A formação de um atleta pode ser iniciada a partir de um pequeno espaço que receba um olhar cheio de possibilidades e, para que isso seja efetivamente levado a ação, é necessário que a população entenda e assuma a responsabilidade com essa prática, importante para o lazer da comunidade, unindo todos os benefícios da atividade física.

Londrina faz parte dessas cidades que possuem uma estrutura convidativa para receber e investir em esportes ao ar livre, também em clubes e ginásios espalhados pela cidade e, uma das encarregadas em fazer com que esses ambientes encontrem interessados pelo esporte, pela educação e por organizar a comunidade em torno de uma prática esportiva é a FEL, Fundação de Esportes de Londrina, que possibilita a realização do sonho de futuro atletas locais, estimulando à prática e a participação da comunidade em competições federadas.

Além de oferecer diferentes modalidades de esportes, há também a organização de campeonatos, para os quais a Fundação se encarrega da administração de espaços públicos esportivos e realiza parcerias com entidades. Também as mantém com iniciativas de direito ao esporte, lazer e saúde à sociedade londrinense, oferecendo opções de esportes comunitários.

Dentro da FEL, são divididos por faixa etária as modalidades contempladas pela Fundação, a participação inicia a partir dos 12 anos. Os programas do segmento “Adulto” possuem 27 modalidades distintas de esportes, “Juventude” entra com 25 modalidades, “Master” com 9 modalidades e o de “Pessoas com Deficiência" que possuem 16 modalidades. Todas oferecidas através de editais que necessitam da apresentação do projeto elaborado para concorrer nas áreas disponibilizadas.

À frente da presidência da FEL, desde 2021, e também técnico da Seleção Brasileira de Karatê, Marcelo Oguido, 52, ressalta a importância da Fundação na criação de novos atletas na cidade, independe da modalidade esportiva, os moradores de Londrina que possuem o interesse pela prática ou o desejo de seguir como um profissional do esporte, encontram nos projetos essa possibilidade: “Vários atletas que saíram de nossos projetos estão representando Londrina em competições nacionais e internacionais. São convocados para seleção Brasileira de várias modalidades, saíram e tiveram o incentivo daqui”. E, isso se dá também pelo FEIPE, Fundo Especial de Incentivo a Projetos Esportivos, que possui o objetivo de incentivar a prática de esportes com recursos. Através dele, entidades interessadas ficam responsáveis por representar Londrina em competições estaduais e nacionais, dessa forma, milhares de jovens atletas, paratletas, técnicos e comissão técnica são beneficiados pelo FEIPE.

“No karatê mesmo temos o Vinicius Figueira, único atleta do país classificado para as últimas olimpíadas em Tokyo, Japão, também o Gabriel Nascimento teve o apoio da FEL e, hoje, ele é atleta da seleção Brasileira”, comenta Marcelo. A cidade ainda enfrenta baixos investimentos para o número de jovens que sonham em representar Londrina, toda a rotina de treinamento e preparos necessários, requerem recursos financeiros de apoiadores, além da disciplina e força de vontade: "O maior desafio é o orçamento, precisamos melhorar os incentivos ao esporte. Poder ver a transformação dos alunos em atletas de alto rendimento, traz o sentimento de que fazemos parte de algo maior, é um combustível para melhorar a cada dia”.

À frente da presidência da FEL e também técnico da Seleção Brasileira de Karatê, Marcelo Oguido ressalta a importância da Fundação na criação de novos atletas na cidade
À frente da presidência da FEL e também técnico da Seleção Brasileira de Karatê, Marcelo Oguido ressalta a importância da Fundação na criação de novos atletas na cidade | Foto: Divulgação

CATEGORIAS DE BASE

Fundado em 1993 como Grêmio Londrinense, o Londrina Futsal Feminino é assim conhecido desde 2002, quando iniciou sua parceria com a FEL, Vanda Cristina Sanches, 59, é coordenadora da equipe que já possui projetos aprovados pelo FEIPE: “A nossa equipe é de rendimento já, temos também categorias de base, visando estar na equipe principal. Várias atletas que passaram pela equipe são destaques como profissionais em suas carreiras”, ressalta a coordenadora, que também aborda a necessidade de que o atleta tenha uma base fundamentada no incentivo à atividade física pela família e comunidade.

Treinadora da equipe adulto de futsal feminino, desde 2010, Jayne Maria Morim, 55, nota toda evolução do esporte em Londrina, devido ao crescimento da equipe e a maior procura investidores: “Ao longo dos 30 anos realizados na cidade, a equipe possui respeito nacional, por ser pioneira no futsal e suas grandes conquistas, sempre com seus atletas participando da seleção brasileira, é um projeto muito consolidado”, diz a técnica que hoje encontra um diferente cenário de quando iniciou o seu trabalho primeiramente na base de formação, em 2021, em um ambiente bem menos representativo por mulheres na comissão técnica, atualmente o objetivo é manter o bom trabalho da equipe.

O time também busca por esse trabalho social em seus projetos, várias atletas que passaram pela equipe hoje são destaques de carreiras nacionais ou no exterior atuando: “A goleira Bianca que começou aqui, hoje está na seleção Brasileira e foi campeã italiana pelo Bitonto C5, também temos a Bruna que é nossa atleta há 5 anos e foi convocada recentemente pela Seleção Brasileira adulta, campeã do torneio internacional, a Dany e Fernandinha atletas Sub-20, campeãs Sul Americanas e sub-20 pela seleção brasileira entre outros destaques que passaram pela equipe nesses 30 anos”, exemplifica Vanda.

ATLETISMO INSPIRA ESTUDANTES

A atleta londrinense Julia Aparecida Rocha Ribeiro, 18 anos, está oficialmente convocada pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) para defender o Brasil no Campeonato Pan-Americano de atletismo sub-20, que será realizado de 4 a 6 de agosto, na cidade de Mayaguez, em Porto Rico.

A londrinense Julia Aparecida Rocha Ribeiro, 18 anos,foi convocada pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt)
A londrinense Julia Aparecida Rocha Ribeiro, 18 anos,foi convocada pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) | Foto: Mónica RF/ Divulgação

Essa é a terceira convocação para seleção brasileira da londrinense Julia em 2023. "Ela já foi ao Sul-Americano Sub-20 e também estará no Sul-Americano adulto, entre os dias 28 e 30 deste mês, em São Paulo. Julia é a atual campeã brasileira sub-20 e líder do ranking nacional dos 400 metros em sua categoria", explica o seu técnico, Gilberto Miranda.

A atleta que concluiu os estudos do Ensino Médio conta que pretende cursar Educação Física e as escolas pelas quais passou tiveram um papel importante em sua escolha. "Fiz o Ensino Fundamental na Escola Municipal Maestro Roberto Pereira Panico e segui para a Professor Paulo Freire". A tia e a mãe da atleta foram jogadoras de basquete e ela recorda que a atividade física sempre a motivou.

Convidada a contar um pouco de sua trajetória em escolas, Ribeiro conta que a experiência é positiva. "A ideia é promover o esporte. Eu levo as minhas medalhas e as crianças demonstram interesse. Dá para ver que ficam animadas e perguntam como são as viagens", divide.

Muito prestigiado no Colégio Estadual Vicente Rijo, o campeão Sul-Americano dos 400 metros com barreira, Ruan dos Santos, 17 anos, cursa o 3º ano do Ensino Médio. Ele também sonha em cursar Educação Física e suas referências do esporte surgiram dentro da escola.

Juan dos Santos, do Colégio Estadual Vicente Rijo, é campeão sul-americano dos 400 metros com barreira
Juan dos Santos, do Colégio Estadual Vicente Rijo, é campeão sul-americano dos 400 metros com barreira | Foto: Wagner Carmo/CBat/ Divulgação

A Escola Municipal Noêmia Alaver Garcia Malanga é a primeira delas, seguida do Colegio Estadual Professora Roseli Piotto Roehrig. "Fui descoberto pelo professor Luiz Edgard em um dos projetos dos quais participei. O desenvolvimento no atletismo é fruto de dedicação. Preciso agradecer quem me apoia: "o Gerônimo Consórcios e o Buffet Brandão".

Santos sai de casa todas diariamente às 5h30 da manhã, almoça a sua marmita no colégio e segue para o treino na pista de atletismo da UEL - Universidade Estadual de Londrina, onde permanece de duas a três horas. E complementa o treino de fortalecimento em uma academia parceira.

"Eu comecei nos 400 metros raso e observo que o revezamento - que hoje também integro - como uma prova coletiva onde um depende do outro. Exige muita estratégia e cálculo, pois são quatro homens e quatro mulheres, sendo que cada atleta tem suas habilidades. Eu sou a sexta perna e os últimos do revezamento tem também a responsabilidade de recuperar algum prejuízo de percurso", narra.