O trabalho contínuo de fiscalização realizado pela Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) rejeitou 373 máquinas agrícolas que entrariam sujas em território paranaense. A maior parte, 84%, foram colheitadeiras, sendo que 314 do total eram esse tipo de maquinário.

O balanço é referente aos últimos oito meses, desde quando o trabalho foi intensificado pelos fiscais.

O chefe do Departamento de Sanidade Vegetal da Adapar, Renato Blood, explica que o principal foco da fiscalização é impedir a entrada de novas pragas e ir além – tentar também reduzir o trânsito de pragas dentro do estado.

“Hoje o principal modo de disseminação das plantas daninhas é pelas colheitadeiras. O agricultor tem que ficar muito atento a isso, à disseminação de plantas daninhas, muitas delas resistentes a agrotóxicos”, pontua.

A planta daninha Amaranthus palmeri seria hoje a maior ameaça. Ausente no Paraná, está presente principalmente em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul.

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“A Amaranthus palmeri produz milhares de sementes em uma planta e já traz consigo resistência a diversos grupos químicos de herbicidas. A entrada dessa planta fatalmente vai competir com as culturas já implantadas e vai elevar o custo de produção. Pela dificuldade de manejo, o agricultor vai ter que mudar o manejo para tentar controlar essa planta e pode haver perdas se o controle não for eficiente”, alerta Blood.

PORTARIA

Juliano Galhardo, chefe da Divisão de Certificação, Rastreabilidade e Epidemiologia Vegetal da Adapar, ressalta que a agência já faz a fiscalização da entrada de máquinas e de implementos agrícolas para dentro do Paraná há vários anos, com base na portaria do Ministério da Agricultura – portaria SDA Mapa nº 48, de 1995.

A partir de maio deste ano, entrou em vigor a portaria estadual 129. Um dos pontos é que a legislação não exige que a limpeza da máquina seja feita por meio de lavagem sob pressão – o Mapa faz essa exigência.

Segundo a portaria estadual, o interessado no trânsito da máquina deve fazer a limpeza de acordo com o previsto no manual da máquina ou implemento. “Até porque existem máquinas mais modernas que não admitem a utilização de água para limpeza, e sim o uso de sopradores ou de ar comprimido”, explica Galhardo.

Uma outra mudança trazida pela portaria 129 é que cabe ao transportador a remoção ou a abertura de lonas, coberturas, tampas e sensores para que o servidor da Adapar possa fazer a inspeção das partes internas e externas da máquina.

QUALIFICAÇÃO

Servidores da Adapar que trabalham nos cerca de 30 Postos de Fiscalização do Trânsito Agropecuário foram capacitados, em parceria com o Senar-PR, para aprofundarem os conhecimentos sobre a inspeção de máquinas. Eles trabalham nas divisas do estado do Paraná com Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

“Com essa capacitação, os servidores passaram a fazer inspeção também das partes internas, o que não acontecia antes – era só das partes externas”, comenta. O treinamento teve início em dezembro do ano passado.

Galhardo explica que a fiscalização barra a entrada das máquinas irregulares. “A infração seria entrar no estado, transitar dentro do estado com a máquina com resíduos de vegetais ou de solo aderido vindo de outro estado. Mas atuamos de maneira preventiva para que a máquina não entre.”

EDUCATIVO

Em parceria com o Sistema Faep/Senar, a Adapar produziu um folder sobre a necessidade da limpeza das máquinas, sendo que os postos fiscais também atuam com foco educativo.

“Mesmo quando a máquina está saindo do Paraná com destino a outro estado, o servidor da Adapar já conversa com o motorista, entrega o folder e explica que, quando ele for retornar com aquele implemento, a máquina precisa estar devidamente limpa, sem solo aderido nem resíduos vegetais nas partes internas e externas.”

CRESCIMENTO

Um dos motivos para o crescimento do trânsito de máquinas agrícolas é a maior presença dos prestadores de serviços especializados na colheita de grãos.

“Aqui no Paraná, principalmente na região oeste, cresceu bastante a quantidade desses prestadores de serviços, que são pessoas que investem em maquinário moderno bastante caro, pegam essas máquinas e fazem o trabalho de colheita no Paraná e depois vão para outros estados. Termina a safra aqui e vão fazer a safra em outro estado, ou o produtor tem propriedade em outros estados com as datas de colheita distintas.”

Galhardo acrescenta que esse movimento tem crescido com o decorrer dos anos porque o preço das máquinas tem ficado bastante alto.

“Então um produtor usa a mesma máquina em propriedades que por ventura ele tiver em outros estados. E tem caso de prestador de serviço que nem tem mais propriedade rural, trabalha só na colheita”, conclui.