A sede do IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater), em Londrina, vai ganhar um horto de plantas medicinais. O espaço, de 10 mil metros quadrados contará com estufas, canteiros para o cultivo das plantas e laboratórios para análise química e desenvolvimento de produtos, além de sistema de irrigação e salas de preparo e treinamento.

Também integra o projeto uma outra área, de 5 mil metros quadrados, destinada à conservação de plantas medicinais, aromáticas e condimentares de porte arbóreo. A pedra fundamental do Horto de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares Pesquisadora Beatriz Rugani Ribeiro de Castro foi lançada no dia 16 de agosto, no IDR, em Londrina, pelo vice-governador Darci Piana.

O investimento inicial é de R$ 5,8 milhões, provenientes do Fundo Paraná, gerido pela Seti (Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior). A esse valor somam-se R$ 700 mil, destinados por emenda parlamentar.

“O Paraná terá uma estrutura para cuidar cientificamente dos efeitos medicinais dessas plantas e o IDR-Paraná vai fazer isso com muito zelo”, disse o vice-governador.

O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Natalino Avance de Souza, destacou a importância do empreendimento e o papel do Estado nesse tipo de investimento. “Tem coisas na agricultura que, se uma instituição pública não fizer, ninguém faz”, afirmou. A previsão de inauguração é 24 meses.

PESQUISA

De acordo com Vania Moda Cirino, diretora de pesquisa e inovação do IDR-Paraná, a iniciativa vem coroar mais de 50 anos de pesquisas na área, iniciadas ainda na década de 1970. “Será um centro interdisciplinar de referência em conservação da biodiversidade e desenvolvimento tecnológico que, certamente, beneficiará agricultores, a economia regional e a saúde da população em geral”, explicou.

O horto vai operar com abordagem multifacetada e foco na preservação da biodiversidade, principalmente a local e ameaçada. “Serão implantados protocolos para a produção e distribuição de mudas certificadas a produtores interessados, garantindo as propriedades fitoquímicas das plantas”, acrescentou.

A instituição conta com um acervo de 135 espécies em cultivo permanente. Com a estruturação do horto, a expectativa é de que esse número ultrapasse 400. “Além da preservação nos herbários, a implantação de um horto é a melhor alternativa para manutenção de uma coleção rica e diversificada de plantas vivas como a do IDR-Paraná”, afirmou Cirino.

No âmbito do desenvolvimento tecnológico, o horto possibilitará otimizar técnicas de cultivo, extração e processamento de princípios bioativos. Essas pesquisas explorarão as propriedades medicinais, aromáticas e condimentares com o objetivo de averiguar a possibilidade da criação de bioinsumos e o aprimoramento de produtos. “Não se trata apenas de conservar, mas também de inovar, colaborando com startups para desenvolver novos produtos que beneficiem a agricultura e a saúde”, apontou.

Bioinsumos são produtos naturais que podem ser utilizados no manejo sustentável de pragas e doenças das lavouras. Podem substituir ou complementar agroquímicos, reduzindo os impactos ambientais e protegendo a saúde do agricultor e do consumidor.

Ainda de acordo com Cirino, a oferta de capacitação será um dos pilares de atuação do horto. Serão oferecidos programas direcionados a profissionais da agricultura, saúde, microempresários e estudantes. “A ideia é capacitar agentes envolvidos na cadeia produtiva, promovendo a sustentabilidade e o empreendedorismo na área”, aponta.

PARCERIAS

A implantação e a operacionalização do horto serão impulsionadas por parcerias com universidades, centros de pesquisa e o setor privado. “Colaboração com a UEL (Universidade Estadual de Londrina) e a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) fortalecerão a pesquisa interdisciplinar e a troca de conhecimentos. A participação de empresas privadas no projeto será essencial para dar escala aos produtos desenvolvidos”, conclui Cirino.

HOMENAGEM

O horto leva o nome da pesquisadora Beatriz Rugani Ribeiro de Castro. Recém-formada em Agronomia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, ligada à USP (Universidade de São Paulo), ela ingressou em 1985 no quadro de servidores do antigo Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), com apenas 23 anos, para trabalhar com plantas medicinais, aromáticas e condimentares, em uma linha de pesquisa à época denominada de “plantas potenciais”. Beatriz Castro faleceu precocemente, ainda no início de sua carreira, em 1993, vítima de um acidente de trânsito. (Com Agência Estadual de Notícias)