram a possibilidade de rentabilidade de muitos produtores”, destaca o técnico.

Com relação a esta segunda safra, o feijão preto se destaca entre as variedades produzidas pelos agricultores no Paraná. “Esse destaque se deve porque a variedade estava com preços superiores aos do carioca, ao menos antes do início da colheita, algo que é bastante incomum”, conclui.

CLIMA

O produtor Fábio de Paula Herdt, do Sítio Conquista, em Londrina, cultiva feijão há 12 anos. Hoje, ele tem 12 hectares do grão em sua propriedade – no sítio também é feito o cultivo de milho.

No ano passado, o agricultor colheu 24 toneladas de feijão. “Neste ano espero colher a mesma quantidade, apesar da questão climática que atrapalhou. Também teve a mosca-branca que se reproduziu por causa do calor e da falta de umidade no verão”, relembra.

Fábio acrescenta que sempre está em busca de novas variedades de feijão existentes, optando atualmente mais pelo tratamento biológico.

“Com isso nos livramos dos agrotóxicos e buscamos uma produção mais sustentável, com mais desempenho. Sempre tive bons ganhos, com exceção de períodos com seca ou geada. Quando produz, o feijão é bem lucrativo”, pontua.

Entre os desafios, Fábio cita os canais de comercialização. “Hoje existe um monopólio de compradores de feijão. Os compradores aproveitam a época de safra, compram tudo, armazenam. Tem muitos atravessadores que pagam barato e vendem caro”, conclui.

VBP

O feijão 2ª safra é o 15º produto agropecuário paranaense com maior VBP (Valor Bruto da Produção), a riqueza advinda da atividade. Segundo levantamento do Deral, em 2022 o VBP da cultura atingiu quase R$ 2,5 bilhões.

O maior produtor de feijão 2ª safra em 2022 foi Clevelândia, na região sudoeste do estado, com uma produção de 39 mil toneladas em 19,5 mil hectares de terras. Esse volume resultou em uma participação de quase 7% em nível estadual para a cultura e um VBP superior a R$ 170 milhões.