Quando se fala em poesia contemporânea brasileira, o nome de Fabrício Corsaletti é destaque. Em 2023, sua obra onírica "Engenheiro Fantasma" não apenas conquistou leitores, mas também o prestigiado Prêmio Jabuti, na categoria Livro do Ano. Agora, o escritor paulista traz seu olhar sensível para Londrina e integra a programação da 43ª Semana Literária, no Sesc Londrina Cadeião.

No bate-papo “Poesia em toda parte” deste domingo (11), às 15h30, dividirá seus pensamentos e processos criativos com o público e o escritor brasiliense Guilherme Gontijo Flores, mediados pelo poeta mineiro Ricardo Pedrosa Alves. O evento é gratuito e aberto ao público.

Para a FOLHA, Corsaletti compartilha que está ansioso para conhecer novos leitores em Londrina e ampliar seu público durante sua participação na Semana Literária. Além da possibilidade de discutir poesia, ele também vê nestes encontros literários uma excelente chance de conhecer e aprender novas perspectivas com outros escritores, como Guilherme Gontijo Flores e Ricardo Pedrosa Alves, com quem ainda não teve a chance de conversar pessoalmente.

Formado em Letras pela USP (Universidade de São Paulo), Corsaletti é reconhecido pela escrita que passeia por diferentes gêneros literários, como poesias, crônicas, novelas e contos. Desde sua estreia em 2001, construiu uma trajetória marcada pela sensibilidade e pela capacidade de transformar o cotidiano em versos que carregam a riqueza do seu imaginário.

Hoje, aos 46 anos, conta com mais de 20 livros publicados, entre eles "King Kong e Cervejas" (2008), "Golpe de Ar (2009), "Esquimó" (2010, vencedor do Prêmio Bravo! de literatura) e "Perambule" (2018), além de "Engenheiro Fantasma" (2019), com o qual alcançou um prêmio importante, mas também gerou controvérsias nas redes sociais, onde foi alvo de críticas após o Jabuti.

Em entrevista, ele ainda reflete com surpresa e alegria sobre a vitória de seu livro, enxergando no prêmio uma oportunidade para alcançar mais pessoas e perpetuar sua contribuição para a poesia nacional.

“Foi uma surpresa para mim, e a grande surpresa, na verdade, foi ganhar o Livro do Ano, isso realmente nem passou pela minha cabeça que pudesse acontecer. Foi muito inesperado e legal. Eu recebi como um reconhecimento não só por esse livro, mas por todo o meu trabalho, já que estou há mais de 20 anos publicando”, declara.

“A importância de um prêmio é jogar luz sobre o livro, colocar em destaque, ajudar a vender o livro, divulgar o trabalho do escritor premiado, ou seja, ganhar mais leitores. Isso é o maior prêmio que um escritor pode ter: ser lido”, completa.

BUENOS AIRES E BOB DYLAN

"Engenheiro Fantasma" é fruto de duas grandes paixões que o acompanharam por anos: Buenos Aires, cidade onde viveu e à qual retorna frequentemente, e Bob Dylan, cantor e compositor de folk que ele estuda e admira há mais de duas décadas.

A ideia para o livro surgiu durante a pandemia, em um sonho no qual Dylan estava autoexilado em Buenos Aires e escreveu um volume de 200 sonetos, intitulado "Two Hundred Sonnets". Inspirado por esse sonho, Corsaletti decidiu criar 56 sonetos, que, na narrativa, fariam parte dessa suposta obra de Dylan.

“Escrevi o livro ao longo de nove dias e com muita concentração e prazer. Foi um trabalho muito, muito prazeroso. E tem a forma do soneto, que era algo que eu nunca tinha feito”, revela o autor, que foi inspirado por essa nova abordagem enquanto trabalhava na tradução de uma obra do escritor peruano César Vallejo na época.

INSPIRAÇÕES E PROJETOS

Guiado por autores como Adélia Prado, Carlos Drummond de Andrade e Manoel Bandeira, Fabrício Corsaletti começou a escrever aos 15 anos. "Comecei a gostar de poesia sem saber que era poesia", relembra, ao falar sobre suas primeiras influências literárias.

Crescido em um ambiente musical, ao som de Chico Buarque, Caetano Veloso e outros ícones da MPB, ele encontrou na poesia uma extensão natural de sua paixão pelas palavras. Viu em Vinicius de Moraes, um letrista que também era poeta, o impulso necessário para explorar a literatura e ingressar no curso de Letras.

“Eu queria continuar perto da poesia, fazer nada que me tirasse desse caminho”, diz.

Publicou o seu primeiro livro “Movediço", no último ano da faculdade, de forma independente. Desde então, mergulhou na carreira literária e segue expandindo-se com novos projetos.

Ainda neste ano, ele pretende lançar um livro infantil pela Editora 34. Já em 2025, logo no primeiro semestre, publicará o volume "Um Milhão de Ruas", uma reunião em 500 páginas de todas as suas crônicas, incluindo textos inéditos.

A Semana Literária do Sesc PR termina neste domingo, depois de trazer ao público nomes importantes da literatura brasileira contemporânea, muitos deles premiados.

Guilherme Gontijo Flores: escritor brasiliense também participa do bate-papo "Poesia em toda parte"
Guilherme Gontijo Flores: escritor brasiliense também participa do bate-papo "Poesia em toda parte" | Foto: Divulgação

SERVIÇO

43ª Semana Literária com Fabrício Corsaletti e Guilherme Gontijo Flores

Quando: neste domingo (11), às 15h30

Onde: Sesc Londrina Cadeião (R. Sergipe, 52 - Centro)

Quanto: gratuito e aberto ao público