Espírito esportivo é uma postura que vai além dos jogos, uma vez que ética e persistência são bem-vindas em todas as áreas do convívio social e profissional. No período dos Jogos Olímpicos realizados em Paris - 26 de julho a 11 de agosto - alunos da rede municipal de ensino de Cambé e Londrina tiveram a chance de acompanhar as diversas modalidades participantes e renovaram mais do que a admiração pelos atletas e os esportes.

Em tempo real ou pelas informações compartilhadas pela família, jornais, professores e amigos, as competições passaram a integrar parte da rotina dos estudantes, assim como nutrir seus sonhos. Na perspectiva de torcedores, o espírito esportivo contagiou as turmas e, por meio de pesquisas, puderam também compreender mais sobre a história das Olimpíadas, seus símbolos, significados e curiosidades.

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Pedagoga reforça a importância de brincar

De acordo com o assessor pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Cambé - SMEC - e coordenador da disciplina de Educação Física na rede Municipal de Ensino, Luciano Moraes Cardoso, dois documentos norteiam os trabalhos desenvolvidos pelos professores da rede municipal de Cambé: "O Currículo Municipal para o Ensino Fundamental de Cambé e o Currículo Municipal para a Educação Infantil de Cambé.

Profissional de Educação Física, Cardoso atua também na direção do Colégio Olavo Bilac em Cambé, no período noturno e afirma que, na prática, os docentes transmitem os conteúdos referentes às práticas esportivas. "O trabalho docente dos profissionais de Educação Física da nossa rede de ensino não se vincula a datas comemorativas ou momentos e acontecimentos esportivos que aconteçam ao redor do mundo.

No entanto, as Olimpíadas representam uma grande oportunidade para que as crianças possam acompanhar, assistir, visualizar, torcer e conhecer na prática, tudo aquilo que o professor tem ensinado em sala de aula", explica. Cardoso destaca também que o período foi proveitoso do ponto de vista educativo. "Temos excelentes exemplos de como o professor de Educação Física aproveitou esses momentos para fazer a interação entre seus conteúdos curriculares e o que estava acontecendo nos jogos olímpicos", alegra-se.

Escolas municipais de Cambé aproveitaram as Olimpíadas para estimular os alunos a fazer mais esportes
Escolas municipais de Cambé aproveitaram as Olimpíadas para estimular os alunos a fazer mais esportes | Foto: Roberson Rodrigues Lupion/ Divulgação

ESTRATÉGIAS

O profissional de Educação Física Breno Tesser atua como docente na rede municipal de Ensino de Londrina e reconhece que possui um papel relevante na apresentação de esportes a seus alunos.

Na Escola Municipal Arthur Thomas, é responsável pelas aulas de Educação Física para as turmas de 3º e 5º ano do Ensino Fundamental. "Procuro adaptar as práticas de forma envolvente para que os alunos se sintam interessados", observa. Com criatividade e os materiais que possui a sua disposição, Tesser segue comprometido em manter a disciplina em grupo, sem perder de vista a descontração necessária.

"Lanço mão de estratégias para manter o equilíbrio das aulas. Sou firme, mas também brincalhão e administro essa postura com bastante cuidado para para manter a afinidade dos alunos diante das práticas".

Tesser salienta que é necessário sensibilidade ao lidar com as diferentes turmas. "Em uma proposta de ginástica no solo, os alunos podem trabalhar força, equilíbrio e coordenação. Trata-se de uma adaptação dentro das condições que possuo e também levo em consideração a capacidade de cada grupo.

E dá um exemplo: "Para os alunos do 3º ano, a complexidade dos movimentos será menor, para os do 5º ano, maior".Entre os desafios da rotina de um professor, Tesser enfrenta a dispersão dos estudantes com regras que valem ouro. "Gostam muito da aula de Educação Física e, na hora que vou dar a explicação, devem estar atentos em mim e os que não o fazem não tem como participar da atividade. É claro que não querem ficar sentados, então ouvem, obedecem e participam.

AMIGAS DO VÔLEI

Aluna do 5º ano do Ensino Fundamental, Lorena Ferraz, 10 anos, tem muita alegria em seus estudos e as aulas de Educação Física são muito satisfatórias.

Além de desfrutar das oportunidades ofertadas pela unidade escolar, que possui quadra coberta, segue na ativa também sempre que possível. "Perto de minha casa, tem uma quadra e, nos fins de semana, reunimos as amigas e jogamos vôlei", conta.

Fazer o saque, ver a bola chegar com força do outro lado da rede é um momento feliz para a jovem. Assim como os passes de bola no futebol, um outro esporte que admira, pratica e desenvolve-se bem. "Se tivesse que escolher um esporte para dedicar-me mais, seria o vôlei, sorri. Ver a bandeira do Brasil em destaque em um evento esportivo tão reverenciado como os Jogos Olímpicos é um sentimento que faz bem para Lorena.

TREINO, ALIMENTAÇÃO E DESCANSO

Atleta de jiu-jitsu, Davi Ferreira da Silva, 11 anos, está no 5º do Ensino Fundamental. O esporte foi apresentado a ele por seus pais Diego e Fernanda, também praticantes e o faixa amarela já sabe que para ir adiante, respeitar as regras é essencial: "Treino, alimentação e descanso", resume.

Além da rotina dedicada aos estudos, o atleta sabe que seu desempenho depende de disciplina e por isso já entendeu que tem hora para tudo na vida. Mas há lugar para a leveza também. Ao falar das viagens já realizadas para as competições, Davi sorri - com os lábios e com os olhos.

Recorda-se dos feitos e também do quanto aprende observando outros atletas. "As competições fora são ricas nesse sentido também", conta.

Dedicado, pratica jiu-jitsu na escola Magoo Jiu-Jitsu que tem como responsável uma de suas grande referências no esporte, o professor Vinicius Cavenari, o Maggo - reconhecido internacionalmente.

Durante as Olimpíadas, o estudante da rede municipal de Londrina torceu muito para os atletas brasileiros. "Principalmente para o judô", conta. "E torço também para que um dia o jiu-jitsu esteja nas Olimpíadas".

Atleta de jiu-jitsu, Davi Ferreira da Silva, da Escola Municipal  Arthur Thomas, de Londrina, leva a sério a disciplina
Atleta de jiu-jitsu, Davi Ferreira da Silva, da Escola Municipal Arthur Thomas, de Londrina, leva a sério a disciplina | Foto: Divulgação

EDUCAÇÃO FÍSICA NÃO É SÓ BRINCADEIRA

Assim como os demais componentes curriculares, a Educação Física é uma área de conhecimento com seus conteúdos e conhecimentos a serem transmitidos aos alunos.

É o que confirma o assessor pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Cambé, Luciano Moraes Cardoso."Diferentemente do que muita gente imagina, a Educação Física escolar, principalmente nas séries iniciais, não é somente um momento de brincadeira em que os alunos se distraem um pouco da pesada rotina discente", observa.

Neste sentido, embora a disciplina ofereça muitas possibilidades de ser lúdica e prazerosa, há outros aspectos a serem considerados. "A Educação Física abrange um aspecto importantíssimo para o desenvolvimento corporal, cognitivo e social dos nossos alunos", afirma Cardoso.

"A Educação Física, na escola, consegue com muita facilidade cativar os alunos com suas práticas envolventes e que resultam na formação de um cidadão conhecedor do que é correto e com hábitos saudáveis", complementa o educador.