Março, mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, foi escolhido para alertar sobre os cuidados com algumas doenças que afetam o público feminino. A cor amarela serve para trazer conscientização sobre a endometriose, que atinge mais de 7 milhões de mulheres no país. No mundo, os números são ainda mais preocupantes: cerca de 176 milhões, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde). Já a cor lilás diz respeito ao combate ao câncer de colo de útero. Dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) revelam que este é o terceiro tipo de câncer mais frequente em mulheres. Para o ano de 2023 foram estimados 17.010 casos novos, representando um risco de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres.

MARÇO AMARELO

A endometriose é um distúrbio em que o tecido que normalmente reveste o útero tem um crescimento inadequado. De acordo com a médica ginecologista Hanna Flávia Borges de Carvalho, trata-se de uma doença ginecológica crônica, de caráter benigno e multifatorial. "Ela acontece quando o tecido da camada interna do útero se encontra fora dele, ou seja, em diversos outros órgãos", explica. A doença, se não tratada, pode causar infertilidade. "Nesse mês, buscamos então alertar sobre os principais sintomas da doença que variam desde cólicas menstruais fortes, muitas vezes incapacitantes, que afetam as atividades diárias, até dor na relação sexual, dor pélvica crônica, alterações intestinais como sangue nas fezes, constipação, dor anal, alterações urinárias como dor e sangue ao urinar", adverte a médica, que lembra que estes sinais são comuns dentro e fora do período menstrual. Por isso, cólicas intensas não podem ser normalizadas, devendo procurar atendimento médico para identificar as causas.

QUALIDADE DE VIDA

Ana Feltran, de 44 anos, descobriu o diagnóstico quando percebeu a dificuldade de engravidar, aos 30. Ela conta que fez tratamento por laparoscopia e estimulação ovariana, levando 10 anos para conseguir ter a primeira filha, através da fertilização in-vitro, último recurso em casos como esse. "O mais difícil mesmo foi depois dos 35, quando comecei a ter bastante cólica, bem insuportáveis", recorda. A dor era tão forte que ela diz ter precisado recorrer a remédios como morfina na época. A assistente financeira, que tem plano de saúde, conta que sua prima, que também possui endometriose, está há anos na fila do SUS para fazer a cirurgia, indicada quando os sintomas são graves, e lamenta a qualidade de vida da mulher que sofre com a doença.

Imagem ilustrativa da imagem Março amarelo e lilás conscientizam sobre a saúde da mulher
| Foto: Gustavo Padial

O diagnóstico é feito através de exame clínico e físico, considerando os sintomas da paciente, mas pode ser complementado com exames de imagens específicos. "O diagnóstico precoce é o grande desafio das pacientes, pois a média entre o início dos sintomas até o diagnóstico varia de 7 a 10 anos", conta a ginecologista. Segunda ela, o tratamento, que varia de acordo com o estágio da doença, vai desde cuidados com o estilo de vida (alimentação, sono e gerenciamento de estresse) até bloqueios hormonais com anticoncepcionais, além da opção cirúrgica para a retirada dos focos endometriais.

MARÇO LILÁS

O câncer de colo de útero é causado por infecção persistente de alguns tipos do Papilomavírus Humano (HPV). Apesar de não causar a doença na maioria da vezes, requer atenção e pode ser prevenida principalmente através da vacina, que busca imunizar tanto o sexo feminino quanto o sexo masculino. Outra forma de prevenção é o uso de preservativos durante a relação sexual.

importância da prevenção

Hanna retoma os dados do INCA para reforçar a importância de se prevenir a fim de reverter as estatísticas. "É importante a realização do exame de preventivo ou Papanicolau, que tem o objetivo de detectar precocemente as lesões que precedem o câncer de colo e indicar o melhor tratamento antes do seu desenvolvimento", recomenda. Ela assegura que apesar de muitas mulheres considerarem o exame desconfortável, é necessário, simples e rápido, devendo ser realizado uma vez por ano por todas mulheres sexualmente ativas, a partir dos 25 anos, segundo recomendação do Ministério da Saúde.

A doença pode ser assintomática nas fases iniciais e tem progressão lenta. Portanto, é necessário manter o acompanhamento médico para evitar o diagnóstico tardio, quando a doença ganha gravidade e apresenta sintomas como sangramento vaginal intermitente e durante as relações sexuais, secreção vaginal, dor abdominal e incômodos urinárias e intestinais.

* Com supervisão de Patrícia Alves