Fomos morar na antiga rua Antonina, hoje Eduardo Benjamin Hosken, que começava na rua Quintino Bocaiuva, onde era o antigo Colégio Londrinense, passando em frente a nossa casa, e dobrando a esquerda, onde hoje é Avenida JK, descendo ruma ao Country e indo terminar junto ao Canadá Country Clube, que ainda não existia. Não tinha sequer um palmo de asfalto, a coleta de lixo era com um carroção puxado por quatro animais.

Imagem ilustrativa da imagem DEDO DE PROSA| Londrina era uma Cidade Menina
| Foto: Arquivo Folha/Folha Arte

Em frente nossa casa, tinha o pasto dos alemães, e frequentemente, quando lá brincávamos, tínhamos que correr pulando a cerca de medo da velha “alemoa” que corria em nossa direção. Brincávamos no pátio da charmosa igrejinha Episcopal que ainda se encontra ali. Entre tantos amigos, lembro-me do Valdomiro em que chamávamos de “Pelé” que o deixava muito orgulhoso do apelido. Dos amigos “João Bom de Bola” que na realidade não jogava nada, do Nelsinho cara chata que era tratado de “bordogue” (Bulldog). Estudei no Colégio Londrinense, do Professor Enio Romanholi e seu calhambeque, do Professor Samuel Moura nos ensinando os afluentes do rio Amazonas (Juruá, Purus, Madeira, etc). Do temido diretor Professor Antônio, um alemão em que a meninada dizia que ele era bravo por ter ido a guerra na Alemanha. Vi a construção do primeiro ginásio de esportes coberto de Londrina, o lendário “Colossinho”, que lamentavelmente foi demolido. Jogávamos futebol de salão lá. Aliás, ali assisti, Chico Anísio, Jô Soares, Periquitos em Revista e acreditem, onde o Circo Orlando Orfei se apresentou. Mas jamais esquecerei quando o Rei Roberto Carlos fez uma apresentação, o trânsito estava congestionado e ele desceu do carro em frente a nossa casa e acenou para minha mãe que estava sentada na sua cadeira de balanço na varanda.

Ah, lembro com “saudades” das cintadas da minha mãe quando chegava em casa com os cabelos duro de barro depois do banho nas lamacentas águas do rio Cambezinho. Lembro dos “play-boys” que com os Simcas, Gordines faziam da rua Paranaguá e Santos, pistas de corridas. Lembro dos rasantes que o Mano Aleixo, piloto, dava com o avião Paulistinha sobre a casa da nossa vizinha que ele namorava. Como meu pai ficava bravo!

Até hoje penso como num país onde o analfabetismo é histórico, a educação uma lástima, onde faltam escolas, onde a educação é sempre deixada de lado, pergunto, como os políticos da época deixaram demolir Colégio LONDRINENSE? Ah se fosse hoje com certeza também seriam demolidos.

Sidney Girotto é Médico em Londrina