O público que enfrentou o frio de 12° C na noite de sábado (15) presenciou uma grande apresentação do Quinteto de Cordas do Prima, no Cine Teatro Ouro Verde, que trouxe para o palco do 43° FIML (Festival Internacional de Música de Londrina) um repertório recheado de importantes nomes da música nordestina - como Luiz Gonzaga, Clóvis Pereira e Sivuca.

Na plateia do concerto “Nordeste em Cena” estava o escritor Eduardo Baccarin-Neto, que ressaltou que a apresentação foi uma das que mais chamou a sua atenção durante o festival. “Eu queria muito ouvir essa combinação da música nordestina com instrumentos clássicos. Foi realmente muito bonito”, disse.

O quinteto é formado pelos jovens Arthur Fernandes, Filipe Vieira, Pedro Fernandes e Heleno Pereira, com a liderança do professor Tâmisson Azevedo. O grupo é natural da cidade de Catolé do Rocha, localizada no alto sertão da Paraíba.

O concerto foi o primeiro desta edição do FIML que a antropóloga Patrícia Carola Facina acompanhou. Para ela, foi interessante observar o andamento dos instrumentos de cordas.

“É bem interessante como parece que estão cantando, mesmo não tendo a presença da voz. Bem legal como eles colocam isso da música nordestina, que nós sempre ouvimos com outros instrumentos, de uma forma com todo mundo dançando e tal, e como isso foi representado na ‘dança’ das cordas”, destacou.

LEIA TAMBÉM:

= Calçadão é palco do Festival Internacional de Música de Londrina

Outro presente no Ouro Verde foi o auxiliar administrativo Tarcísio de Oliveira. Ele afirma que gostou da mistura do repertório, que trouxe peças eruditas - como “Eine kleine Nachtmusik”, de Mozart - e composições brasileiras.

“Os arranjos que eles fazem ficam bem interessantes. É muito legal ver uma música que a gente já conhece com um novo formato, uma outra roupagem”, ressaltando que é importante ter acesso à música clássica, também.

PARTICIPAÇÃO

A apresentação dos jovens músicos empolgou o público do Ouro Verde, sobretudo as canções “Lamento Sertanejo”, de Dominguinhos e Gilberto Gil, e “No Reino da Pedra Verde”, de Clóvis Pereira - com direito a bis no fim do concerto. Na plateia, foi possível ouvir algumas pessoas cantando, baixinho, a letra das canções.

À FOLHA, o professor Tâmisson Azevedo já havia ressaltado que o repertório buscava divulgar a música nordestina e representar os compositores, músicos e intérpretes que ajudaram a construir essa identidade musical.

É a síntese das propostas do festival neste ano - a inclusão social e a formação integral do músico. “Toda essa diversidade [musical] é o foco do FIML e por isso temos esse destaque como um festival que realmente busca não só a retórica, mas a ação da inclusão e de extrapolar essas hierarquias estéticas”, disse a presidente da AAFIML (Associação de Amigos do Festival Internacional de Música de Londrina), Magali Kleber.

ENCERRAMENTO

A última apresentação musical do festival foi o Encontro Brasileiro de Orquestras Sociais, também no Ouro Verde. O concerto reuniu mais de 80 músicos de vários estados e projetos sociais, com um repertório que, novamente, aliou compositores eruditos, como Beethoven, e grandes nomes da música brasileira, como Pixinguinha e Duda do Recife.

Além disso, o público também pode conferir a Feira OKUPA, que ocorreu no Calçadão Central de Londrina. Foram reunidos expositores de vários segmentos, além de artistas para apresentações culturais. O intuito da feira é ser um evento itinerante, passando por diversos bairros e contemplando diferentes públicos da cidade.

CULTURA

Presente no concerto “Nordeste em Cena”, a professora Carla Jeane Couto ressaltou que ações culturais como o FIML são bem-vindas e que projetos que envolvem crianças e adolescentes, como é o caso da apresentação de sábado, precisam ser apoiados.

“A cultura precisa ser valorizada e tem que ser bem-vinda em qualquer um dos espaços, porque a cultura e a educação andam juntas”, pontuando que “um país sem cultura e sem educação, é um país morto”.

“Como esse pessoal trabalha com crianças, já visamos um futuro em que vamos ter esse mesmo nível de conhecimento e de disseminação do que é o nosso país, a arte em si”, completa.